O Grand Prix de Judô Paralímpico, disputado neste sábado, 19, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, trouxe a nova realidade da modalidade para os tatames. Sob regras atualizadas e implementadas este ano pela IBSA (Federação Internacional de Esportes para Cegos), atletas se enfrentaram em duelos inéditos que coroaram os campeões nacionais e dão um norte do que poderá ser a futura Seleção Brasileira para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024.
Foi o primeiro evento no qual atletas totalmente cegos (antigos B1) duelaram apenas com oponentes da mesma classificação visual na classe que agora se chama J1. Já quem era B2 (percepção de vulto) e B3 (definição de imagem) lutou na classe J2 também apenas entre si. Outra mudança impactante colocada à prova foi a nova divisão por pesos que agrupou judocas, até então, participantes de categorias diferentes. Um dos embates mais esperados do dia botou frente a frente Antônio Tenório, maior medalhista paralímpico da história, e Wilians Araújo, agora rivais entre os pesos-pesados. E foi Wilians quem levou a melhor.
"Sensação de dever cumprido. Não é fácil lutar contra o Tenório, é um ídolo do judô paralímpico brasileiro e mundial. Se não estou enganado, ele nunca perdeu uma luta no Brasil para brasileiros. É um cara com uma qualidade imensa, muito forte. Foi uma luta estudada, difícil, e vai ser sempre assim quando eu lutar com ele. É alguém que só veio para engrandecer ainda mais a categoria. Para mim, foi o Grand Prix mais difícil dos últimos anos", disse o vencedor da luta, que mais tarde faturaria o título da categoria.
Quem também praticamente "estreou" de novo no judô foi o paulista Harlley Arruda, ex-integrante da categoria até 81 kg, uma das quatro extintas após a mudança nas regras. Bem mais magro para se enquadrar entre os lutadores com até 73 kg, ele conseguiu superar todos os adversários para confirmar o primeiro lugar no pódio.
"Foi um trabalho feito nos últimos dois meses que veio com esse resultado. Agora é continuar nos treinamentos para tentar a vaga para Paris 2024 nessa categoria", afirmou o judoca, que comentou o que sentiu de diferente em relação à categoria antiga: "Achei que os adversários se mexem mais, a minha anterior era mais parada. Eu me perdi um pouco no começo, mas me encontrei nas lutas e saí vitorioso".
Já na chave feminina, as principais atletas da Seleção lutaram nas categorias das quais já faziam parte. A maior diferença foi encarar desafiantes inéditas, como explicou a campeã paralímpica e mundial Alana Maldonado, ganhadora no peso até 70 kg. Ela enfrentou, por exemplo, Michele Ferreira, vencedora do extinto peso até 63 kg na edição passada do Grand Prix: "Essa competição é muito importante para conhecermos as novas adversárias aqui do Brasil, fazer as adaptações à nova categoria e ir viajar para fora com tudo certo", diz a lutadora de 26 anos.
Na disputa por equipes, quem levou a melhor foi a CEIBC, do Rio, com dois ouros, três pratas e dois bronzes. Em segundo lugar, ficou o ITC, de São Paulo: dois ouros e um bronze. Na terceira colocação, a AMEI-SP, com dois ouros.
Foto: Renan Cacioli/CBDV
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