Pressão por atuar dentro de casa e desequilíbrio emocional. A situação
tão comentada no futebol durante a Copa do Mundo de 2014 pode se repetir
para o Brasil daqui a dois anos em outros esportes, na Olimpíada do Rio
de Janeiro. O vexame brasileiro pela eliminação na semifinal do
Mundial, com derrota por 7 a 1 para a Alemanha, serve de lição para o
COB na preparação para os Jogos do Rio-2016. Os dirigentes admitiram que
a parte psicológica dos atletas é uma preocupação e a situação está
sendo estudada para a competição.
"Estamos, sim, trabalhando a parte emocional, isso já vem sendo
desenvolvido há alguns anos. Temos psicólogos para ajudar na preparação
mental. Algumas modalidades aceitam mais esse trabalho para controlar a
ansiedade, outros treinadores preferem fazer isso diretamente. Mas é bom
entender que a psicologia não vai salvar tudo, ela é parte de um leque,
de uma série de qualidades que precisam ser bem tralhadas. Não adianta
estar bem psicologicamente e não estar bem fisicamente, por exemplo.
Estar no Brasil traz uma ansiedade e uma pressão maior, a gente sabe
disso, os atletas sabem. A Copa do Mundo trouxe uma experiência rica
para todos nós, estamos estudando o que aconteceu com a seleção de
futebol, tirando conclusões, para saber como aproveitar os pontos
positivos e neutralizar negativos", explicou Jorge Bichara, gerente de
performance do COB, em entrevista coletiva nesta quarta-feira.
Na
Olimpíada de Londres, em 2012, sete psicólogos estiveram acompanhando a
delegação brasileira, e o trabalho continua sendo desenvolvido visando
os Jogos do Rio. O choro excessivo dos jogadores do Brasil em algumas
situações da Copa de 2014 e o abalo psicológico depois da perda de
Neymar por lesão foram considerados fundamentais para a humilhante
derrota diante dos alemães.
Antes do Mundial de futebol desta ano,
a comissão técnica da seleção brasileira chegou a falar que a equipe já
tinha "uma mão na taça", e qualquer resultado que não fosse o título
seria considerado uma frustração. Para a Olimpíada dentro de casa, o COB
estabeleceu uma meta de colocar o Brasil entre os dez primeiros
colocados do quadro pelo número total de medalhas, com a conquista de 27
a 30 pódios.
Apesar disso, o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman nega que os
atletas brasileiros entrarão pressionados e explica a diferença das
outras modalidades em relação ao futebol.
"A meta motiva o atleta,
o torcedor e a preparação. A meta tinha que ser ousada porque é no
Brasil. Felizmente, não colocamos pressão nos atletas e não temos
pressão de ser campeão olímpico. Não podemos comparar com a ambição do
futebol. O que pretendemos é ir bem", disse Nuzman.
Mesmo longe de
casa, atletas do Brasil já sentiram a pressão por causa do favoritismo e
acabaram vacilando em Olímpiadas anteriores. Cotado para conquistar
medalhas, o ginasta Diego Hypólito, por exemplo, acabou caindo em suas
apresentações de solo e ficando fora do pódios nos Jogos de Pequim-2008 e
Londres-2012. Há dois anos, o time de futebol feminino, o judoca
Leandro Guilheiro e Fabiana Murer, no salto com vara, foram outros que
chegaram com boas chances de medalha, mas acabaram decepcionando.
Foto: Reuters
Fonte: ESPN
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