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Surto Entrevista: Ricardo Prado








Ricardo Prado é um dos grandes nomes da Natação brasileira em sua história. Precoce, aos 15 anos viajava para as olimpíadas de Moscou; aos 17 bate o recorde mundial do 400m Medley; aos 19 era esperança de ouro do Brasil; O ouro não veio, foi a prata, mas isso não diminuiu sua grande atuação nos jogos de Los Angeles. Ricardo se tornou o 'pioneiro' da fase vencedora da natação brasileira, que depois da sua prata nos jogos de 1984 trouxe oito medalhas olímpicas nos jogos seguintes(com exceção de Seoul e Atenas). Batemos um papo com Ricardo Prado por e-mail, e você confere  a entrevista agora:


- Qual foi o seu primeiro contato com a natação e quando você percebeu que poderia ser um grande nadador?

Comecei no esporte aos 3 anos de idade por influencia de meus 4 irmãos mais velhos, numa cidade quente do interior de SP: Andradina. Logo cedo percebi que tinha habilidades mais apuradas do que os outros. 

- Como foi ir a uma olimpíada aos 15 anos, em Moscou?

Foi a realização de um sonho e a constatação de que eu poderia ir mais longe. 

- Você era baixo para os padrões da natação da época. Você chegou a ser visto com desconfiança por causa disso?


Nunca ouvi de ninguém que não poderia chegar lá devido a minha estatura. Eu me acostumei cedo a sempre ganhar dos meus adversários mais altos e mais velhos. 


- No ciclo olímpico entre Moscou/Los Angeles, você 'explodiu' no mundial de Guayaquil em 1982 batendo recorde mundial. Como foi chegar em Los Angeles como um dos favoritos à medalha?

Foi difícil pois era muita cobrança e eu não ganhava nada em troca, como melhores condições de treinamento ou apoio. Cobrança era muita, apoio zero.


- Aliás você passou esse período treinando nos Estados unidos, com o Mark Schubert. Como foi esse período nos Estados unidos, apenas treinando?

Na verdade eu já estava treinando com ele desde o inicio de 1980, ou seja, antes mesmo dos Jogos de Moscou...Mas não era só treinando, eu também estudava, primeiro no high school e depois numa Universidade no Texas.... Toda a minha carreira aconteceu simultaneamente a minha trajetória acadêmica....Hoje vejo que pouquíssimos atletas que estudam e acho isso errado. 

- Já li que você lamenta não ter ganho o ouro olímpico na final do 400m Medley. Você acha que faltou algo para você conseguir o ouro ou o Alex Baumann foi melhor mesmo?

Eu acredito que aquele resultado foi o melhor de mim naquele dia. 



- Você surgiu muito jovem, mas também encerrou a carreira jovem. Por quê?

Consegui meus objetivos rapidamente num ambiente amador e desestruturado...Para ir adiante precisaria de um apoio verdadeiramente profissional, o que era inexistente na época. 

- Quando Thiago Pereira surgiu, muitos o comparavam com você, pois ele também surgiu precocemente, mas ele só conseguiu sua medalha olímpica aos 26 anos. Acha que essas comparações atrapalharam um pouco o Thiago?

Penso que não, vejo o ambiente atual de um nadador de alto nível mais favorável, com melhores treinadores, clubes que investem e pagam altos salários e tem um COB atuante em proporcionar ótimas condições de treinamento e competição. 

- Você trabalha no comitê Rio 2016. Conte um pouco sobre o seu trabalho no comitê.

Nós no Departamento de Esportes do Rio 2016, liderados pelo nosso diretor, o ex-corredor finalista olímpico, Agberto Guimarães, temos a missão de realizar todas as competições das 41 modalidades olímpicas e 23 paralímpicas de acordo com todos os requerimentos técnicos das federações Internacionais e do COI. Eu também lidero um grupo de notáveis conhecedores do movimento olímpico, o Conselho de Esportes Rio 2016, cuja missão é orientar e ajudar a áreas funcionais do Rio 2016 a planejar as entregas, lembrando sempre que o atleta esta em 1º lugar. Nesse grupo temos atletas, ex-atletas e treinadores, gente como Professor (Carlos Alberto)Parreira, Bernardinho, Maurren Maggi, o bi-campeão olímpico Marcelo Ferreira (Vela), os campeões paralímpicos Ádria Santos e Daniel Dias, Joaquim Cruz entre muitos outros. 

- E para você, como será atuação da Natação Brasileira no Rio 2016?

Sinto falta de novos nomes que deveriam ter surgido ao longo da última década....A grande maioria dos medalhistas de 2016 provavelmente já competiram em Londres...Sendo assim penso que colheremos mais frutos após 2016 .Em 2020, 2024 e por aí vai.... 

- Você concorda com a decisão de Cesar Cielo de priorizar uma prova nesse próximo ciclo?

Como ex-nadador, eu gostaria muito de vê-lo competitivo na prova de 100 metros. Mas ele certamente sabe melhor do que eu que provas escolher. 

-Deixe um recado para os leitores do Surto Olímpico.

O Brasil vai realizar um grande Jogos Olímpicos em 2016. Isso acontecera graças a pessoas competentes e comprometidas que hoje estão no Comitê Organizador ...É preciso parar de achar que todo mundo é incompetente e/ou não confiável. Precisamos do apoio de todos.




fotos: rio2016.com, flamengo.com.br

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