Dois dias depois da final do Mundial masculino, a
Confederação Brasileira de Vôlei comentou o desabafo feito pelo técnico
Bernardinho logo após a derrota para a Polônia. A direção da entidade, que já
está na Itália para acompanhar o desempenho do time feminino na competição,
concordou com o técnico em relação às críticas de alguns pontos do regulamento,
mas também alertou para uma possível “questão pessoal” entre o treinador e o
presidente da Federação Internacional de Vôlei (Ary Graça).
As principais críticas de Bernardinho foram sobre o
regulamento da competição, a escalação da arbitragem e a postura da Federação
Internacional de Vôlei (FIVB). Segundo ele, entre outras coisas, a entidade internacional teria convidado um jornalista
que seria “inimigo do vôlei brasileiro” para acompanhar a final próximo ao
banco verde e amarelo. O treinador também afirmou que o Brasil, como instituição, estaria
desprotegido no cenário mundial.
Nesta terça, o presidente e o superintendente da CBV, Walter
Laranjeiras (Toroca) e Neuri Barbieri, estiveram no último treino da seleção
feminina, antes da estreia no Mundial, em Trieste, na Itália. Questionado sobre os comentários do técnico na Polônia,
Neuri negou que o Brasil esteja desprotegido e indicou que a polêmica pode ter
uma relação pessoal envolvendo Bernardinho e Ary Graça, presidente da FIVB e
ex-presidente da CBV.
- Isso talvez seja um assunto estritamente pessoal entre o
presidente da Federação Internacional e ele. A CBV corre paralelo a isso. A CBV
é uma instituição que tem um respeito da Federação Internacional. E nós estávamos
na Polônia para dar essa segurança para a nossa equipe, para, caso houvesse
qualquer problema, a gente pudesse estar presente e defender nossos interesses.
A CBV também não concordou com as reclamações feitas por
Bernardinho sobre a arbitragem da competição. Neuri, no entanto, ressaltou que
a entidade nacional apoiou o Brasil no protesto sobre o regulamento do torneio.
- Em relação ao regulamento, nós concordamos. Não entendemos
e protestamos a forma em que fomos colocados na chave, quando tivemos que mudar
de cidade. Pelo o que estava escrito, todos nós achamos que jogaríamos na mesma
cidade por ter feito a melhor campanha. Isso foi uma surpresa que talvez tenha
causado no grupo uma insatisfação e isso tenha prejudicado um pouco. Quanto à
arbitragem, não concordamos. Além da arbitragem hoje ter condição técnica boa,
ela tem recursos tecnológicos para que erros sejam corrigidos - disse o dirigente.
Segundo Bernardinho, em
entrevista ao canal SporTV logo após a final, a FIVB tomou medidas propositais para
desestabilizar o time brasileiro, desde a escalação de árbitros a outras
situações para incomodar a delegação. O técnico, porém, fez questão de
ressaltar que nada servia como desculpa pela derrota.
- Foram tantas coisas
feias que é complicado. A Federação Internacional age de uma maneira baixa
demais. Eu vi coisas acontecendo aqui... Escalação... No sentido de
desestabilizar mesmo. Nada influenciou. Perdemos por que eles jogaram mais
bola, jogaram inteligentemente. Perdemos a lucidez em alguns momentos. Mas são
muitos golpes baixos - disse Bernardinho.
Para Bernardinho, a FIVB fez o que quis com o Brasil durante
o Mundial. O técnico usou a palavra "desprotegido" como instituição para
falar do momento da seleção brasileira no cenário político do vôlei
internacional.
- É simples. A
escalação dos árbitros. Foram os únicos dois que tivemos problemas seríssimos
na Liga Mundial de Vôlei. E escalaram (a FIVB). Foi propositalmente. Colocaram
um repórter, que é o maior inimigo do voleibol brasileiro, colado no banco,
olhando, e fazendo algumas coisas o tempo todo. A Federação Internacional
trouxe ele para cá (a convite). São pequenas coisas que não influenciaram em
nada, vacilamos. Tivemos nossa chance aqui. Mas é um jogo baixo que se constrói
permanentemente, realmente me preocupa para o futuro do voleibol. Como
instituição, estamos desprotegidos. A Federação Internacional está fazendo gato
e sapato da gente - concluiu Bernardinho.
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