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Gêmeas da seleção de rugby sevens combinam força e velocidade na Missão Europa


O esporte não tem fronteiras. E na seleção feminina de rugby sevens, já classificada para os Jogos Olímpicos de Tóquio, que participa da Missão Europa, treinando no Rio Maior Sports Centre, em Portugal, chamam a atenção duas atletas idênticas que compõe o grupo de 18 jogadoras e seis integrantes da comissão técnica. Idênticas não é força de expressão. Thalia e Thalita da Silva Costa, de 23 anos e 1,58m, são irmãs gêmeas. Apesar dos rostos muito semelhantes, elas sabem perfeitamente quais são as diferenças entre elas no campo de jogo.

“Além de ser muito veloz, uma das maiores qualidades da Thalia é a persistência, é ir sempre em busca do que ela acredita. Enquanto ela estiver de pé, ela vai estar com o time. Eu admiro muito a persistência que ela bota no que faz”, define Thalita.


“A Thalita parece um touro na frente de qualquer pessoa. Todo mundo chega do meu lado e fala: nossa, tua irmã é um touro, é muito forte. Ela defende muito bem, é uma das minhas referências”, disse Thalia.

Influenciadas pela experiência da própria mãe, Dona Ivanilde, as irmãs praticaram atletismo desde pequenas. Começaram nas corridas de rua e depois passaram para as provas de pista. Mas sem grandes oportunidades, abandonariam o esporte no momento em que a família começava a pensar no futuro delas, a faculdade, um trabalho. Mais velha por questão de minutos, Thalia também foi pioneira no esporte.


“Tinha um amigo nosso, o Leonardo, que sempre nos mandava convite. Aí ele falou: agora que tu não estás mais no atletismo, vem conhecer o rugby. Foi amor no primeiro contato, em fevereiro de 2017. Comecei a treinar e fui me desenvolvendo. No meio de 2017, o Leonardo convenceu a Thalita também”.

“Ele me venceu pelo cansaço. Tive o primeiro treino, gostei do contato, mas não me animei muito porque nunca me interessei de treinar físico. E foi difícil para mim que estava sedentária desde parei com o atletismo. No terceiro treino, eu já comecei a desenvolver um sentimento, algo que não senti em nenhum esporte. Quando encontrei o rugby foi como se todas as minhas qualidades, e até os meus defeitos, se encaixassem com o esporte. Parece que é a tampa e a panela”, disse Thalita. 

Foi quando Carlos Marvel, treinador do Delta, clube de Teresina, ouviu falar de uma velocista do Maranhão e convidou Thalia para se juntar. Logo depois, surgiu o convite para Thalita também. Defendendo o Delta, as irmãs de São Luís chamaram a atenção da Confederação Brasileira de Rugby quando jogavam o Super Sevens, o campeonato brasileiro da modalidade.

“Foi o que abriu portas para nós na seleção. Logo que eu cheguei, as pessoas notaram minha velocidade. Em 2018, apareceu a oportunidade de fazer o teste da seleção em São Paulo. Mas antes, já me chamaram para disputar os Jogos Sul-americanos de Cochabamba. Foram muito bons jogos e tivemos 100% de aproveitamento. Assim que eu voltei, já assinei o contrato e fiquei em São Paulo até hoje”.

“Essa foi a primeira vez que a gente passou um aniversário separadas. Para mim foi muito estranho porque sou muito emotiva. Foi muito difícil ficar longe dela, mas me consolava ver ela colher o que plantou. Eu vi quantas vezes ela chegou em casa cansada, pretinha do sol, como já correu descalça, passou por muita coisa mesmo”, contou Thalita. 

“Nunca almejei ser convocada. Quando me chamaram e eu soube que eu ia poder ficar perto dela, foi uma das maiores realizações da minha vida. Parece que eu sempre sigo os passos dela”, completou a irmã mais nova.

A responsabilidade de viver numa outra cidade, longe da família, fez com que as irmãs assumissem a obrigação de cuidar uma da outra. E, além disso, manter a mãe informada de tudo. Dona Ivanilde, “mulher arretada” como definiu Thalia, acompanha todos os jogos das filhas.

“Minha mãe ficou com o coração partido porque nós duas moramos agora em São Paulo, longe dela, mas ela nunca deixou de apoiar a gente. Ela liga, manda mensagem, chora”, disse Thalita.

“E assiste todo jogo, manda mensagem pra todo mundo avisando, faz telão”, completou Thalia.

“Teve um dia que ela me mandou um áudio chorando. O jogo foi transmitido. Thalia fez um try e ficou muito cansada, o tempo estava muito quente e seco, e ela caiu no chão”, contou Thalita.

“Fiz o try e lá eu fiquei. Na hora de levantar, a Raquel (Kochhann, capitão das Yaras) pegou a bola, me levantou e eu fui substituída”, detalhou Thalia.

“Mãe mandou um áudio: Thalita, me diga a verdade, o que foi que aconteceu, não vi Thalia mais! Eu: mãe, calma, ela provavelmente estava muito cansada, não tinha mais fôlego, eles a tiraram para descansar e depois vão colocar de volta. Mas ela só foi ficar calma depois de horas, quando a Thalia mandou um áudio pra ela dizendo que estava tudo bem”.

Treinando na Missão Europa
Agora na Missão Europa, as irmãs têm objetivos diferentes.

“É uma oportunidade muito grande pro time se conectar novamente. É muito importante o COB e a CBRu estarem nos dando a chance de treinar e evoluir como um time para as competições que estão vindo. Ficamos muito agradecidas. Sabemos que é uma oportunidade para poucos. Espero que a gente aproveitar para evoluir juntos, se conectar como time e crescer dentro de campo”, analisou Thalia. 


“Para mim, fazer parte da Missão Europa é uma oportunidade que eu almejei desde quando entrei na seleção. Sempre quis uma chance para mostrar o que eu posso fazer, que sou tão boa quanto qualquer uma que esteja aqui. Quando saiu a convocação, eu falei: esse é meu momento e agora eu tenho que mostrar que eu mereço estar aqui. É um desafio pessoal e vou agarrar essa oportunidade com unhas e dentes”, contou Thalita.

“Se a gente continuar treinando, com o planejamento que o treinador (Will Broderick) tem pra gente, nós vamos longe. Independentemente de quem for, o time vai bem. É o que cada uma de nós está buscando. Não é eu crescer, não é Thalita crescer, é o Brasil crescer”, completou Thalia.

Foto: COB/Rafael Bello

1 تعليقات

  1. غير معرف21/10/20 10:52 ص

    Campeonato nacional feminino de Rugby tinha que voltar logo ����

    ردحذف

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