Apesar dos sotaques carregados e dos sobrenomes complicados, o armênio Eduard Soghomonyan e o cazaque Marat Garipov não escondem o maior desejo: conquistar medalhas para o Brasil na luta olímpica. Nascidos em países onde a modalidade tem o apelo popular que o futebol tem para os brasileiros, os gringos apostam no crescimento do esporte, mas ainda esbarram na burocracia para defender as cores verde e amarelo.
Já são quase quatro anos morando no Brasil, mas até hoje, Garipov, ou simplesmente "Gary" como é chamado pelos colegas lutadores, ainda não conseguiu os documentos necessários para representar o Brasil em competições internacionais.
- Já estou no Brasil sem ver neve no Cazaquistão há quase quatro anos. Meu visto vai acabar em março e não sei o que vai acontecer comigo. Eu quero ficar, mas aqui tem leis e regras que ainda não sei se vão se resolver. Preciso do visto de permanência. Já fiz de tudo e não sei o que falta para os responsáveis pelo processo entenderem que quero lutar pelo Brasil - desabafa o emocionado Garipov, que já foi vice-campeão mundial na categoria até 55kg, na modalidade greco-romana.
Como o Cazaquistão e a Armênia são potências da luta olímpica, a dificuldade em se firmar no país de origem motivou os atletas a buscarem novas oportunidades. A chance para Soghomonyan veio com a ajuda do amigo Ricardo Mikaelian, lutador de jiu-jítsu e descendente de armênios, que abrigou o atleta em São Paulo. Com o currículo recheado de bons resultados, como a quinta colocação no Mundial em 2010 e três títulos nacionais na Armênia, Eduard aguarda ansiosamente pela regularização de seu visto.
- Quero ajudar bem rápido. Eu quero ajudar com o que posso na seleção brasileira. Antes os soviéticos eram soberanos, mas agora todos sabem o que é a luta. No Brasil contamos com professores cubanos que sabem o que é treinar, o que é trabalhar, e o que tem que fazer para ganhar. O Brasil é muito quente e tem muita gente boa. Eu viajei pela Europa e competi em alguns outros lugares, mas nunca vi gente como aqui no Brasil. No meu país uma derrota significa o fim, mas aqui não, são inteligentes e procuram trabalhar o que é necessário para evoluir - disse Soghomonyan, que luta na categoria até 120kg da modalidade greco-romana.
A Confederação Brasileira de Lutas Associadas (CBLA) não esconde o desejo de ter os estrangeiros fazendo parte da seleção. O andamento da naturalização está sendo acompanhado pela entidade, que espera contar com os atletas reforçando o time brasileiro nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio.
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