Autoridades brasileiras enfrentam um "grande desafio" para construir
um laboratório antidoping em tempo para a Olimpíada de 2016 no Rio de
Janeiro, disse nesta terça-feira o chefe de um laboratório antidoping
suíço, Martial Saugy.
O laboratório de Saugy será o responsável por testar as amostras
durante a Copa do Mundo no Brasil, depois que a Agência Mundial
Antidoping (Wada) descredenciou o laboratório Ladetec, único credenciado
no Brasil para realizar exames para substâncias proibidas.
O cientista, no entanto, disse que a construção a partir do zero de
um laboratório que seja capaz de processar milhares de testes durante os
Jogos Olímpicos seria uma "tremenda tarefa", mesmo ainda faltando dois
anos para a competição.
"Isso é um grande desafio. Significa que agora que o laboratório foi
descredenciado e, até onde sabemos, eles estão reconstruindo um novo
prédio para o laboratório da Olimpíada no Rio, e eles terão que refazer
toda a equipe", disse Saugy à Reuters TV.
"Claro que a Olimpíada de Verão, com 12 mil atletas, tem muitas,
muitas mais amostras do que se tem em Sochi (Olimpíada de Inverno, na
Rússia) ou durante a Copa do Mundo, por exemplo", disse Saugy.
A Wada decidiu em agosto que o laboratório do Rio de Janeiro não
atendia ao Padrão Internacional para Laboratórios e revogou seu
credenciamento.
Amostras recolhidas durante a Copa do Mundo terão de ser enviadas de
avião para a Suíça, uma vez que não há um laboratório no Brasil. Isso
levantou dúvidas se resultados positivos de doping seriam descobertos a
tempo de impedir que os jogadores participem da partida seguinte do
torneio.
"Nesse caso, serão testes enormes, todos os jogadores de todas as equipes serão testados antes da competição", disse ele.
"Então será mesmo muito, 32 times e certamente mais de 20 amostras
por time. Então em menos de um mês dará um enorme trabalho ser rápido o
bastante, então vamos certamente convidar outras pessoas de outros
laboratórios para o nosso laboratório para que seja rápido e para
trabalharmos 24 horas por dia."
Mas o desafio de acabar um novo laboratório para a Olimpíada é ainda mais difícil.
"É uma tremenda tarefa, eu acho, para as autoridades brasileiras ter
que reconstruir isso agora, algo com credibilidade, algo que funcione
perfeitamente e em que se possa confiar, e estamos discutindo a
questão", disse.
"O Comitê Olímpico Internacional está pensando bastante sobre isso. A
Wada também está organizando debates para solucionar um problema,
porque nós sabemos que para começar do zero, dois anos é muito, muito
pouco."
Em novembro, o Ministério do Esporte disse esperar que o Ladetec,
ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), seja
recredenciado e autorizado a fazer exames antidoping no segundo semestre
de 2015, a tempo do Jogos Olímpicos no Rio.
Fonte: Terra/Reuters
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