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Coluna Surto Mundo Afora #6

Por Bruno Guedes

Hóquei na Grama

Começa no próximo dia 17 e vai até 26 de novembro a fase final feminina da Liga Mundial de Hóquei na Grama. Este ano a decisão chega a um dos países mais apaixonados pelo esporte e casa dos Black Sticks: Auckland, na Nova Zelândia. E o torneio, que fecha o calendário de 2017 da Federação Internacional de Hóquei (FIH), é aguardada com bastante curiosidade por torcedores e a crítica esportiva. Isto porque, nos últimos dois anos, a modalidade tem sofrido significativas alternâncias de campeões. O que antes era terreno quase restrito às potências Austrália, Holanda e Argentina, agora têm diversas outras furando esse bloqueio. O tira-teima será nas próximas semanas.

Nesta fase final estarão Argentina, Holanda, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, China, Nova Zelândia e Coreia do Sul, após uma fase de qualificação que aconteceu desde o começo do ano através de eliminatórias regionais e posicionamento no ranking da FIH. O Brasil foi eliminado na Primeira Rodada. As ascensões inglesa e americana, além da forte renovação alemã, que alcançou um surpreendente bronze em solo carioca, equilibraram o Hóquei na Grama e fizeram com que equipes, que estavam já com o peso da idade batendo à porta, repensassem suas práticas. E tudo isto estará literalmente em jogo a partir do dia 17.

O Dream Team da Holanda perdeu seu trono na Europa para a Inglaterra, base da futura campeã olímpica Grã-Bretanha, durante o Campeonato Europeu 2015 e o recuperou este ano. Os Estados Unidos roubaram a coroa da Argentina no Panamericano de Toronto. Na Oceania, a Austrália, que devastou durante quase duas décadas a modalidade ao vencer quase tudo, tropeçava num selecionado que não correspondia. Desde 1983, as três se revezam como campeãs das Olimpíadas (com exceção da Argentina, que há anos persegue sem sucesso o tão sonhado ouro), Copa do Mundo e Liga Mundial. Só em Barcelona 1992 (Espanha) e Atenas 2004 (Alemanha), uma das seleções não esteve no topo dos torneios.

Após as Olimpíadas de 2016, que foram consideradas de nível técnico baixo em relação aos outros campeonatos, muitas seleções começaram reformulações e renovações de seus elencos. Mas muito além de uma simples modificação técnica, há uma demonstração de como o esporte sofreu uma quebra nas hegemonias. Argentina perdeu a maior jogadora de todos os tempos ao fim de 2014, Luciana Aymar, chegando ao Rio tentando se reconstruir. Falhou. As holandesas ouviram o "Canto do Cisne" da sua Geração Dourada, bicampeã olímpica, ficar com a prata e perder a tríade decisiva, Naomi van As, Ellen Hoog e a fatal Maartje Paumen. Nem mesmo a medalhista de prata em casa durante Beijing 2008, China, conseguiu se reerguer como esperado nesse intervalo de tempo.

O tira teima vai acontecer e agora com todas juntas. Atual campeã europeia, a Holanda é uma das favoritas. As veteranas Eva de Goede (que volta após um período fora do selecionado), Keetels, van Geffen, Kitty van Male e van Maasakker serão responsáveis por conduzir a jovem e talentosa geração que será posta à prova. Seu ataque é o melhor do mundo, com as fatais Welten, melhor do mundo há dois anos, e Jonker, perigosíssimas e com extrema habilidade. Novos nomes tentarão protagonismo, como Xan de Waard, van den Assem, Matla e Sanders.

Uma das maiores forças há quase duas décadas, aa Argentina chega de treinador novo, Agustín Corradini, após a vexatória campanha nas Olimpíadas e vitória da Copa Panamericana, em julho. Apesar de jovens, as já veteranas e goleadoras Barrionuevo, que volta após desentendimento com o ex-técnico, e Delfina Merino serão responsáveis pela liderança desse time junto da muito experiente goleira Succi. Serão três estreantes no plantel: Fernández Ladra, Bianca Donati e Victoria Sauze. Granatto, que fez boa Rio 2016, é uma das candidatas a destaque da competição.

Inglaterra manteve a base campeã dos Jogos Olímpicos pela Grã Bretanha (selecionado que inclui atletas da Escócia e País de Gales), mas foi abaixo do esperado no Europeu de 2017. Tem na sua goleira Maddie Hinch, uma verdadeira muralha sob as traves, um dos mais importantes trunfos. Só que seu grande diferencial está fora das quatro linhas: o técnico Danny Kerry. Com muita força coletiva, o treinador colocou as inglesas no mapa das potências de novo. A goleadora Alex Danson também é um dos diferenciais, com mais de 100 gols com a camisa vermelha.

Alemanha amadurece cada vez mais seu jovial time. Com nomes que são apontados como grandes promessas, casos de Anne Schröder e Selin Oruz, as germânicas tentarão surpreender e também entrar nessa rotação de campeãs. Nova Zelândia joga em casa e tenta usar o "efeito atmosfera positiva" para chegar a um feito inédito. Outra que pode entrar na rota das favoritas é a China, novamente investindo pesado no esporte. Medalhista de prata em Beijing 2008, o país parecia ser uma das novas potências do hóquei, mas acabou caindo anualmente de nível e viu a Índia, antiga força esportiva, retomar seu lugar este ano. As chinesas são as atuais vice-campeãs asiáticas.

O mundo conhecerá, daqui a 20 dias, uma nova campeã ou a reconquista da hegemonia? Impossível prever com tantos ingredientes. Uma coisa é certa: o hóquei na grama vive um equilíbrio poucas vezes visto.

foto: NZ hockey

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