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Bernardinho comanda a seleção masculina desde 2001 e o Brasil, sob seu comando, disputou domingo passado a 11ª decisão da Liga Mundial em 13 possíveis, com oito títulos. Além disso, houve um tricampeonato mundial, um bi da Copa do Mundo, três finais olímpicas, o ouro em Atenas. Sensacional. Mais do que a Itália conseguiu, na época em que mandava no vôlei. Com o fim do primeiro torneio de mais um e, talvez, último ciclo olímpico do treinador à frente do time, é preciso entender por que não dá falar desse período do vôlei brasileiro como se tudo estivesse dentro do mesmo marco na linha do tempo.

Quando Bernardinho assumiu a Seleção, o elenco era basicamente o do time sexto colocado nas Olimpíadas de Sydney/2000. Com uma ou outra modificação, como, por exemplo, a volta de Ricardinho, que disputou o mundial de 1998, mas não os Jogos de 2000, com Dante saindo da posição de oposto para a de ponteiro passador, e com Mauricio e Giovane assumindo papéis de coadjuvantes, a Seleção se tornou um timaço, não tinha rivais à altura. Fazia o que a Itália fez nos anos 90 e ainda ganhava olimpíada. Entre 2001 e 2007, só não venceu, de campeonato importante, a Liga de 2002. A derrota para a Venezuela nas semifinais do Pan de Sto. Domingo/2003 entrou para o folclore do esporte, mas foi uma mancha quase irrisória no histórico daquele time. O elenco era tão bom, que a contusão no ombro de Nalbert, em 2004, não foi empecilho para o ouro na Grécia.

O que marca o fim desse período sumamente dominante foi a saída de Ricardinho do elenco, às vésperas do Pan do Rio (Meu Deus! Um Pan-Americano!?), num episódio ainda hoje mal explicado, em que ele e Bernadinho se bicaram e demoraram a se entender.

A partir daí, a Seleção continuou sendo time grande, continuou disputando de igual para igual, mas não mandava e desmandava. O título da Copa do Mundo de 2007, por exemplo, veio depois de uma derrota logo na estreia contra os EUA, num jogo que mostrava o que aguardava o Brasil no ano olímpico. Em 2008, um quarto lugar na Liga e a prata em Pequim, com o elenco de média de idade mais alta do torneio, mostravam, inequivocamente, que a geração decaíra e precisava renovar.

Mas não foi o que aconteceu. Os anos que antecederam os Jogos de Londres/2012 mostravam um time que era misto do que conquistara o ouro em Atenas(!), com Giba, Dante, Rodrigão, Serginho e André Heller, com muitos jogadores já estavam perto dos 30, como Murilo, Marlon, Leandro Vissotto, Théo, Mário Júnior, Sidão. No fim das contas, até Ricardinho acabou voltando à Seleção, mas sem acrescentar muita coisa, a três meses das Olimpíadas.

Ainda era um time forte, é claro. E que venceu, naquele ciclo, duas ligas e um campeonato mundial, fechando a conta com uma medalha de prata honrosamente conquistada (ou um ouro dolorosamente perdido) na Inglaterra.

Da saída de Ricardinho, em 2007, ao massacre de Muserskiy, em Londres/2012, a impressão que fica é de uma geração de transição na Seleção Brasileira. Uma geração que, por culpa(?) da sede de vencer Bernardinho, não teve vez no time principal, por exemplo, em Jogos Pan-Americanos ou Ligas Mundiais. Como abdicar de Giba, Dante, André Nascimento, Ricardinho, Serginho ou Gustavo, no tempo em que o vôlei era do Brasil, se com eles o título era quase protocolar?

Agora que o Brasil disputou duas Olimpíadas consecutivas com um time bastante envelhecido, que sofreu com contusões, que vê a Rússia despontar como novo macho dominante na selva de linhas e rede, agora o Brasil, finalmente, dá sinal de que vai renovar, mesmo. À força, sim, mas a geração atual deve disputar os Jogos vai ser mais jovem do que a passou.

É claro que ainda há, no time, caras que estão aí há muitos carnavais – Dante, por exemplo, foi titular da Seleção nas últimas quatro olimpíadas – e nem todos terão condição física ou técnica de se manter. Mas agora fica claro que serão os coadjuvantes. Como Mauricio e Giovane foram, em 2004.

A vez, agora, é de apostar em Lucarelli, Lucão, Wallace, Isac, Renan, Maurício. Se a geração que começou agora, com um vice-campeonato da Liga Mundial, vai ser tão espetacular quanto a de 2007, isso parece improvável. Porque é improvável que, em curto prazo, alguma seleção seja – talvez nem a Rússia seja. Mas que é uma geração que tem tudo para manter a Seleção Brasileira na disputa por títulos, jogando de igual para igual contra os outros grandes e entre os grandes, isso pode ser mesmo. O começo, se não foi empolgante, pelo menos não decepcionou.

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