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Quatro anos da Rio 2016: Rafael 'Baby' Silva, da sombra de Teddy Riner à disputa com David Moura

Teddy Riner e Rafael Silva no pódio da categoria acima de 100kg das Olimpíadas Rio 2016

O Surto Olímpico segue relembrando os Jogos Olímpicos Rio 2016. A competição carioca reuniu grandes histórias dos medalhistas brasileiros. Nesta quarta-feira (12), é a vez de nós contarmos o ciclo olímpico do pesado brasileiro: Rafael 'Baby' Silva. Há exatamente quatro anos, o judoca chegava pela segunda vez ao pódio olímpico, conquistando o bronze. Nós reviramos o nosso arquivo digital para mostrarmos os anos seguintes à mágica conquista.



Para contar o ciclo atual de Baby, nós voltamos um pouco mais no tempo, antes ainda da Rio 2016. Após o bronze nas Olimpíadas de Londres 2012, Rafael era um dos principais competidores da categoria acima de 100kg no Mundial do Rio de Janeiro, em 2013. Rafael não era o favorito porque vinha na sombra de Teddy Riner, lenda do judô mundial que naquela altura já era campeão olímpico e tetracampeão mundial dentre os pesados. O resultado foi uma prata, sendo derrotado pela lenda Riner na final.

No ano seguinte, dias antes do Mundial, o Surto Olímpico relatou a preparação de Rafael para a competição. "Treino todos os dias para isso", disparou o mato-grossense ao imaginar a final do Mundial entre ele e Teddy Riner, cabeças de chave número 1 e 2, respectivamente.

Rafa Silva saiu do Mundial de 2014 com um bronze, mostrando sua regularidade. "Estar sempre no pódio é importante para ficar confiante e saber que o trabalho está sendo bem feito. Estou treinando muito, tendo uma evolução constante. Isso vai ser fundamental para conseguir o pódio em 2016 e ir em busca da medalha de ouro", disse o atleta na época.

Desde 2009, Riner e Rafael se enfrentaram oito vezes, sem qualquer vitória do brasileiro - Foto: Divulgação/CBJ


Baby não só tinha Riner como adversário. Antes, ele teria que bater David Moura, seu compatriota. Ambos atletas de alto nível, foi no detalhe que Baby conseguiu classificação para os Jogos do Rio após um 2015 de lesões. Já com a vaga assegurada, foi o momento do judoca grandalhão declarar.


"Eu tô torcendo para pegar o Riner e conquistar uma vitória em cima dele aqui no Rio", disse em entrevista exclusiva ao Surto Olímpico. Nela, o judoca também citou a rivalidade com David Moura. A matéria completa do Marcos Antônio você encontra aqui.

Não foi como ele esperava e, após duas lutas fáceis - vencidas por ippon -, Rafael Silva parou nas quartas-de-final no gigante francês, que viria a ser bicampeão olímpico na categoria acima dos 100kg. O peso-pesado tinha dono e "sobrou" para o sempre regular Baby a medalha de bronze, a segunda de sua carreira.

Em 2017, Rafael conquistou sua última medalha em Mundial com mais um bronze, mas viu seu rival local, o David Moura, ser prata. Em seis competições no ano, foram três medalhas de bronze. Um resultado abaixo dos dois ouros de David e as duas pratas nas principais competições do ano.

Com o ano sabático de Riner, Rafael conquistou uma prata no Masters e dois bronzes em outras etapas das cinco competições disputadas. O saldo final foi melhor do que a "campanha" de Moura em 2018 que também disputou o mesmo número de torneios e conquistou apenas o bronze no Masters.

Brasileiros Rafael Silva e David Moura no Masters de Guangzhou em 2018
Rafael Silva e David Moura mantiveram altos e baixos neste ciclo olímpico - Foto: Gabriela Sabau/IJF

Rafael Silva começou 2019 não medalhando em Dusseldorf (GER), conquistando o bronze em Ekaterimburgo (RUS) e ficando com o ouro o Pan-Americano de Lima, no Peru. Na final, vitória sobre David Lima. Em abril, Rafael concedeu entrevista exclusiva ao Surto. O atleta falou novamente sobre sua disputa com David e citou Riner: "é um cara no qual me incentivo, me espelha".

Ao ser questionado como ele via a disputa interna com David Moura, o Baby não relutou. "Não é muito confortável, mas é bom que aumenta o nível. Do desconforto que vem os resultados. Assim chega na Olimpíada em condições de brigar por medalhas". A entrevista completa feita por Juvenal Dias você encontra aqui.

Na entrevista, Rafa também citou os Jogos Pan-Americanos, que também foi disputado em Lima. Entretanto, ele foi cortado e passou por uma cirurgia após lesão no ombro. David saiu do Peru com o ouro. 

No Campeonato Mundial, Silva ficou em 5º, recuperado da lesão, e Moura em 7º. No Grand Slam de Brasília, em outubro do ano passado, melhor para David que venceu Rafael na semifinal e conquistou o bronze ao perder para Riner. Rafael perdeu o bronze, ficou em 5º e perdeu também pontos importantes no ranking mundial. Regys Silva contou como foi o último dia do Grand Slam no Brasil.

Rafael sabe que sua principal competição é sua adaptação ao novo normal de sua categoria, com atletas mais velozes e lutas mais dinâmicas, tudo que foge da característica do judoca de 33 anos. Seu arquirrival brasileiro é mais veloz e sai com "vantagem".

Em 2020, antes da pandemia do Covid-19 paralisar as competições, Rafael Silva teve duas competições em fevereiro, os Grand Slam de Paris e Dusseldorf. Em Paris, um quinto lugar, em evento marcado pelo fim da hegemonia da lenda francesa Riner. Kokoro Kageura, do Japão, foi quem derrubou Riner; ele viria a derrotar o brasileiro na semifinal. 

O bronze no Grand Slam de Dusseldorf foi a nona medalha do ciclo olímpico de Rafael - Foto: Gabriela Sabau/IFJ

Após a 5ª posição na França, Rafael fez uma boa competição na Alemanha e terminou com o bronze. David Moura não medalhou nessas competições. Wesley Felix contou as duas boas apresentações de Rafael aqui no Surto Olímpico: Paris e Dusseldorf.

Com bom início de 2020, Rafael Silva se encontra na sexta posição do ranking olímpico, com 3983 pontos. David Moura é o nono, com 3445 pontos. A comparação necessária evidencia a regularidade e adaptação de Baby durante o ciclo. Mesmo mais "pesado" do que os principais adversários, Baby segue entre os melhores do mundo e luta pela vaga olímpica. 

Na sombra de um dos maiores atletas da história do judô, somado à pressão de ter um rival a altura para disputar uma vaga olímpica, resulta em um Rafael Silva disputando consigo mesmo apenas um resultado: a regularidade de um atleta em busca de ser um dos primeiros judocas brasileiros a alcançar três medalhas olímpicas. Um dia antes, Mayra Aguiar, cujo ciclo lembramos ontem, tentará o mesmo feito. 

Foto: Murad Sezer/Reuters

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