Muitos atletas tem sofrido com a perda de patrocínios e com a velocista Rosângela Santos não é diferente. Ela, que herdou o bronze do revezamento 4x100m após doping russo nos Jogos de Pequim, em 2008, resolveu iniciar uma "vaquinha virtual", também conhecida como crowdfunding, para conseguir manter o nível de treino e se preparar adequadamente para o próximo mundial de atletismo, que será realizado em agosto deste ano. A velocista explicou o projeto ao programa "Giro SporTV" da última quarta-feira(22).
"Essa ideia surgiu agora, porque depois do Rio de Janeiro, muitos cortes foram realizados. Perdi mais da metade dos meus patrocinadores, contratos acabaram e não foram renovados. E como eu recebo no Brasil e tenho que gastar em dólar, eu topei de mais da metade dos meus investimentos que eu estava fazendo quando estava no Brasil e agora que eu mudei pra cá, eu tenho que pagar tudo, treinador, academia, toda a minha preparação" .
A atleta iniciou uma campanha no site Kickante, onde procura arrecadar R$ 60 mil em um período de 60 dias para conseguir manter todo o investimento necessário na realização de um treinamento eficiente. A "vaquinha" conta com várias opções de pagamento, que possuem diferentes recompensas de acordo com o valor. Na descrição da campanha, a atleta citou: "Esta campanha é de extrema importância, pois atualmente nosso país não possui um incentivo adequado ao esporte, principalmente quando o assunto não é futebol. Com o valor arrecadado, Eu treinarei adequadamente e você será parte disso!", deixando clara a crítica em relação à falta de investimentos.
Se o Brasil conseguisse conquistar a medalha de bronze em Pequim sem a necessidade de esperar oito anos por conta do doping, a vida de Rosângela estaria diferente. Quem crê nisso é a própria atleta, que acredita que o investimento seria muito maior neste caso.
"Não consigo colocar no papel. Foi bastante dinheiro perdido, publicidade e tudo o que eu poderia ter conseguido já tendo a medalha olímpica. Hoje eu não estaria pedindo ajuda para todo mundo se eu estivesse com essa medalha" afirmou.
O custeamento para participar das competições internacionais é outro problema enfrentado pela atleta, que precisa do investimento de um manager, para lidar com suas passagens.
"É assim que funciona (o circuito competitivo) e se você não tiver um manager que consiga te colocar nas competições da Europa você não tem esse recurso. (...) Ele custeia minhas passagens e a organização se encarrega do resto, hotel e competição"
A atleta foi informada da decisão do Comitê Olímpico Internacional de retirar a medalha de ouro da equipe russa no revezamento 4x100m durante a disputa dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. A retirada do ouro deu ao Brasil a medalha de bronze, por ter encerrado a prova na quarta posição. Apesar da felicidade em receber a notícia, ela também se sentiu frustrada por não sentir o "glamour" da época.
"Essa história é bem louca e eu descobri quando ainda estava competindo na Olimpíada do Rio, uma felicidade enorme saber que oito anos atrás esse foi um grande feito do Brasil, recebendo essa medalha. Mas desde então foi bastante prejuízo, principalmente economicamente falando e também não temos foto no pódio, não tivemos a oportunidade de dar a volta olímpica, enfim, todo o glamour da época" concluiu a atleta de 26 anos, que com ou sem investimento competirá por uma vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.
Para quem quiser contribuir com a ' vaquinha' de Rosângela, só clicar neste link: https://www.kickante.com.br/campanhas/patrocine-o-treino-da-rosangela-santos
Com informações de SporTV
foto: Vágner Carmo/ CBAt
0 Comentários