Para a natação, os Jogos Olímpicos da Juventude (em Nanquim, na
China, de 16 a 28 de agosto) são um ponto fundamental no planejamento
para o Rio 2016. A competição – mesmo com curiosidades com provas de
revezamento de equipes mistas, com garotos e garotas – será muito
importante para avaliações, segundo o coordenador técnico de natação da
Confederação Brasileira de desportos Aquáticos (CBDA), Ricardo Moura. Um
dos destaques da equipe brasileira, o velocista Matheus Santana –
recordista mundial júnior dos 100 m livre com 48s35 – diz que tem “meta
bem clara: ganhar a prova, com recorde”.
Matheus está na fase de preparação que ainda privilegia a parte
aeróbia (para conseguir resistência), para entrar nos treinos de
explosão daqui a duas semanas. São pelo menos cinco horas de treinos por
dia entre academia e piscina, mas o garoto de 18 anos, 1,87 m e 81 kg
diz que gosta de “sentir cansaço”.
Depois de bater três vezes o recorde mundial de sua categoria nos 100 m
livre, Matheus venceu a primeira prova internacional adulta no último
fim de semana, no Meeting do Porto, em Portugal, onde competiram os oito
nadadores brasileiros que estarão em Nanquim: além de Matheus (50 m e
100 m livre), Luiz Altamir Melo (100 m borboleta), Vitor Guaraldo (100 m
costas) e Andreas Mickosz (100 m peito); Natália de Luccas (100 m e 200
m costas), Giovanna Diamante (200 m livre), Bruna Primati (800 m livre)
e Viviane Jungblut (800 m livre).
Temporada estratégica
Os estágios e competições internacionais fazem parte da estratégia da
CBDN na preparação para os Jogos Olímpicos do Rio 2016, assim como
clínicas específicas para essa faixa etária realizadas no ano passado e
agora em 2014, como explica Ricardo Moura, para assinalar que Nanquim
fará parte desse processo a longo prazo.
“Temos metas para esses nadadores. Até específicas, como no caso do
Matheus Santana, três vezes recordista mundial júnior dos 100 m livre”,
diz o coordenador de natação da CBDA.
Com relação aos Jogos Olímpicos da Juventude, nadadores de Cingapura
2010 foram destaque nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, como Chadle Le
Clos [sul-africano que foi medalhista olímpico, com ouro e prata nos 200
m e nos 100 m borboleta], como lembra Ricardo Moura. “Daí que esses
Jogos de Nanquim assumem importância fundamental para avaliações, dentro
de 2014, que para nós é um ano estratégico”, disse.
Márcio Latuf, técnico de Matheus na Unisanta (de Santos), seguirá
para os Jogos da Juventude no comando do grupo masculino, assim como
Wladmílson Veiga estará à frente do feminino. Latuf diz que depois do
estágio em Portugal, os garotos retornaram aos clubes no Brasil e as
meninas seguiram para duas etapas do Mare Nostrum: em
Canet-et-Roussilon, na França.
Em julho, haverá atletas que seguirão para treinos em altitude, para
aprimorar o condicionamento aeróbio, em Flagstaff, no Arizona, Estados
Unidos. Em São Paulo, dois dias antes do embarque para a China, o grupo
de nadadores para os Jogos da Juventude treina no Corinthians. E ainda
terão os treinos de aclimatação em Macau, de 6 a 12 de agosto.
Geração que já incomoda “os de cima”
Sobre seu atleta Matheus Santana, Márcio Latuf lembra que sua evolução
foi bem rápida. “Ele é um nadador muito técnico. Temos de aprimorar
força e detalhes dessa parte técnica. Em Rio Maior, o CT que fica perto
de Lisboa, contamos com um biomecânico para isso. Para nós, os Jogos da
Juventude serão um trampolim para os Jogos Pan-Americanos de Toronto
2015 e depois para os Jogos Olímpicos do Rio 2016”, revela.
Para Latuf, esta geração mais nova “é fortíssima e já está
incomodando os de cima, competindo no nível adulto e chegando a finais e
medalhas como do Campeonato Brasileiro Absoluto” (vale lembrar que o
recorde mundial dos 100 m livre adulto, de Cesar Cielo, é de 46s91).
Na volta dos Jogos de Nanquim, depois de poucos dias haverá o Troféu
José Finkel e o técnico espera que Matheus consiga vaga para o Mundial
em Piscina Curta em Doha, no Catar, de 3 a 7 de dezembro. Será o
primeiro Mundial do nadador, que vem mostrando evolução rápida,
conseqüência, segundo ele mesmo, “de dedicação, treino duro,
consciência”.
Entre a chegada e a competição de 1º a 6 de setembro, em
Guaratinguetá, em São Paulo, o nadador ainda estará sob efeitos do fuso
horário. Mas Matheus garante que estará pronto para brigar por vaga em
seu primeiro Mundial: “Vou ter de tirar coelho da cartola... Mas tenho
de trabalhar no ritmo que tem de ser E estou bem feliz”, finaliza.
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