Por Gustavo Rodrigues Vargas
A
grande decisão do Torneio de Brasília de Futebol Feminino reuniu as duas
seleções de melhor campanha nas três primeiras rodadas. O Brasil, comandando
por Vadão, tinha a possibilidade de jogar pelo empate, já que havia vencido
suas três partidas da primeira fase. E o resultado acabou aparecendo, talvez no
jogo menos inspirado da seleção brasileira tecnicamente falando. De qualquer
forma, o time pareceu extremamente concentrado e organizado. Mesmo com o time
americano precisando atacar, não foi isso que se viu durante o jogo,
especialmente no primeiro tempo. Empurrado pela torcida, o Brasil começou
tocando a bola, ainda que no campo de defesa e na zona do círculo central.
Aos
18 minutos, um dos poucos lances concluídos pela seleção. O chute de Rosana de
fora da área foi forte, mas Hope Solo defendeu sem maiores problemas. O Brasil
tinha mais posse de bola, mas não conseguia criar chances. Marta e Debinha
estavam apagadas e não levavam vantagem nem nas jogadas em velocidade contra a
defesa norte-americana. Pelo lado oposto, a bola pouco passava pelos pés de
Carli Lloyd e Lauren Holiday. As poucas jogadas ofensivas do time dos Estados
Unidos vinham através de bola parada, mas todas eram bloqueadas pela defesa
brasileira e pela goleira Luciana, que apareceu bem em duas oportunidades.
Morgan Brian, de boa atuação contra a Argentina, ficou muito aquém, mais
ajudando na marcação do que na criação dos lances.
A
chance mais clara do Brasil no primeiro tempo veio aos 36 minutos, após uma
cobrança de escanteio de Marta. A camisa 10 achou Mônica na grande área, mas a
zagueira cabeceou perto da trave direita de Hope Solo. A pressão seguia, mesmo
com poucas finalizações com perigo. Pouco depois, Debinha acertou um chute
perigoso, mas a bola foi para fora. O técnico Vadão optou por uma mudança no
posicionamento das meias para a segunda etapa. Maurine foi para a esquerda e
Rosana para a direita. A ideia era confundir ainda mais o sistema de marcação
dos Estados Unidos. Mas, pelo jeito as duas não agradaram, já que o treinador
brasileiro colocou Tamires e Beatriz no lugar das atletas logo aos dez minutos.
Tamires entrou na lateral, passando Andressa Alves para o papel de meia. E foi
aí que a atleta apareceu com mais destaque. Flutuando pelo campo, não guardou
posição fixa durante boa parte do segundo tempo, aparecendo pela direita, pelo
centro e por vezes até como centroavante. Andressa Alves foi uma das peças de
mais perigo do Brasil no jogo, a craque da decisão.
As
americanas demonstraram uma leve melhora após a pausa do intervalo, e tiveram a
grande chance de abrir o placar aos 12 minutos, quando Wambach cabeceou sozinha
já na pequena área, mas mandou por cima do gol após um lindo cruzamento de
Tobin Heath. Três minutos mais tarde, a goleira Luciana precisou sair da área
nos pés da mesma Heath para evitar o primeiro gol americano. O estádio vibrou
como se fosse um gol. Gol esse que poderia ter vindo em uma cobrança de
pênalti, mas a árbitra não viu falta clara de Klingenberg sobre Andressa Alves
dentro da grande área. A meia brasileira lamentou, o time pediu pênalti, o
estádio chiou... mas nada foi marcado. As imagens de televisão confirmam
claramente o pênalti. Em outro lance duvidoso, Debinha foi segura na área pouco
tempo depois, mas novamente nada foi marcado, para desespero do técnico Vadão.
Chegava
a parte final do jogo, e o drama para os mais de 11 mil espectadores (maior
público do torneio) aumentava. Os Estados Unidos se lançavam ao ataque de
qualquer jeito, e demonstravam muito perigo nos lances aéreos. A seleção de Jill
Ellis chegou a balançar as redes aos 43 minutos, mas o gol de Carli Lloyd foi
anulado por impedimento. As americanas já comemoravam quando a árbitra assentiu
à marcação da auxiliar e invalidou o gol. Dois minutos depois, a zagueira
Sauerbrunn obrigou a goleira Luciana a operar um milagre, defendendo com a
ponta dos dedos um cabeceio da defensora. A bola tocou no travessão e depois
foi afastada pela zaga brasileira.
O
final de jogo enfim chegou, e com ele o pentacampeonato conquistado pela
seleção nos torneios de final de ano (contando também as edições ocorridas em
São Paulo). Carli Lloyd, dos Estados Unidos, terminou como artilheira da
competição (cinco gols); já a meio campo Formiga foi escolhida a melhor
jogadora do torneio. O empate por 0x0 marcou também o primeiro empate dos
Estados Unidos sem gols após 121 jogos. O último havia sido com a Coréia do Sul,
ainda em 2008. Passado o último teste de torneio para as duas seleções, a
expectativa de ambas agora é pelo mundial de 2015, a ser realizado no Canadá. O
Brasil está na chave E, ao lado de Coreia do Sul, Espanha e Costa Rica. Já as
americanas formarão o Grupo da Morte (D) ao lado de Austrália, Suécia e
Nigéria.
Brasil (4-2-3-1):
12-Luciana, 2-Poliana, 3-Bruna (C), 14-Monica e 11-Andressa Alves; (17-Andressinha
90min) 5-Thaisa, 20-Formiga; 7-Maurine (6-Tamires 55min), 10-Marta, 8-Rosana
(21-Beatriz 55min); 9-Debinha.
Técnico:
Oswaldo Alvarez (Vadão).
Estados Unidos (4-2-3-1):
1- Hope Solo; 25-Meghan Klingenberg, 3-Christie Rampone, 4-Becky Sauerbrunn,
16-Lori Chalupny (11-Ali Krieger 54min); 7-Morgan Brian, 10-Carli Lloyd;
5-Kelley O’Hara (15-Megan Rapinoe 73min), 12-Lauren Holiday, 17-Tobin Heath
(9-Heather O’Reilly 80min); 20-Abby Wambach (8-Amy Rodriguez 73min).
Técnica:
Jill Ellis.
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