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Promessa em Atenas, esgrimista faz vaquinha para treinar e quer Rio 2016

Élora (segunda à esquerda) ao lado de Renzo Agresta no embarque dos atletas da esgrima do Brasil para as Olimpíadas de Atenas



Élora Pattaro era apontada como um prodígio na esgrima. Aos 17 anos, faturou a primeira medalha do Brasil em um Mundial e aos 18 disputou as Olimpíadas de Atenas, em 2004. Pouco depois, largou a carreira. Voltou após um trato sobre os Jogos do Rio 2016 e, agora, faz uma vaquinha na web para conseguir verba para treinar fora do país.

Aos 27 anos, a atleta do sabre tenta juntar dinheiro para um período nos Estados Unidos antes do Pan-Americano da modalidade, que começa em meados de junho, na Colômbia. Para isso, a amiga e chefe Melissa Harkin teve a ideia de criar uma vaquinha em uma rede social.

“Élora me falou que tinha patrocínio para competir, mas que precisava treinar fora para jogar de igual para igual no campeonato. Eu morei muito tempo no exterior, sou casada com americano, e lá fora é muito comum fazer vaquinha, o crowdfounding . Resolvi fazer aqui e pedir ajuda aos amigos”, conta Melissa, que conheceu Élora depois de uma indicação de emprego. Melissa é dona de uma empresa de tradução e Élora, além de esgrimista, é professora de inglês, faz tradução e interpretação de texto e hoje trabalha para Melissa.

Apesar da boa intenção da amiga, Élora não teve a melhor reação ao saber da iniciativa. “No começo eu falei que não, que não iria sair por aí pedindo dinheiro. E quando ela me mostrou, a página já estava praticamente pronta. Ela me convenceu de que era normal lá fora e aceitei, mas ainda fico constrangida e com muita vergonha”, afirma a esgrimista.

A dupla ainda tem mais um mês de vaquinha, prevista para ser encerrada no dia 20 de abril, e o objetivo é conseguir R$ 5 mil. Até o fechamento da matéria, elas já tinham 30% deste valor. “Ficou legal porque as pessoas se sentem envolvidas e parte da preparação de uma atleta”, ressalta Melissa. “Esse envolvimento é muito bom e eu me sinto apoiada e incentivada para competir”, completa Élora. Clique aqui para participar da vaquinha.

Além da vaquinha, Élora Parrato conta com patrocínio para se manter. Ela faz parte do Programa Petrobras Esporte & Cidadania e recebe da empresa bolsa-auxílio e outros benefícios, além de verba para as competições. Entretanto, o programa não abrange treinos fora do Brasil.

“A verba é muito importante e me ajuda a me manter como atleta. Com ela consigo dedicar metade do meu tempo todos os dias aos treinos”, afirma Élora, que ainda dá aulas e trabalha como tradutora. “A dificuldade está em se preparar para competir. Eu treino todos os dias, mas com gente mais nova. Fiz uma média e são meninas de 16 anos. E ninguém consegue, jamais, se preparar para competir em alto nível com iniciante. Assim, chega na competição e não consegue fazer muita coisa”, explica a atleta. Por isso a ideia da temporada nos Estados Unidos.

Volta ao esporte e um trato sobre Rio 2016

Quem vê Élora se dedicando à esgrima e fazendo planos não imagina que ela já teve uma relação turbulenta com o esporte. “Não conseguia nem pensar em esgrima que eu ficava enjoada”, lembra. Ela teve uma ascensão muito rápida. Começou aos 13 anos, logo se apaixonou pelo esporte e, aos 18, era a primeira mulher desde 1936 a disputar uma Olimpíada na modalidade. Nos Jogos de Atenas, em 2004, ela perdeu logo na primeira rodada, quando enfrentou a então bicampeã mundial Elena Jernayeva, do Azerbaijão. No ano seguinte, deixou a esgrima.

“Nas Olimpíadas eu já esperava isso, porque as chaves são feitas pelo ranking e o meu não era muito bom. Mas teve o Pan-Americano de Santo Domingo, em 2003, e ali eu fiquei muito chateada. Todo mundo esperava medalha e eu fiquei em quarto e ainda competi depois de uma intoxicação alimentar. Estava mal e mesmo assim eu competi”, lembra.

“Eu me apaixonei pela esgrima na primeira aula e foram anos de uma relação muito intensa, daquelas que tem briga e não consegue largar. Mas eu comecei a me sentir pressionada e frustradas com alguns resultados. Também era muito nova e não consegui lidar com tudo isso. Perdi a vontade de competir, treinar e ficava enjoada de pensar nisso. Era físico mesmo”, conta.

Élora abandonou o sabre, a máscara e tudo relacionado ao esporte. “Fui para a Austrália, estudei meio ambiente e fiquei um ano por lá. Voltei, me envolvi com fotografia, comecei e não terminei faculdade de comunicação, trabalhei na empresa do meu pai, comecei a dar aula. Nossa, fiz tanta coisa”, recorda. Quase seis anos depois, os enjoos passaram e a esgrimista teve vontade de voltar. “Senti saudade, tentei treinar e deu certo. Isso foi no final de 2009, pouco antes do Rio ter sido escolhido sede das Olimpíadas”.

E escolha da cidade foi um empurrãozinho a mais para volta de Élora. Ou quase uma obrigação. “Estava conversando com o Renzo [Agresta, esgrimista do Brasil que também joga no sabre] pela internet e ele me propôs um trato: teria que voltar a competir sério se o Rio fosse escolhido sede dos Jogos. Eu dei risada e não acreditava que o Rio fosse ganhar. Três dias depois, o Rio foi eleito e tive que voltar de verdade”, explica. “E a minha primeira competição foi um Nacional e fiquei em segundo. Aí vi que não estava tão mal assim e deu vontade de continuar”, completa.

O tempo afastada fez bem à atleta. “Eu mudei muito. Eu não tinha vida social e nem sentia falta porque nem sabia como era isso. Quando parei que fui conhecer. Eu era muito ausente. Na escola, não participava de nada. Hoje sou diferente, mais tranquila”.Se as Olimpíadas no Rio “obrigaram” Élora a voltar, os Jogos também servem como meta. “Voltei e o objetivo é disputar as Olimpíadas. Por isso quero treinar fora e tentar ir bem nas competições”. No momento, ela lidera o ranking nacional no sabre.


Fonte: IG Esporte

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