Uma das potências do atletismo recebeu uma grave acusação nas vésperas do Mundial de 2019 em Doha, Qatar. Um documentário produzido pela rede televisiva alemã ZDF mostra que ao menos 8 dos 48 atletas (27 homens e 21 mulheres) que estarão na próxima competição usaram a substância eritropoietina (EPO). E, segundo a denúncia, todo o procedimento era realizado em parceria entre a Federação de Atletismo do país e a Agência Anti-Doping do Quênia (ADAK em inglês).
Um dos funcionários da ADAK explicou como eram feitos os acordos. "Eles ocultam os resultados dos atletas, para que não possam ser penalizados. O Atletismo do Quênia e a ADAK trabalham juntos e ganham dinheiro com isso porque os atletas ou seus gerentes precisam pagar para esconder o positivo".
Em respostas às acusações, Barnabas Korir, membro da Federação do país afirma que a organização garante que a equipe nacional siga às regras. "Com essa equipe, conversamos com mais intensidade, realizamos seminários, explicamos todos os regulamentos internacionais e realizamos testes. Às vezes, os atletas sabem as consequências: se alguém estava dopando, ele é expulso da equipe e nunca mais usa as cores nacionais do Quênia".
O EPO é um hormônio produzido pelo rim que estimula a médula óssea a produzir glóbulos vermelhos (hemácias), responsáveis pelo transporte de oxigênio na corrente sanguínea. Assim, a maior concentração desse hormônio significa maior produção de energia aeróbia, aprimorando a performance de ciclistas, corredores de longas distância e atletas de resistência. Apesar desse benefício aparente, o excesso de EPO pode provocar infarto e ataque cardíaco.
Reações da IAAF
Brett Clothier, presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF em inglês) se posicionou quanto ao caso. "Essas são acusações muito graves e não somos tão ingênuos em dizer que esses problemas e corrupção não existem no Quênia. Estamos sempre abertos a sugestões e tentamos investigar essas acusações".
O próprio Clothier ameaça o país acusado: "Existem 5 países chamados categoria A, ou seja, nesses países há intensos problemas de doping e, portanto, eles têm regras e regulamentos muito estritos de nossa parte que devem cumprir. O Quênia é um deles." Lembrando que o país é o terceiro em maior número de casos de dopagem desde 2004. A Agência Mundial Anti-Doping registrou 138 casos, 95% deles envolvendo corredores de longas distâncias.
Foto: Simon Maina/AFP
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