O Brasil prepara seu rúgbi com o pensamento voltado para os Jogos
Olímpicos de 2016 com duas palavras de ordem claras: ser competitivo e
colocar a bandeira nacional no pódio, embora saiba que o caminho para se
igualar com países com mais tradição seja longo.
Assim assegurou à Agência Efe o superintendente técnico da
Confederação Brasileira de Rúgbi (CBR), João Nogueira, responsável pela
coordenação das seleções masculinas e femininas e para quem a "única
expectativa é fazer um bom trabalho" que permita às equipes "participar
com dignidade".
A meta pode ser modesta para países com alguma estrutura para o
rúgbi, mas é ambiciosa para o Brasil, o país do futebol e no qual a bola
oval é praticamente uma desconhecida.
Nogueira é especialmente otimista com as chances do time feminino,
que, segundo assegura, poderia "estar entre as cinco ou seis melhores
equipes do mundo" em 2016. "Se chegarem a essa margem, estarão entre os
candidatos à medalha", assegurou.
Para chegar a esse objetivo em 2016, primeira vez na qual o rúgbi em
sua modalidade de sete será parte do programa olímpico, a CBR selecionou
14 jogadoras profissionais que trabalham e treinam juntas em um centro
de alto rendimento em São Paulo.
Deste modo, segundo Nogueira, "se cria um grupo mais competitivo que
pode chegar a um nível mais alto e ficar entre os cinco ou seis maiores
concorrentes de mundo".
Além disso, mantém-se um segundo grupo de meninas mais jovens "muito
promissoras" que tem um "regime de treinamentos diferentes e que recebem
uma ajuda financeira".
A jogadora e capitã durante os últimos quatro anos da equipe
feminina, Júlia Sardá, considera esse passo rumo a uma concentração
permanente como algo "fundamental", já que, segundo afirmou, pela
primeira vez tiveram a oportunidade de "um trabalho bem feito e aprender
como é ser desportista em tempo integral".
"A maior diferença é que podemos nos identificar com o rúgbi, antes
me levantava às cinco da manhã para treinar, depois ia trabalhar e
depois treinar, agora o rúgbi ocupa minha vida", disse Júlia.
A capitã também destacou o grande passo dado pelas jogadoras como
conjunto graças à convivência e ao treino contínuo, o que lhes permitiu
jogar sem necessidade de falar. "Só em nos olharmos já sabemos o que
vamos fazer".
O crescimento do time feminino do Brasil também é apreciado nos
resultados internacionais, que não deixaram de melhorar nos últimos anos
e que no último mês de novembro o levou a um marco com seu melhor
registro na primeira partida da temporada da Women Seven World Series.
A possibilidade de enfrentar as melhores equipes do mundo nesse tipo
de torneio permite às brasileiras "evoluir e aprender muito, igual ao
fato de trabalhar com treinadores estrangeiros", acrescentou.
Um pouco mais longe parece a equipe masculina que ainda não obteve um
resultado importante nas competições internacionais e no qual alguns
dos jogadores alternam a modalidade de sete com a mais tradicional de
15.
Para melhorar o nível a CBR reúne com frequência, especialmente antes das competições, 20 jogadores.
Para Fernando Portugal, um dos jogadores mais veteranos da seleção, a
diferença em relação às outras equipes será grande, mas lembrou que "o
rúgbi de sete é diferente e uma seleção inferior tecnicamente mas bem
preparada fisicamente pode ganhar".
"É um jogo traiçoeiro, mas se estamos equilibrados e harmonizados
podemos ganhar de um grande", disse Portugal, que acredita que o Brasil
será uma surpresa nas Olimpíadas.
Fonte: Terra/Agência EFE
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