Foto: Dhavid Normando/FVImagem/CBTM |
As conquistas obtidas no ciclo paralímpico são um aspecto motivacional importante para Thiago Gomes. Aos 35 anos, ele disputará, em Paris, os Jogos Paralímpicos pela primeira vez em sua carreira. Um sonho realizado, no qual pretende fazer história, inserindo seu nome na lista de medalhistas brasileiros na competição
Thiago, integrante da disputa individual na classe 11, chega confiante à capital francesa. Mais que isso, embalado por títulos recentes: campeão parapan-americano nos Jogos de Santiago-2023, subiu ao degrau mais alto do pódio, neste mesmo ano, nos Abertos da Itália e do Brasil - também levou bronze no Mundial da França (Global Games Virtus).
Início no colégio
"Sou de Santos e comecei a praticar tênis de mesa, o 'famoso ping-pong', no colégio estadual onde eu estudava. Fui pegando o gosto, vi que possuía habilidade para jogar e, com 13 anos, pedi ao meu pai que me levasse a um clube que tivesse a modalidade. Desde então, não parei mais", relata.
Thiago foi diagnosticado na infância com uma deficiência intelectual. Ele relembra como tomou consciência de seu problema e como a prática do tênis de mesa ocasionou mudanças e se tornou algo importante em sua vida.
"O diagnóstico vem desde a minha infância, mas meu problema não se agrava na idade adulta, a não ser que a pessoa tenha um problema mais sério que gere sequelas, como um AVC, por exemplo. O contato com o esporte ajuda bastante a nós, que possuímos algum tipo de deficiência intelectual, pois trabalha muito a parte cognitiva e os reflexos. Ajuda na nossa mobilidade no dia a dia", afirma Thiago.
Praia e paternidade
Residindo atualmente na cidade de São Paulo-SP em razão dos treinos no Centro Paralímpico Brasileiro, Thiago (que iniciou sua vida esportiva como praticante de tênis de quadra e tem como ídolo o espanhol Rafael Nadal) curte prazeres relacionados ao local onde nasceu. Ou seja, a praia é um ambiente no qual se sente à vontade.
"Tenho ido pouco, pois agora estou morando em São Paulo, mas quando estou em Santos adoro a praia, caminhar, correr lá. Também gosto muito de jogar bola. Mas faço tudo com cuidado para não me lesionar e prejudicar o tênis de mesa", diz Thiago, revelando que, atualmente, seu maior prazer diz respeito à família:
"O que mais gosto de fazer atualmente é cuidar da minha filha. Ela tem nove meses de idade, e recentemente foi meu primeiro Dia dos Pais - infelizmente longe dela, mas por uma causa nobre, a preparação para os Jogos Paralímpicos", comenta.
Cozinha e pagode
Fora das mesas, Thiago Gomes possui o hobby de cozinhar. "Gosto bastante de cozinhar. Até comento com minha esposa que, quando estou estressado, a cozinha me faz muito bem. Até lavar a louça me distrai. Agora estou cozinhando para três e fazendo pratos bem específicos para nós", conta Thiago, que tem como predileção o picadinho, a conhecida carne de panela.
Voltando às mesas, Thiago Gomes prefere um estilo de música quando está realizando aquecimento antes de seus jogos: o pagode. E também quando está na academia se exercitando - ou mesmo na cozinha, onde costuma abstrair os problemas - seu lado pagodeiro fala mais alto para animar o ambiente.
Indagado sobre qual seria seu maior sonho, Thiago foge do lugar-comum de grande parte dos esportistas, que colocam a conquista de resultados como meta principal. "Meu maior sonho é orgulhar minha família. Dar orgulho à minha filha, recém-chegada. Que ela possa me olhar um dia e dizer: 'Quero ser igual a você, papai'. Esse é o meu maior sonho", revela.
Por fim, o estreante Thiago vê a oportunidade de disputar os Jogos Paralímpicos de Paris como a chance de colocar a classe 11 no tênis de mesa no lugar de destaque que ela merece. "Como sou o representante, no masculino, da classe 11 em Paris, cabe a mim esta tarefa de mostrar que somos fortes não somente nas Américas. Mostrar que temos capacidade de conquistar algo maior no cenário mundial", aspira
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