Últimas Notícias

Marchador treina com cães e deixa veterinária pelos Jogos de 2016

Criadores de cães de Staffordshire, na Inglaterra, começaram a imaginar, durante o Século XVIII, uma forma de criar uma raça para dominar as então legalizadas brigas de animais. Cruzaram Buldogues, fortes, com Terriers, agéis e resistentes, até chegarem ao Stafford Bull Terrier. De características semelhantes ao Pitbull, é muito popular na Europa, onde é chamado de nanny dog (cão babá, por seu jeito dócil e de bom trato com crianças). Mais raro no Brasil, ajuda a preparação de um atleta olímpico apaixonado por animais e que foca a Olimpíada de 2016: Mário Junior, da marcha atlética.

"É uma raça extremamente atlética, eles aguentam muito, então chego do treino todos os dias e faço uma caminhada com eles. É bom para dar aquela relaxada, para baixar a adrenalina. Quando eu chego, eles já ficam desesperados. Coloco a guia e levo para passear", explica Mário, ao site Terra. Criador da raça, tem quatro cachorros em casa, mas costuma passear com dois por vez. "Só caminhar até a pracinha e voltar, para eles, é como se não fizesse nada. E o ritmo é intenso, não é um passeiozinho, não", afirma. As caminhadas são de até 5 km, uma forma de "desaquecer" o corpo cansado e liberar a mente.

Para Mario Júnior, fazer 5 km sendo puxado por dois cães extremamente fortes é uma espécie de relaxamento – nos treinos da marcha atlética, faz até 50 km. No último dia 22, ele quebrou o próprio recorde brasileiro da prova ao fazer 3h57min29 em Dudince, na Eslováquia. Também compete na marcha de 20 km. Cachorros provavelmente não conseguiriam percorrer essa distância, mas os cavalos, outra paixão de Mário, fazem com facilidade. Sua especialidade, como veterinário, é os equinos. Essa atividade, no entanto, vai ficar de lado pelos próximos anos pelo sonho de encerrar a carreira nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

"Eu acho que todo atleta tem que ter um hobby, porque você precisa descansar a cabeça, algo que não te consuma tempo e sua parte física. Veterinária, para mim, é um hobby. Não tenho horário programado. Acontece que, como atleta, você é intenso em tudo o que faz. Sempre levei com muita dedicação. Chegou um momento da carreira em que as coisas convergiram e precisei decidir se ia fazer bem uma só coisa", afirma Mario. Se a próxima Olimpíada não fosse no Brasil, provavelmente a escolha seria outra. Mas o Rio 2016, para ele, “é a cereja do bolo” na carreira de 22 anos. "O coração falou mais alto".

Assim, vai focar os treinamentos e competições preparatórias enquanto mantém os estudos para os mestrados. Esse ano, é dono do 14° melhor tempo do mundo na prova de 50 km e espera se classificar para os 20 km na Copa do Mundo que será disputada em maio, em Taicang, na China. Ainda terá o Troféu Brasil pela frente. Aos 34 anos, tem duas Olimpíadas no currículo e muita experiência. "Veterinário de equino eu vou poder ser a vida toda. Esporte tem dia para começar e acabar. É agora ou nunca", diz.

Talvez após os Jogos de 2016, Mário Junior possa ser veterinário em tempo integral. Ele aparenta grande potencial: além do mestrado, já estudou e trabalhou em Dubai, nos Emirados Árabes, e costuma trabalhar em um hospital do Texas, nos Estados Unidos, em determinados períodos do ano. Em novembro, recebeu proposta para ficar por lá. O salário era quatro ou cinco vezes maior do que consegue como atleta. Até a família estranhou a recusa. “Com a Olimpíada no Brasil... ia me faltar um pedaço na carreira”, justifica. De qualquer maneira, ainda tem seus cachorros para se divertir, além da companhia nos treinos para 2016.


Foto: Divulgação/Mário Junior
Fonte: Terra/Danilo Vital

0 Comentários

.

APOIE O SURTO OLÍMPICO EM PARIS 2024

Sabia que você pode ajudar a enviar duas correspondentes do Surto Olímpico para cobrir os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Faça um pix para surtoolimpico@gmail.com ou contribua com a nossa vaquinha pelo link : https://www.kickante.com.br/crowdfunding/ajude-o-surto-olimpico-a-ir-para-os-jogos-de-paris e nos ajude a levar as jornalistas Natália Oliveira e Laura Leme para cobrir os Jogos in loco!

Composto por cinco editores e sete colaboradores, o Surto Olímpico trabalha desde 2011 para ser uma referência ao público dos esportes olímpicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Apoie nosso trabalho! Contribua para a cobertura jornalística esportiva independente!

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar