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COB entra na campanha Setembro Amarelo e realiza evento sobre importância da saúde mental e prevenção ao suicídio


O Comitê Olímpico do Brasil (COB) entrou no Setembro Amarelo. No mês que marca a campanha sobre a importância do diálogo para a prevenção ao suicídio, o COB reuniu em sua sede, no Rio de Janeiro, na quarta-feira 18, atletas, técnicos, convidados e colaboradores para uma palestra com o psiquiatra Eduardo Birman, especialista no assunto, e para uma mesa redonda mediada pela psicóloga esportiva Aline Arias Wolff, especializada em psicologia esportiva; os ex-atletas olímpicos Antonio Carlos Moreno, que hoje atua como coach de diversos atletas brasileiros; e Daniela Polzin, arquiteta do COB; além do próprio Dr. Birman. Entre os cerca de 200 participantes do evento, estavam a campeã olímpica Sarah Menezes e a técnica da seleção brasileira de judô, Rosicleia Campos.

"Tenho a convicção que muitos dos presentes conhecem alguém próximo que tenha atentado contra a própria vida. Quando era técnico de um clube em Vitória (ES), tive dois atletas gêmeos que cometeram suicídio. É um tema presente e se nos afastamos dele, não conversarmos sobre a importância da saúde mental, não chegaremos a uma solução", disse o presidente Paulo Wanderley, responsável pela abertura do evento.

"Ciente de sua relevância dentro da sociedade brasileira, principalmente junto aos atletas que representam o Brasil nas mais importantes competições do calendário internacional, o COB entrou nesse debate. É mais uma das ações do Comitê buscando o diálogo e a conscientização, como fizemos, por exemplo, com o abuso e assédio e com a prevenção ao doping, entre outros. Os números são alarmantes, mas se a prevenção ao suicídio for discutida de maneira séria, muitas mortes podem ser evitadas", completou.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente um milhão de casos de óbito por suicídios são registrados anualmente em todo o mundo. A cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio e a cada três segundos, uma pessoa atenta contra a própria vida. Entre os jovens, o suicídio é a quarta causa mais comum de morte.

No Brasil, os casos registrados chegam a 12 mil óbitos por ano. É sabido, no entanto, que esse número é bem maior devido à subnotificação, que ainda é uma realidade. Pesquisas apontam que 17% dos brasileiros já pensou seriamente em suicídio e 4,8% deles já elaboraram um plano para isso. Especialmente entre os atletas, profissão de alta exigência e, por isso, muito estressante, é fundamental ter um olhar mais aguçado aos sinais de alerta. Para isso, é preciso abrir o debate.

"O mundo atual é baseado em resultados e, se você não dá, você está descartado. Essa cultura vem aumentando muito os transtornos mentais, que são as principais causas das tentativas ou mortes por suicídio. Eventos como esse mostram uma sociedade envolvida e preocupada com a prevenção. O suicídio é uma morte que pode ser evitada. O COB trazer essa discussão para dentro do seu corpo de trabalho e do seu objetivo final, que são os atletas, mostra a importância que a temática tem", disse Birman, professor da Faculdade de Medicina da Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro.

Quase 100% dos casos de óbito por suicídio estão relacionados a transtornos mentais, em sua maioria não diagnosticados, tratados de forma inadequada ou não tratados de maneira alguma. Entre os transtornos, em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias. Assim, cerca de 90% dos suicídios poderia ser evitado com ajuda psicológica, mas aproximadamente 60% das pessoas que morreram por suicídio não buscam ajuda.

"Atletas não são heróis. São pessoas de carne e osso e também estão vulneráveis", disse Aline Arias Wolff, coordenadora de preparação mental do COB. "Por medo de serem estigmatizados como incapazes, pelo preconceito, muitas vezes os atletas não conversam sobre o tema, não procuram ajuda e, por isso, fica muito difícil encontrar uma solução, um tratamento adequado".

"A gente vive atrás de uma máscara: o atleta é um super-herói, o técnico é superexigente. O momento de fraqueza não é permitido. Existe o medo de ser encarado como um fracasso, como uma pessoa fraca, dentre outras palavras como essa. É importante perceber que pessoas ao nosso redor podem estar passando por problemas sem que a gente saiba. Por isso, é preciso ter um olhar respeitoso, com cuidado, e, realmente, procurar entender os sinais de alerta e oferecer ajuda. Eu que já tenho a fama de ter um coração de mãe com meus atletas, vou ficar mais atenta ainda", disse a técnica do Flamengo e da seleção brasileira de judô, Rosicleia Campos.

Os principais sinais de alerta de que uma pessoa está com pensamentos suicidas são a preocupação com a própria morte; comentários e intenções suicidas, como, por exemplo, frases do tipo "seria melhor se eu não existisse"; isolamento; desfazer-se de objetos e coisas pessoais; e uma tranquilidade repentina. Se você conhece alguém próximo ou está com pensamentos suicidas, procure ajuda. O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma das organizações que busca dar apoio emocional e prevenção do suicídio para quem precisa. Desde 2015 é possível entrar em contato com eles através do telefone, de maneira gratuita, pelo número 188. O atendimento é anônimo. Também é possível acessar o chat online, enviar um e-mail ou ir a um dos postos de atendimento físico.

A grande maioria das mortes por suicídios podem ser evitadas e o diálogo sobre o assunto é o melhor jeito de fazer isso.

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