A crise do atletismo russo chega a momentos decisivos. Nesta quinta-feira, a World Athletics - organização que rege a modalidade globalmente - estabeleceu o dia 15 de agosto como data-limite para a Rússia pagar uma multa de cerca de cinco milhões de dólares. Caso contrário, a Federação Russa de Atletismo (RusAF) será expulsa da entidade.
A decisão foi tomada após reunião por videoconferência do Conselho da World Athletics pela manhã. Os membros do Conselho ouviram o relatório da força-tarefa voltada especificamente para estudar o caso russo. O líder desse grupo, Rune Andersen, expressou sua decepção pelo fato de ter visto "muito pouco em termos de mudança na cultura do atletismo russo" nos últimos cinco anos.
Segundo Andersen, a força-tarefa gastou "uma quantidade enorme de tempo e esforço tentando ajudar a RusAF a se reformar e ao atletismo russo, para o benefício de todos os atletas russos limpos". Porém, a resposta da RusAF teria sido inadequada.
World Athletics Council resolves to expel RusAF if payments not received by 15 August.— World Athletics (@WorldAthletics) July 30, 2020
O relatório da força-tarefa prevê também que os atletas russos considerados "limpos" só poderão competir em torneios como "Atletas Neutros Autorizados" caso o país pague a multa e acate as mudanças exigidas pela World Atheltics. A princípio, em reunião no mês de março, a entidade havia estabelecido o número de dez esportistas russos que poderiam competir sob bandeira neutra nos Jogos Olímpicos de Tóquio, mas essa decisão deve ser revista, no máximo, até o mês de dezembro.
A multa foi imposta à Rússia depois que o então presidente da RusAF, Yevgeny Yurchenko, admitiu em março as falhas da gestão anterior. Sete oficiais da entidade - incluindo o antigo presidente Dmitry Shlyakhtin - foram acusados pela Unidade de Integridade de Atletismo (AIU) de obstruir uma investigação antidoping relacionada ao campeão mundial do salto em altura Danil Lysenko, forjando documentos para explicar testes perdidos. Desde então, o país esteve suspenso da World Athletics, com os atletas estando impedidos de competir sob bandeira russa em torneios oficiais.
Os cinco milhões de dólares deveriam ter sido pagos até o dia 1º de julho deste ano. Porém, mediante o não pagamento, a World Athletics prosseguiu com a suspensão russa. Em meio à crise, Yurchenko deixou o cargo no início de julho.
Os cinco milhões de dólares deveriam ter sido pagos até o dia 1º de julho deste ano. Porém, mediante o não pagamento, a World Athletics prosseguiu com a suspensão russa. Em meio à crise, Yurchenko deixou o cargo no início de julho.
Algumas semanas antes, o diretor-geral da entidade, Yury Ganus, já havia indicado que a possibilidade de expulsão da Rússia da World Athletics era alta. Com isso, alguns esportistas se manifestaram em protesto à gestão da RusAF - como a campeã mundial do salto em altura, Mariya Lasistkene - enquanto outros chegaram a cogitar trocar de nacionalidade para poder participar das competições.
Foto: Thomas Lohnes / AFP
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