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Parada das Nações Tóquio 2020 - Irlanda




Introdução

A República da Irlanda é o terceiro país da Parada das Nações dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Dona do segundo maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo, a nação compõe cinco sextos da ilha da Irlanda, a terceira maior ilha da Europa e a vigésima maior do mundo, “dividindo” território com a Irlanda do Norte.

Diferente de sua vizinha do norte, a Irlanda participa dos Jogos Olímpicos como uma delegação própria. A Irlanda do Norte compete ao lado dos britânicos pelo time da “Grã-Bretanha e Irlanda do Norte”, mas os atletas nascidos no país possuem dupla nacionalidade e podem optar por defender a Irlanda.

Exemplo recente dessa situação é o golfista Rory McIlroy, atual número 3 do mundo em sua modalidade. Ele é nascido em Belfast, capital da Irlanda do Norte, mas já anunciou que representará a Irlanda caso participe dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Rhys McClenaghan, ginasta medalhista de bronze no Mundial de 2019, é outro norte-irlandês que representa a Irlanda em competições esportivas.


História e histórico


Um dos poucos territórios europeus a não ter sido ocupada pelo Império Romano, a ilha da Irlanda teve seu processo de cristianização iniciado em 431 d.C. À época, diversos clérigos passaram pela região, incluindo o bispo Patrício, que foi fundamental no processo de conversão da ilha ao catolicismo e mais tarde tornou-se um dos maiores nomes do país.

O dia 17 de março é, talvez, a data mais importante da Irlanda. Muito festejada pela população local, a data comemora o dia de São Patrício, em referência ao dia da morte do bispo. Tradicionalmente, as pessoas saem às ruas e vestem verde, em alusão à coloração da paisagem natural irlandesa e ao manto sagrado utilizado pelo santo. O trevo é outro importante símbolo irlandês, tendo sido utilizado por Patrício durante o processo de cristianização para explicar aos habitantes o que era a Sagrada Trindade.

O verde é a cor nacional da Irlanda (Morgan Treacy/INPHO)
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Muito depois da passagem de Patrício, a partir do século XII, o território irlandês passou a ser invadido por alguns povos, incluindo os britânicos. A Irlanda perdeu sua força como "nação" e foi anexada ao Reino Unido em 1541, na era do rei Henrique VIII.

Hoje um dos países mais desenvolvidos do planeta, a Irlanda era muito pobre durante a dominação britânica, que durou até 1922, quando o país conquistou sua independência após um período de guerras.


Jogos Olímpicos


Dois anos após sua independência, a Irlanda participou da primeira edição de Jogos Olímpicos com uma delegação própria, em Paris-1924. Antes desta data, atletas irlandeses competiram em Jogos, mas foram listados como parte do “Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda”. Mesmo após a separação das nações, os resultados olímpicos dos irlandeses continuaram a ser creditados para os britânicos.

Entre os principais destaques do período unificado de 1896 até 1920, está Tom Kiely, ouro no individual geral do atletismo de St. Louis-1904. Os times de hóquei sobre grama e de polo aquático irlandês também competiram em Londres-1908, conquistando ambos a medalha de prata. Em Estocolmo-1912, a Associação Olímpica Britânica (BOA) listou três times diferentes nos eventos do ciclismo: Inglaterra, Escócia e Irlanda. Os irlandeses foram 11º no contrarrelógio por equipes.

Um evento de destaque aconteceu nos Jogos Intercalados de 1906 (não oficializados pelo COI, realizados em comemoração aos dez anos da primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna). O irlandês Peter O’Connor conquistou o ouro no salto triplo e a prata no salto em distância e, em protesto à submissão de seu país aos britânicos, hasteou uma bandeira verde sobre a bandeira do Reino Unido durante o pódio.



Desde sua estreia em Paris-1924, a Irlanda só ficou de fora de Berlim-1936, participando de todas as edições olímpicas seguintes. Ao todo, o país conquistou 31 medalhas, sendo 9 ouros, 10 pratas e 12 bronzes. A melhor participação foi em Atlanta-1996, com três ouros e um bronze conquistados. Em quantidade de medalhas, a melhor campanha foi em Londres-2012, com seis pódios: um ouro, uma prata e quatro bronzes.

O esporte que mais deu medalhas para a Irlanda foi o boxe, com 16 ao todo (dois ouros, cinco pratas e nove bronzes), seguido pelo atletismo, com sete pódios (quatro ouros). Apesar de “tradicionais” pra os irlandeses, esses dois esportes têm deixado a desejar nos últimos anos. O atletismo não dá uma medalha dourada desde Melbourne-1956, enquanto o boxe deixou a Rio-2016 zerado.

Até o momento, de forma extra-oficial, o país possui 52 atletas classificados para os Jogos de Tóquio 2020. A nação tenta bater o recorde de sua maior delegação, que foi de 78 esportistas, em Atlanta. No Rio, foram 77. Na Olimpíada brasileira, aliás, o país conquistou apenas duas medalhas, ambas de prata, com os irmãos Gary e Paul O’Donovan, no duplo skiff peso leve do remo, e com Annalise Murphy, na laser radial da vela.



+ Remo

O remo é, hoje, o principal esporte olímpico da Irlanda. O país tem atletas credenciados ao pódio Tóquio 2020 em pelo menos quatro provas, sendo favorito ao ouro em duas delas. O maior nome dessa excelente geração irlandesa é Sanita Puspure, atual bicampeã mundial no skiff simples feminino.

O skiff duplo peso leve masculino é a outra cartada certa da Irlanda. O país possui cinco atletas de peso brigando por duas vagas do barco. Entre eles estão os irmãos Gary e Paul O’Donovan, responsáveis pela conquista da única medalha olímpica irlandesa na modalidade, a prata na Rio-2016, que foram campeões mundiais em 2018. Uma lesão impediu Gary de participar do Mundial de 2019, então Fintan McCarthy assumiu seu posto e ajudou Paul a conquistar o bicampeonato da prova. Além dos três, estão na briga Jake McCarthy e Shane O’Driscol, estes correndo por fora. A seletiva deve ocorrer em abril.

Os irmãos O'Donovan conquistaram a primeira medalha olímpica do remo irlandês (Morgan Treacy/INPHO)

O skiff duplo masculino também é esperança de medalha para os irlandeses, com Philip Doyle e Ronan Byrne. Eles conquistaram a prata no Mundial de 2019 e são figurinhas carimbadas nas primeiras colocações das grandes competições internacionais.

O dois sem feminino também possui chances de subir ao pódio, com destaque para Aileen Crowley e Monika Dukarska, dupla que ficou em oitavo lugar no último Mundial.


    + Hipismo

A Irlanda conquistou apenas uma medalha no hipismo em Olimpíadas, mas tem despontado como forte concorrente a novos pódios nos últimos anos. O único trunfo de sua história foi um bronze na prova individual dos saltos de Londres-2012, com Cian O’Connor, cavaleiro muito conhecido pelos brasileiros. Ele finalizou o percurso da final dos Jogos de Atenas 2004 em primeiro lugar, deixando Rodrigo Pessoa na segunda colocação. Meses mais tarde, porém, o cavalo de O’Connor, Waterford Crystal, foi pego no doping e Rodrigo herdou o ouro.

Cian O'Connor perdeu o ouro de Atenas-2004 por doping, mas foi bronze em Londres-2012 (Morgan Treacy-INPHO)

Para Tóquio, a Irlanda possui equipes garantidas nas três disciplinas do hipismo: adestramento, CCE e saltos. Entre estas, o CCE é a principal chance de medalha da delegação. Nos últimos Jogos Equestres Mundiais, em 2018, o país conquistou a prata na disputa por equipes e no individual, com Padraig McCarthy montando Mr. Chunky. Nos saltos, O’Connor deve ser uma das presenças confirmadas.


    + Boxe

Um dos esportes mais tradicionais da Irlanda, o boxe é a modalidade que mais deu medalhas ao país nos Jogos Olímpicos. Foram 16 ao todo, sendo duas de ouro, cinco de prata e nove de bronze. Mesmo com a tradição e vindo de quatro medalhas conquistadas em Londres-2012, a delegação de oito pugilistas saiu zerada da Rio-2016, tendo como melhor resultado uma eliminação polêmica nas quartas de final de Michael Conlan, na categoria até 56kg.

Para Tóquio, apenas Brendan Irvine, na categoria até 52kg, já está classificado. Vale lembrar que o Pré-Olímpico Europeu foi suspenso com as competições em andamento e somente três categorias haviam sido finalizadas. Ele retornará em junho. O país tem em Kellie Harrington a maior esperança de medalha na modalidade. Ela foi campeã mundial em 2018 na categoria até 60kg, a mesma da brasileira Beatriz Ferreira, que foi a campeã mundial em 2019 em um torneio que não contou com a participação da irlandesa.


Destaques

Sanita Puspure (remo): a experiente remadora é a atual bicampeã mundial no skiff simples feminino, o que a credencia como favorita ao ouro na prova em Tóquio. Nascida na Letônia, ela se mudou para a Irlanda em 2006 e defende o país desde então.

Sanita Puspure em seu primeiro título mundial, em 2018 (Detlev Seyb/INPHO)

Paul O’Donovan (remo): conquistou a prata no skiff duplo peso leve na Rio-2016 ao lado do irmão Gary, mas é o atual campeão mundial ao lado de Fintan McCarthy. Mesmo tendo sido campeão mundial em 2019, sua vaga em Tóquio ainda não é garantida.

Rory McIlroy (golfe): nascido em Belfast, na Irlanda do Norte, o golfista é o atual número 3 do mundo e já anunciou que defenderá a bandeira da Irlanda nos Jogos de Tóquio. No entanto, apesar de ter “confirmado” sua equipe, sua participação ainda não é certa. Caso compita, será um dos favoritos ao ouro.

Rhys McClenaghan (ginástica artística): nascido em County Down, McClenaghan é mais um norte-irlandês que representa a República da Irlanda nas competições esportivas. Ele é a maior esperança do país na tentativa de conquistar sua primeira medalha olímpica na ginástica artística. Especialista no cavalo com alças, ele foi bronze no Mundial de 2019 e ouro no Europeu de 2018.

Hóquei sobre grama feminino: a equipe irlandesa fará sua estreia olímpica na modalidade nos Jogos de Tóquio. A seleção garantiu a vaga após ter sido vice-campeã da Copa do Mundo de 2018. Mesmo com o feito histórico, o país não está na lista dos principais favoritos à medalha em Tóquio, mas pode surpreender.

Seleção irlandesa de hóquei sobre grama após a vitória sobre a Espanha na Copa do Mundo de 2018 (Irish Sun)

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