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De Olho no Futuro: João Hackerott

                                                       

Uma nova seção se abre no blog. Entrevistas com os atletas que mesmo não conseguindo vaga para Londres 2012, serão boas apostas para o Rio 2016. Uma grande aposta no iatismo, uma entrevista com João Hackerott inaugura esse espaço. O jovem paulista de 22 anos deu trabalho a Bruno Fonte na Semana Brasileira de Vela e fala sobre sua história no Iatismo, dificuldades no esporte e sua preparação para 2016.


Fale um pouco da sua vida e de sua carreira no Iatismo.

Hoje eu tenho 22 anos e velejo desde os 7 anos. Meu pai foi um grande velejador e me incentivou muito quando eu era pequeno. Velejei no barco Optmist (para crianças) até os 15 anos de idade. Quando criança, comecei a me destacar nos campeonatos nacionais aos 12 anos, quando fui campeão Brasileiro infantil (crianças menores que 13 anos). Desde então venho me dedicando bastante ao iatismo, junto com os estudos. Aos 15 anos comecei a velejar de Laser Radial (categoria olímpica feminina e amadora para os homens), mas já sonhando com a categoria Standard (olímpica masculina). Em 2007 fui campeão Brasileiro de Laser Radial e comecei a velejar de Snipe (barco pan americano para duas pessoas), e de Lightning (barco panamericano para 3 pessoas). Em ambas as classes aprendi muito de regras e participei de alguns campeonatos no exterior, sendo terceiro no mundial Jr de Lightning em 2004 e 4º em 2008. Na metade de 2009 mudei para a categoria Laser Standard, onde no final do ano já era campeão Sul Brasileiro. Em 2010 comecei a me dedicar mais ao Laser e deixar de lado os outros barcos. No ano de 2011, já formado em meteorologia, tive mais tempo para treinos e viagens para campeonatos no exterior. Neste ano, obtive um grande salto na carreira de atleta, conquistando a vaga para os Jogos Sulamericanos de Praia por ter ganhado o campeonato Sudeste Brasileiro em Buzios, no mês de junho. Nos jogos, em Manta – Equador, fui medalha de ouro, o que deu mais confiança para enfrentar o então número 3 do Mundo, Bruno Fontes. Final de dezembro e janeiro de 2012 treinei muito em Ilhabela com o iatista consagrado Robert Sheidt, o que levou a esta disputa, inédita para mim, com o Bruno. Apesar de ter sido 2º na pré olímpica, estou feliz por saber que estou no caminho certo para buscar uma vaga e, quem sabe, uma medalha no Jogos de 2016.

Você faz mestrado em Meteorologia, como isso te ajuda durante as regatas?

Todo velejador competitivo, de certa forma é um meteorologista, já que a parte tática de regata nada mais é que prever como será o vento daqui a algum tempo para fazer o melhor caminho. Como meteorologista, eu tenho mais confiança nas previsões do tempo, embora esta vantagem não seja muito expressiva nas competições de Laser que duram 1 hora e o vento não muda muito neste tempo. Talvez a maior ajuda esteja na preparação anterior para o campeonato, quando eu faço um estudo climatológico da região para ter uma idéia de como será o vento no campeonato, forte ou fraco, com um mês de antecedência e então preparo o meu treino de acordo com as condições que espero encontrar. A meteorologia faz muita diferença em competições de barcos maiores como travessias oceânicas que duram mais de 12 horas. Ai sim, ser um meteorologista é ter uma carta a mais na manga.

Muitos ficaram surpresos quando deu muito trabalho ao Bruno Fontes durante a Semana Brasileira de Vela, apesar de ter muitas dificuldades em relação a patrocínios e aos equipamentos, como consegue se motivar a cada competição para dar o seu melhor?

Eu sempre sonhei em ir para as Olimpíadas, então desde pequeno me esforço muito no esporte, muitas vezes até deixando de ir a festas para treinar bastante no dia seguinte. Uma técnica minha, quando eu era pequeno me disse que para conquistar um título era preciso primeiro sonhar com a vitória e depois batalhar muito em treinos. Sonhar apenas não basta, assim como apenas batalhar também não é suficiente. Então eu nunca achei que vencer do Bruno ou qualquer outro é uma meta impossível.
A parte financeira é um assunto mais delicado. Infelizmente a vela não possui muito auxilio e a mídia também não colabora, com exceção de anos olímpicos. No começo de 2011 comecei a receber a Bolsa Atleta do governo federal, que apesar de ser uma quantia pequena, tendo em vistas os gastos que tenho para me manter em alto rendimento, dava para financiar os treinos em Ilhabela. O fato de eu ser um estudante da USP também me ajudou muito, já que desde o 3° ano de faculdade recebo bolsa de pesquisa para estudar e fazer projetos, o que dá uma ajudada no orçamento. Na USP consigo também academia, nutricionista e acompanhamento físico de alta qualidade de graça, o que é fundamental para ser atleta.

2016 é a meta, como planeja encarar esses quatro anos para tentar a vaga na Classe Laser da Olimpíada do Rio de Janeiro?

Este ano já marquei duas viagens internacionais neste primeiro semestre e pretendo começar os treinos no Rio de Janeiro já no segundo semestre. Estou também trabalhando para iniciar patrocínios via Lei de Incentivo Fiscal para começar a receber no ano que vem e então competir todas as etapas do circuito internacional até 2016. Para agilizar esta parte burocrática, este ano faço parte da diretoria do Yacht Club Santo Amaro na área náutica e da diretoria da Federação de Vela do Estado de São Paulo na área de Alto Rendimento.
 Quanto aos estudos, este ano não terei mais matérias no mestrado e pretendo entregar a dissertação, que tem a ver com previsão na Baia de Guanabara, no final do ano. Nos próximos anos, ainda não sei como farei, mas gostaria de manter algum vínculo com a USP, embora não acho que seja possível fazer um doutorado de qualidade conciliado com os planos náuticos que tracei...

5ª Deixe algumas palavras para os leitores do blog.

Não sei muito o que dizer, mas se alguém tem um sonho, batalhe por ele independente das dificuldades. Eu ainda não alcancei o meu, mas tenho certeza que não está muito longe. Nos Jogos Sulamericanos, o responsável pela delegação brasileira num dia disse uma frase que me motivou muito. Foi algo assim: “Vocês não são competidores, você são atletas, e o atleta só tem um objetivo, vencer. Caso vocês não venham a vencer, não foi por que vocês não deram tudo de si, mas por que o outro estava num dia melhor e na próxima vez vocês vão vencer”.

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