A volta do golfe aos Jogos Olímpicos justamente no Rio de
Janeiro pode representar uma tacada certeira na popularização de um
esporte
tachado de elitista no país desde que surgiu no final do século
retrasado. Atualmente cerca de 25 mil praticantes, sendo 10 mil
profissionais, se espalham em 130 campos. Desde
2009, quando o retorno foi anunciado após ausência de 104 anos, a
Confederação Brasileira
de Golfe passou a receber verba da Lei Agnelo/Piva, repassada pelo
Comitê
Olímpico do Brasil. Se naquele ano houve apenas um torneio profissional
em território nacional com premiação de R$ 40 mil, em 2014 cerca de 20
competições distribuíram R$ 3 milhões em prêmios. Dois dos profissionais
que disputam a
única vaga masculina no país em 2016, Alexandre Rocha e Daniel Stapff,
atestem o início das mudanças e vislumbram um futuro promissor para a
modalidade, desde que bem gerida.
Uma das principais atrações do torneio, que tem entrada franca e aulas de golfe, Rocha acredita no
aumento do número de praticantes depois dos Jogos. Para ele, a vinda ao Rio de
grandes astros como Tiger Woods e a transmissão do torneio pela televisão despertaria
o interesse do público. Por enquanto, o apoio do governo através de bolsas é um bom
começo. Em primeiro lugar, no entanto, Rocha aponta para o campo de golfe
olímpico, que está sendo construído na Barra da Tijuca, e terá acesso público
depois de 2016. Além de praticantes locais e torneios profissionais, a instalação, que enfrenta questões ambientais na justiça, poderá atrair jogadores amadores estrangeiros que viajam pelo mundo atrás dos
melhores greens.
- O interesse começa com o
campo. Tudo indica que uma vez
pronto e que o evento aconteça, em pouco tempo ele estará entre os 100
melhores
do mundo. Um campo no Brasil que não é um país golfista entre os 100
melhores
do mundo – os outros 99 estão nos Estados Unidos – é um mérito e
desperta
interesse. Pode trazer turismo golfista do Brasil e de fora dele.
Ninguém vem
jogar golfe no Brasil. Vem para praia, para o carnaval, para assistir
futebol. O campo público é uma oportunidade para o cidadão comum, que
não seja sócio do
Gávea Golf ou do Itanhangá, comece a jogar – disse Rocha, que em 2010 e
2011 se tornou o segundo brasileiro a disputar o PGA Tour, elite do
esporte mundial, depois de Jaime Gonzalez.
O jogador ressalta que nos lugares onde o golfe é
desenvolvido, como Europa, Austrália, Canadá, África do Sul e Estados
Unidos, onde mora há 18 anos, o golfe perdeu o estigma de elitista, já
que há desde clubes mais fechados a campos públicos com preços baixos
para jogar. Já
existem campos públicos no Brasil, principalmente em São Paulo, que
cobram a partir de R$ 60. Mas nenhum teria a qualidade do olímpico,
cujo contrato para uso inicial será de dez anos, renovável por mais dez.
Líder do primeiro dia do Aberto do Brasil, Daniel Stapff acredita em que
em uma década será possível atrair uma quantidade de interessados
suficientes para manter pública uma instalação que fará parte de um
condomínio de luxo. Aos 24 anos, ele também confia na mudança da imagem
do esporte
que pratica desde os 11:
- A Olimpíada vai mudar a imagem de que só velho e gente
rica joga no Brasil. Dizem que nem esporte é. Tem muita gente jovem e muito
impacto e lesão no corpo. Tem que ter um bom preparo físico. E não é tão
caro como pensam. Aposto que esses primeiros 10 anos serão suficientes para
atrair bastante jogador. Com o campo
olímpico público vai ser mais acessível ainda para a população. Essa vai ser a
maior mudança - disse Stapff, terceiro lugar do ranking nacional.
Por morar fora do país, Rocha não recebe a Bolsa Atleta, que
em seu caso seria de R$ 3.500 por mês. Ele vê como fundamental a ajuda do governo para desenvolver talentos e
enxerga dois caminhos para o golfe no Brasil: a criação de um centro de
treinamento de alto rendimento ou o envio de atletas para grandes centros fora
do país.
- A Olimpíada pode ser aproveitada ou
desperdiçada. Depende de como for a gerência. Seria equivalente à nascença do
golfe no Brasil, finalmente. Agora, cabe ao governo e às companhias privadas
manter em andamento dali em diante – disse Rocha, número 695 do ranking mundial.
O
brasileiro melhor colocado no ranking mundial é Adílson da Silva,
número 297 do ranking.
Foto: Zeca Resendes
Fonte: Globoesporte.com
0 Comentários