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Surto Entrevista: Fabiana Beltrame


Fabiana Beltrame é o nosso maior nome no Remo. Com três Olimpíadas no currículo, um título mundial em 2011 e recentemente classificou o seu barco junto com Bia Tavares para os jogos Pan- Americanos de Toronto em 2015. Pra 2016, ela não fala de medalha, mas sim ter um bom resultado nos jogos do Rio. E ela é nossa entrevistada desse Surto Entrevista, que você confere logo abaixo:

- Como você conheceu o remo e quando você viu que poderia ir mais longe no esporte?

Conheci o remo em 1997, tinha 15 anos. Sempre gostei muito de esportes e estava procurando algo diferente. Foi aí que eu e uma amiga minha vimos o pessoal treinando na Beira Mar, em Florianópolis, minha cidade natal, e resolvemos experimentar. Gostamos desde o primeiro momento e começamos a praticar. No início foi só por diversão, mas aos poucos, vimos que poderíamos competir e começamos a treinar mais. Vimos que poderíamos ir mais longe, em nossa primeira competição, o campeonato estadual, que conquistamos uma medalha de prata, vencendo de meninas que já remavam há mais tempo que nós.


- Como é sua rotina de treinamentos normalmente e quando está próximo de alguma competição?


 Treino de 2 a 3 vezes ao dia, duas vezes no período da manhã e uma no período da tarde, num total de 4 a 6 horas por dia. A maior parte do treinamento é na água, treinamos a parte física e técnica, mas também fazemos treinos físicos no remoergômetro e musculação. Na semana da competição, o treinamento diminui bastante para que tenhamos bastante energia pra competir.



- Você treina a lagoa Rodrigo de Freitas, conhecida pela sua poluição e você já reclamou da falta de espaço que se tem para a prática do Remo. Você esperava que a situação estivesse melhor faltando quase 2 anos para os jogos do Rio?

Nós precisamos de um lugar onde a seleção brasileira possa se reunir pra treinar. Na maioria das vezes, nós treinamos na lagoa, mas temos que dividir espaço com lanchas e barcos de todos os clubes, além do wakeboard que faz muita marola e às vezes fica impossível de treinar. Nessa reta final para os Jogos, muitos países vão vir pra cá, fazer uma pré-adaptação, mas não temos estrutura pra receber todos os atletas.


- E o que você acha que falta para o Remo crescer e se desenvolver no Brasil?

 Acho que falta muitas coisas para o remo, mas o principal, são os atletas. Até temos um bom número de atletas nos clubes, mas muitas vezes esses atletas não tem um bom nível para entrar na seleção e competir pelo país. Temos pouca renovação. É claro que também precisamos de estrutura, barcos, etc.


- Em Atenas 2004, você foi a primeira remadora brasileira a conquistar uma vaga olímpica e você ficou 14º. Você poderia descrever como foi participar dessa olimpíada?


- Essa Olimpíada, como foi a primeira, foi inesquecível. Eu era muito nova e já estava competindo ao lado das melhores do mundo. E até meu resultado foi satisfatório, levando em conta ser a minha primeira  grande competição internacional. Foi a partir daí que eu me tornei referência nacional no remo e as pessoas começaram a enxergar o remo feminino.



- Você também foi a Pequim 2008. como foi a competição pra você em relação aos jogos de 2004?

- A preparação para Pequim foi muito precária, tanto é que caí 5 posições, fiquei em 19º. Foi realmente muito frustrante, por que eu vi todo mundo melhorando e eu não. Foi um conjunto de erros da CBR na época, que levaram a esse resultado.


-Em 2011, você fez história sendo campeã mundial no skiff simples peso leve. Como foi a conquista dessa competição?

- Foi o momento mais marcante da minha carreira, um momento inesquecível, principalmente por que foi completamente inesperado. Eu sabia que poderia ter um bom resultado, mas a medalha de ouro me parecia improvável.


- Você é campeã mundial de uma categoria que não faz parte dos jogos olímpicos. Não dá um certo desapontamento dessa categoria não estar nos jogos do Rio?

Com certeza isso me deixa muito desapontada. Ainda mais quando soube que a entrada dessa categoria entrou em  votação pela Federação Internacional, mas não foi aprovado. Mas agora estou mais tranquila, por que achei uma parceira que tem o mesmo sonho que eu e é dedicada e disciplinada. Tenho certeza que vamos conseguir bons frutos.

- Você disputou os jogos de Londres no Skiff dupla com a Luana Bartholo e você anunciou a dupla com a jovem Bia Tavares. Porque a escolha em um nome tão jovem?

Por que a Bia é uma menina de muito potencial e já teve um resultado inédito para o país, que foi o 5º lugar no Campeonato Mundial Junior . Apesar da idade, é uma menina muito madura, que gosta de treinar sério. Além disso, vários países apostam nessa mescla de uma remadora experiente com uma mais nova, como é o exemplo das campeãs olímpicas de Londres, as britânicas.


- Como está a sua preparação para os jogos do Rio? Quais serão as principais competições que você vai disputar?

Toda competição que participarmos daqui até os Jogos, vai ser uma forma de treinamento. O objetivo é estar no pico da preparação, exatamente nos jogos, então todo resultado que tivermos daqui até lá, será pensando nisso. Esse ano ainda vamos competir o Campeonato Mundial, no ano que vem, as Copas do Mundo e o Campeonato Mundial Classificatório, que é nosso grande objetivo, nunca um barco do Brasil, classificou no Mundial, só no Pré Olímpico continental.


- Você vai se dividir entre o skiff Simples peso leve e Skiff duplo ou vai se dedicar apenas a categoria que está nos jogos do Rio?

A partir de agora, vou me dedicar somente ao skiff duplo, por que é um barco muito difícil, requer muito conjunto e temos que estar cada vez mais especializadas nele.


- Qual sua expectativa para os jogos do Rio em 2016?

Tenho uma esperança muito  grande de obter um bom resultado aqui no Rio. Estamos fazendo uma coisa inédita aqui no país, que é formar um barco bastante tempo antes da competição, e isso faz a diferença. Quanto mais o barco remar, mais chances temos de alcançar nosso objetivo.


- Pra encerrar, gostaria que você deixasse um recado para os leitores do Surto Olímpico

Gostaria de convocar a todos para torcer muito para os atletas brasileiros daqui até os Jogos Olímpicos, por que nós vamos dar o sangue para conseguir uma medalha e deixar todos orgulhosos. Beijão.


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