Muitos atletas, principalmente os de alto rendimento, afirmam que o
esporte vicia. Prova disso é que alguns deles tentam se aventurar em
novas modalidades em busca de mais desafios, adrenalina, oportunidades
ou conquistas. E é exatamente isso que aconteceu na vida de Pedro Rocha.
Aos 20 anos, ele já praticou diversos esportes. O início de tudo foi
bem cedo, com apenas três anos, no jiu-jítsu, ao lado de seu irmão João
Gabriel. Depois, ele fez natação, polo aquático, judô e acabou na luta
olímpica estilo livre, onde agora aposta todas as suas fichas. O carioca
ainda faz uma pontinha no MMA. Ele treina o wrestling de nomes como William Patolino (peso meio-médio) e Daniel Sarafian (peso médio), ambos com contrato com o UFC e ex-participantes do reality show "The Ultimate Fighter", o TUF.
Tudo
começou quando sua mãe decidiu matricular ele e o irmão no judô. O que
ela não sabia é que havia inscrito os filhos na aula de jiu-jítsu por
engano. Assim que descobriram, os pais quiseram tirar os filhos da
modalidade, que era "esporte de playboy", segundo Pedro. Mas o pai,
Adilson, acabou gostando e os deixou na modalidade, o que rendeu frutos.
Mesmo com apenas 10% de audição em um dos ouvidos, João Gabriel se
desenvolveu tanto que chegou a ser campeão mundial faixa preta e campeão
brasileiro em 2013. Além disso, venceu os torneios nacionais em todas
as faixas.
- Meu irmão era muito bobão no colégio, e eu
mordia todo mundo, brigava muito. Ele era meio lerdão e não escutava bem
de um ouvido. Eu precisava de disciplina. Foi o jiu-jítsu que nos deu o
que precisávamos. Ainda treinei judô no Instituto Reação (do ex-judoca
Flávio Canto) também. Fiz natação e acabei pulando naturalmente para o
polo aquático (com 13 anos), que me deu agressividade para a
luta. No polo, a porrada come. Você sai na porrada e volta
para marcar. Acontece bastante do cara lá fora (no exterior) sair do
polo e ir para a luta. Eu me encontrei na luta olímpica. Depois do
Brasileiro, vou para o Canadá treinar o Daniel Sarafian no wrestling
para o UFC - relatou.
Apostando as fichas na luta olímpica estilo livre, onde
disputa a categoria 86kg, Pedro conta que ficou interessado pela
história da modalidade. Além disso, apesar de treinar lutadores do UFC,
ele descarta migrar para o MMA. Seu objetivo está traçado: estar nos
Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, sua terra natal, em 2016. Como tem
apenas 20 anos, projeta conquistar uma medalha nas Olimpíadas de 2020,
em Tóquio, no Japão.
- Eu sempre gostei de competir.
Par ou
ímpar eu não gosto de perder. Nunca sonhei ser campeão mundial de
jiu-jítsu, mas queria ir para
as Olimpíadas. Esse é meu maior objetivo. Durmo e acordo pensando nisso.
Acabou que eu me achei. Foi nessa história de gladiador, antiga, dos
caras que dão a vida por aquilo ali. Mesmo se ficar fora dos Jogos, não
penso em ir para o MMA. Sou muito jovem, é meu primeiro ano de sênior e
tenho 2016 e 2020 na cabeça. Mas treinar com os caras do MMA
me dá uma experiência imensa. É um nervosismo porque são dois meses e
meio de treino
você convivendo todos os dia com eles naquele time, com um evento como
foco - contou o jovem, que começou a treinar em sua modalidade aos 16
anos e, logo de cara, ficou em terceiro lugar em um Campeonato
Pan-Americano.
IMPORTÂNCIA DO PAI D EDO IRMÃO
Apesar de não ter seguido os passos do irmão, que optou por
se dedicar ao jiu-jítsu, Pedro fala com muito carinho de João Gabriel,
definido por ele como um "cara super pra cima". O lutador de jiu-jítsu
está encarando a maior batalha de sua vida no momento: o câncer nos
testículos que se espalhou para os pulmões. Como ele não pode lutar, o
jovem de 20 anos diz que "luta pelo irmão". E a figura do pai, Adilson,
também foi de extrema relevância para que ele pudesse chegar onde está.
Aliás, foi a influência dele que fez Pedro descobrir a luta olímpica.
-
Meu pai é meio obcecado com negócio de
treino. Ele sempre levou a gente para treinar. Todo mundo sabe quem ele
é, "é o
coroa, careca, pai do João e do Pedro, que vai em tudo". Ele sempre
buscou tudo para a gente melhorar. Meu irmão era ruim em pé. Ele
pesquisou e o colocou no
wrestling para melhorar. Eu acabei indo um dia e fui treinar na Delfim.
Foi quando comecei. Hoje em dia meu pai ama isso. Ele assiste ao UFC,
todos os eventos,
não perde um, e não falta nenhuma luta minha. Ele respira isso -
concluiu.
Foto: Arquivo Pessoal
Fonte: Globoesporte.com
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