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Quatro anos da Rio 2016: Ágatha e Bárbara Seixas, juntas na prata, separadas no ciclo


A Arena de Copacabana talvez tenha sido a instalação mais emblemática dos Jogos Olímpicos de 2016. Erguida à beira-mar para sediar o vôlei de praia, a estrutura recebeu milhares de torcedores, que produziram uma atmosfera épica e embalaram as duplas brasileiras rumo a duas medalhas olímpicas. A primeira delas foi a prata das cariocas Ágatha Bednarczuk e Bárbara Seixas, que completou quatro anos na madrugada deste dia 18 de agosto.

Após formarem uma parceria pela primeira vez em 2012 e romperem a dupla em 2013, as atletas voltaram a atuar juntas em 2014. No ano seguinte, elas foram campeãs mundiais de maneira invicta nos Países Baixos, batendo as também brasileiras Taiana e Fernanda Berti na decisão. Com o título e o bronze nas Finais do Circuito Mundial, foram eleitas a melhor dupla de 2015 pela Federação Internacional de Vôlei.

Com as conquistas no currículo, a dupla chegou ao Rio de Janeiro como uma das postulantes ao pódio. Depois de uma primeira fase com duas vitórias e uma derrota, Ágatha e Bárbara passaram sem sustos por China e Rússia nas oitavas e nas quartas, respectivamente. 

A semifinal, porém, reservaria fortes emoções, com as brasileiras tendo pela frente ninguém menos que a estadunidense tricampeã olímpica Kerri Walsh-Jennings, que, na ocasião, tinha April Ross como parceira. Em um duelo épico em Copacabana, Ágatha e Bárbara venceram por 2 sets a 0 (parciais de 22-20 e 21-18) e impuseram à Walsh sua primeira derrota na carreira em um torneio olímpico.

A vitória das brasileiras sobre Walsh e Ross foi um dos jogos mais emocionantes do vôlei de praia na Rio 2016 (Foto: Reuters)

Embalada, a dupla do Brasil chegou à decisão contra as alemãs Laura Ludwig e Kira Walkenhorst. A partida começou às 23:59 do dia 17 de agosto de 2016 e entrou madrugada adentro. Dessa vez, porém, Ágatha e Bárbara acabaram derrotadas por 2 sets a 0 (21-18 e 21-14) e ficaram com a medalha de prata. Relembre como foi o jogo com o texto que Marcos Antônio escreveu para o Surto Olímpico em 2016.

Mesmo admitindo que jogaram abaixo do que poderiam, a prata foi bastante comemorada pelas atletas. "A gente jogou menos hoje. Elas aproveitaram melhor o vento e elas mereceram a vitória. Por outro lado, estou muito feliz e orgulhosa por nossa trajetória e por tudo que a gente fez. Sensação de dever cumprido. Sou muito agradecida a tudo que a gente viveu e construiu", disse Bárbara Seixas em entrevista ao Globoesporte.com depois da final.

Depois dos Jogos, a dupla divulgou o fim da parceria no programa Encontro com Fátima Bernardes, na TV Globo. Dois meses depois, Ágatha anunciou que formaria dupla com Duda Lisboa, jovem promessa do vôlei de praia brasileiro, já na busca pela vaga em Tóquio 2020. Já Bárbara Seixas jogaria com Fernanda Berti, sua adversária na final do Campeonato Mundial de 2015.


A estreia de ambas as novas duplas no Circuito Mundial foi na etapa 5-estrelas de Fort Lauderdale, nos Estados Unidos, em fevereiro de 2017. Ágatha e Duda chegaram à grande final, na qual foram derrotadas por Larissa/Talita. Já Bárbara/Fernanda terminaram na quinta colocação, caindo nas quartas-de-final também para as futuras campeãs.

Na sequência do Tour, as duplas obtiveram bons resultados. Ao lado de Duda, Ágatha venceu o 4-estrelas do Rio de Janeiro e chegou ao pódio nas etapas de Moscou (RUS), The Hague (NED) e Olsztyn (POL). Já Bárbara e Fernanda foram campeãs em Xiamen, na China, e atingiram as semifinais no Rio de Janeiro e em Porec (CRO).

O ano reservava ainda às duas parcerias o Campeonato Mundial, que seria disputado em Viena, na Áustria. Ambas, porém, tiveram um desempenho abaixo do esperado, sendo eliminadas na primeira rodada do mata-mata, que antecedia as oitavas-de-final. Bárbara/Fernanda perderam para as canadenses Pavan/Humana-Paredes - que viriam a ser campeãs mundiais dois anos depois -, enquanto Ágatha/Duda caíram diante de Hermannová/Sluková, da República Tcheca. A melhor dupla brasileira foi Larissa/Talita, que ficou com o bronze.

Ágatha/Duda ainda chegariam à decisão das Finais do Circuito Mundial de 2017, perdendo para as campeãs olímpicas Ludwig/Valkernhorst.


Ágatha e Duda chegaram à decisão do Finals de 2017 (Foto: Divulgação/FIVB)

O ano de 2018 começaria de forma diferente para Bárbara e para Ágatha. Enquanto a primeira, junto à Fernanda Berti, venceu as etapas de Fort Lauderdale e Huntington Beach, Ágatha/Duda tiveram um início um pouco abaixo, não passando das quartas em ambas as competições. 

Após o quarto lugar em Xiamen, porém, Ágatha/Duda deslancharam, vencendo a etapa 4-estrelas de Itapema, em Santa Catarina, logo na sequência. Daí em diante, ainda chegariam às semifinais em Varsóvia (POL), Gstaad (SUI) e Moscou (RUS), além de vencerem o Finals de 2018. A temporada regular rendeu à dupla o prêmio de campeã do Circuito Mundial e de melhor dupla da temporada.

Bárbara e Fernanda, por sua vez, fizeram o caminho oposto e não repetiram o desempenho no decorrer da temporada. A única participação em semifinal veio na etapa 5-estrelas de Viena, na qual a dupla perdeu na decisão e ficou com a prata.

Bárbara e Fernanda comemoram prata no Major de Viena de 2018 (Foto: Reprodução/BeachMajorSeries)

Na temporada seguinte, o foco de Ágatha e de Bárbara se intensificou em um novo objetivo: somar pontos para a corrida olímpica de Tóquio 2020. Novamente, no entanto, as duplas obtiveram desempenhos distintos: Ágatha e Duda foram campeãs do 4-estrelas de Ostrava (CZC) e chegaram ao pódio em Varsóvia (POL); já Bárbara e Fernanda tiveram apenas o quinto lugar em Ostrava como melhor desempenho.

Com isso, em junho de 2019, a Confederação Brasileira de Voleibol anunciou as duplas que representariam o país nas Olimpíadas e incluiu apenas uma das medalhistas de prata. Ágatha, ao lado de Duda, garantiu um lugar em Tóquio, enquanto a segunda vaga ficou com Ana Patrícia/Rebecca, dupla que surgiu com força neste fim de ciclo. Bárbara Seixas acabou fora do páreo.

Após o anúncio, as duplas ainda disputariam três etapas do Circuito Mundial (Ágatha/Duda venceram o evento-teste em Tóquio e chegaram ao pódio no Major de Viena) antes do Campeonato Mundial em Hamburgo, na Alemanha. A campanha brasileira, porém, foi decepcionante: nenhuma dupla de ambos os naipes chegou às semifinais

Bárbara/Fernanda acabaram terminando na melhor colocação entre as duplas do Brasil, caindo nas quartas-de-final, assim como André/George, no masculino. Ágatha/Duda foram eliminadas nas oitavas-de-final.


Ágatha e Duda em ação no Mundial de 2019 (Foto: Divulgação/FIVB)


No início de 2020, Bárbara desfez a dupla com Fernanda Berti e anunciou uma nova parceria com Carol Horta. Ágatha, por sua vez, iniciou os treinamentos com Duda visando os Jogos de Tóquio. Porém, com a pandemia de Covid-19, o Circuito Mundial foi suspenso e as Olimpíadas, adiadas, alterando o planejamento das atletas.

Com jornadas diferentes após a prata, Ágatha buscará em Tóquio sua segunda medalha olímpica em 2021, enquanto Bárbara Seixas, com uma nova parceira, já pensa no próximo ciclo. As duas, porém, compartilham a mesma memória: subir ao pódio em uma edição de Jogos Olímpicos em uma emblemática arena no "quintal" de suas casas.


Foto: Reprodução/CBV

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