O relógio apontava que as 15h30 estavam próximas. Os fanáticos pelo esporte voltavam seus olhos para a final dos 400m medley dos Jogos Olímpicos de Londres. Na piscina, havia oito atletas, contudo, o mundo só conseguia enxergar dois, só se falava de dois em específico: Ryan Lochte e Michael Phelps. Os dois norte-americanos são apontados como os dois maiores nadadores da atualidade e o confronto entre ambos é/era um dos duelos mais esperado por todos. A certeza de que um ficaria com o ouro e outro com a prata era quase uma verdade universal. Só que esqueceram de que existiam seis outros atletas na condição de franco-atiradores e com a real condição de surpreender.
Thiago Pereira. 26 anos. Sem grandes conquistas internacionais no currículo, além do status de que é uma invenção da mídia, sempre amarela em grandes competições e só é capaz de ganhar medalhas em Pan-Americanos. Não era possível confiar que ele poderia ganhar uma medalha, ainda mais com a perca de fôlego no nado livre (o último antes de fechar).
Até que chegou a grande hora. Todos de olho na raia 3 e na raia 8. Nelas, Lochte e Phelps, respectivamente, começaram brigando cabeça a cabeça para assumir a ponta. Não tardou para Ryan abrisse vantagem na ponta e colocasse uma larga vantagem em relação aos demais nadadores.
Ainda tinha medalhas de prata e bronze em jogo. Era possível confiar no japonês Kosuke Hagino, em Phelps e em Chad Le Clos nessa briga, mas não em Thiago Pereira.
O brasileiro estava lá na raia 6. Não brilhou durante o início da prova, ficou ali de espreita, procurando saber a hora de partir pra cima com intensidade. E a hora foi no nado peito. Thiago virou em 2° se manteve nessa posição, abriu grande vantagem para o 3º colocado. Mas ainda tinha o nado livre, era o estilo em que ele costumava "pipocar", não dava pra se animar tanto, contudo, dava pra torcer.
O fanático torcedor brasileiro foi junto com ele. O torcedor gritou "Vai, Thiago" (grito que consagrou sua mãe durante o Pan do Rio em 2007) e este foi o combustível. O nadador pode não ter sentido, muito menos imaginar o quanto isso tudo foi grande, todavia, dá para garantir que foi um combustível a mais, um enorme incentivo que o fez se manter na segunda posição e assegurar uma medalha de prata.
Não ligo se Lochte foi ouro, se Hagino foi bronze, muito menos me importo se Michael Phelps foi bronze. O quem vem a caso que é que ele chegou lá, Thiago Pereira conquistou a prata, animando ainda mais um dia heróico para o esporte brasileiro.
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