Blog Curling Brasil (@CurlingBlogBra)
Primeiramente, agradecemos ao Surto Olímpico pela
oportunidade de tecer alguns comentários sobre o esporte no qual gostamos e há
três anos nos aprimoramos cada vez mais.
Assim, este resumo vai abordar nossa opinião sobre todo este
campeonato e alguns comentários gerais do que nós lemos ou ouvimos dos
espectadores brasileiros ou estrangeiros com os quais trocamos ideias
continuamente, então agradecemos de antemão J. Vamos lá:
Sobre o local do
torneio: não estivemos pessoalmente (quem dera um dia fazer uma análise
dessas in loco, ainda estamo$
tentando), mas nos pareceu ser um campeonato “aconchegante”. Não tinham muitos
lugares disponíveis ao público como vemos em muitas transmissões, geralmente
canadenses, mas não havia grande público. A Letônia ainda é iniciante na WCF,
filiada desde 2001, e já conseguir ser sede de um mundial é um passo largo.
Entretanto lemos em alguns comentários de espectadores que a WCF não pensou na
questão financeira (atrair público), depois implora para que outros países
consigam uma boa renda. Mas, em nossa opinião, foi investimento em longo prazo,
já que o próximo mundial masculino será na China e assim se pretendem chegar
locais pouco escolhidos para sediar jogos, e achamos isso excelente.
Sobre o torneio em
si: Num início onde as condições da pista pareciam ser difíceis de dominar,
por estar bastante rápida, mas não houve grandes problemas como já lido/ visto
pela gente. Apenas que na final surgiu um problema com o circuito de detecção
de largada na pedra lançada pela Escócia, o que deve ter deixado a WCF de
antenas ligadas, porque na temporada passada vinha acontecendo vários problemas
com este sistema.
Letônia: Fez um
papel figurativo como anfitriã e parecia bem feliz em sediar o torneio, tendo a
torcida a favor. Só que, mesmo sendo as atuais campeãs da divisão B do Europeu,
mantiveram o mesmo desempenho do campeonato de 2010, em Swift Current (CAN),
com uma vitória apenas. Entretanto em alguns jogos como o contra o Japão chegou
a dar uma pressionada, mas facilmente foi superada.
Alemanha: Não dizemos
que foi a grande decepção do campeonato, porque parece que não é só com a
equipe de Andrea Schöpp que esta queda de desempenho acontece, mas com as
equipes do país, vide o rebaixamento da equipe masculina no Europeu para a
divisão B. Acreditamos que a equipe sofre com as baixas de Mélanie Robillard e
Monika Wagner, mesmo tendo a campeã mundial mais jovem do mundo, Stella Heiss.
Muitos comentam que precisa ter uma renovação, desfazendo a parceria com os
irmãos Schöpp (Rainer, o técnico, é irmão de Andrea), mas muito também tem da
renovação da equipe e talvez da lesão anterior da Dra. Schöpp.
Itália: Mesmo com
o desempenho melhor que o da Alemanha, não ofereceu perigo para as equipes
principais do campeonato. Como não disputa campeonatos fora da Itália, ou não se
tem acesso a mais informações do time de Diana Gaspari, não é possível fazer
análises mais detalhadas sobre estilo de jogo, porém a capitã não tem um bom
percentual de acurácia.
China: Betty Wang
e suas companheiras provavelmente passam por uma má fase. A começar pelo uso do
“estabilizador”, equipamento utilizado
geralmente pra quem não consegue se ajoelhar com facilidade ou possui lesão. A
capitã nunca havia usado em competições internacionais, o que pode denotar
alguma lesão na atleta (não encontramos nada sobre). Era esperado que a volta
de Yin Liu pudesse reforçar a equipe, mas fora o campeonato Ásia-Pacífico, não
houve destaque.
Dinamarca:
Enquanto que nos anos anteriores, a equipe de Lene Nielsen beliscava a vaga nos
playoffs ou disputava o tie-break, este ano não chegou perto. Teve boas
atuações como contra a China, mas no geral Nielsen errou muitas jogadas de
decisão.
Japão: Uma grata
surpresa no mundial, depois de três anos fora de um mundial que tinha tendência
para o retorno de Kim Ji-Sun da Coreia do Sul (inclusive com um posto inédito
dos playoffs ano passado), assegurou o segundo posto. Porém, uma equipe jovem
ainda, tem um bom futuro e a difícil tarefa de substituir bem o time de Moe
Meguro. Destaque para a terceira, Mio Ichikawa.
Rússia: Começou
até bem o mundial, mas deu uma “Olguice”
no final. (Olga
Andrianova era a antiga técnica deste time russo e tinha o costume de, no
meio do jogo ou a cada partida, mudar a configuração do time - engraçado que
neste período a única que não foi capitã foi a Kate Galkina). No desespero,
mudou-se a configuração, voltando Lucy Privivkova a capitanear no jogo contra
os EUA. Entretanto não resolveu a queda de rendimento, entretanto Anna Sloan
(SCO) fez uma afirmativa que durante o campeonato todo Lucy estava em bom
momento. Anna Sidorova é uma ótima jogadora e a equipe venceu o Europeu em 2012,
mas talvez a tomada de decisão denote que a capitã precise de mais confiança,
como afirmou Marcelo Mello em transmissão.
Suíça: Silvana
Tirinzoni, embora rechaçada por ter vencido Mirjam Ott, faz parte do Top 5
suíço, que inclui os times de Michèle Jäggi,
Binia Feltscher-Beeli e Manuela Siegrist (que fez papel de
reserva no time de Tirinzoni). Entretanto, a substituição de Marlene Albercht
por Manuela não resultou muito boa, por talvez a jogadora não estivesse em
ritmo de jogo e entrosada com a equipe onde foi inserida. Talvez isso que
prejudicou a equipe de chegar mais longe que suas compatriotas. Esta equipe vem
melhorando ao longo do tempo, ganhando alguns campeonatos da CCT e ficando em
primeiro lugar nesta temporada, graças também ao trabalho desenvolvido junto ao
canadense Brian Chick (que
já esteve no Brasil dando aulas).
Estados Unidos:
Dra. Erika Brown e suas companheiras, depois de um desempenho “na trave” em
Swift Current (último campeonato que participaram, mas com Nina Spatola no
lugar de Debby McCormick, que jogava com Alisson Pottinger), conseguiram superar
a Suíça e fazer pressão inclusive no Canadá, que não venciam há muito tempo.
Canadá: A grande
promessa do Canadá ganhou sua chance de representar mundialmente em uma
competição adulta, depois de conquistar uma prata no juvenil de 2010. Por ser
uma equipe muito forte, apesar da pouca idade, era candidata ao título e quase
o conseguiu (embora a campanha no “Round
Robin” começasse com tropeços), numa jogada que criou muita polêmica na
semifinal com a Escócia. Ao optar por um takeout, deixou uma galera no Brasil e
no mundo com uma pulga atrás da orelha, afinal: se ela fizesse um draw, não
seria mais seguro?
P.S. A Jéssica (uma das meninas do blog) apelidou a Rachel Homan de “vid4lok4” pela
sua ousadia e por ter optado pelo takeout. Mas alguns espectadores canadenses
criticaram o técnico Earle Morris por não ter aconselhado a fazer três pontos
no end que Emma Miskew sugeriu. Concluindo, a equipe mostrou muita
personalidade, mas com certeza terá mais destaque no futuro.
Suécia: Campanha
impecável, como vem apresentando em todos os campeonatos mundiais em que
participam. Maria Prytz inclusive estava em um momento muito bom, com mais
segurança e boas jogadas. Por ganhar de 11 x 2 das escocesas e também vencê-las
no playoff, era esperada a vitória de Maggan Sigfridsson. Como no curling nunca
a lógica é uma coisa certa, elas foram literalmente “apagadas” na final, embora
houvesse equilíbrio durante a partida. Muitos questionaram porque a equipe
estaria ali, se no Nacional quem venceu foi a equipe de Anette Norberg (que, esclarecendo, não é
a mesma das olimpíadas, as
garotas se aposentaram, e é quase a mesma que venceu em 2011, com exceção
de Lotta Lennartson, que se afastou, dando lugar à Sabrina Kraupp). Porém
durante os torneios do WCT/ CCT e também no SM-Veckan, Sigfridsson superou
Norberg, o que pesou na escolha.
Escócia: Equipe
de campanha também muito boa, empatando com a Suécia e apenas no critério de
desempate ficando atrás, conseguiu controlar o nervosismo e o risco de derrota
na semifinal. Suas jogadoras, embora jovens, são experientes em torneios
internacionais e venceram o europeu em 2011. A experiência destas jovens falou
mais alto durante todo o campeonato e uma Eve inteligente fez o título merecer
as mãos que hoje o detém.
A transmissão: Muito boa tática do WCF ao disponibilizar
jogos que não seriam transmitidos pela TV paga brasileira aos espectadores
(embora com problema de conexão). E claro, disponibilizando a outros países pra
desenvolver no esporte. E o Sportv finalmente percebeu que tem um grande
público que ama este esporte, inclusive incluiu uma partida que não estava no
calendário pra gente acompanhar. E os comentários do Marcelo, sempre muito
bons, embora usassem alguns narradores sem intimidade com o jogo.
Agora esperemos o pré-olímpico, que terá a participação das
equipes da Alemanha, Itália, China, Japão, República Tcheca, Letônia e Noruega,
que participaram desde 2011, mas não conseguiram se classificar por pontos. As
equipes que já se classificaram são Suécia, Suíça, Canadá, Grã Bretanha
(Escócia), Estados Unidos, Dinamarca e Coreia do Sul, além da Rússia, por ser a
sede.
E nós não paramos aqui, tem o masculino, o mundial de duplas
mistas e sênior... ufa. Overdose de curling nesta semana :D Queríamos falar
muito mais, mas como esse é só um resumo, vc pode nos seguir no twitter e
mandar sua pergunta, sugestão ou errata.
Um HARD pra todos e até breve!
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