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Alimentação, clima e fuso horário: os pontos focais do período de aclimatação da seleção brasileira de judô no Japão


O sono vai embora às quatro da manhã e volta com tudo às cinco da tarde. A fome bate na madrugada e, no café da manhã, tem arroz, salmão e macarrão. Some-se a isso o calor dos 32ºC e a alta umidade relativa do ar que amplificam o desgaste físico durante uma sessão de treinos.

Não é fácil. Nos primeiros dias de aclimatação no Japão, os desafios da adaptação a um novo ambiente e numa cultura completamente oposta à brasileira são os primeiros adversários que os judocas brasileiros precisam superar antes de encarar suas lutas no Campeonato Mundial de Tóquio daqui a nove dias. Esse é o tempo que a seleção terá para ajustar o relógio biológico até o primeiro combate na Nippon Budokan.

"A aclimatação é um processo de adaptação do organismo. É o período de resposta do corpo a essa diferença de ambiente até que ele se sinta equilibrado novamente", explica o médico Rodrigo Rodarte, que acompanha os judocas na concentração em Hamamatsu até o início do Mundial. "Existem alguns fatores externos que contribuem para uma melhor adaptação, que são a prática de atividade física, a ingestão de alguns alimentos, uma boa hidratação e o respeito aos horários naturais de luz e noite."

Para auxiliar no processo de adaptação, a comissão técnica da CBJ planejou a logística de treinos e alimentação nos mínimos detalhes a fim de garantir que o atleta alcance seu melhor desempenho na reta final de preparação para a competição mais importante do ano.

Uma das principais medidas para facilitar essa adaptação no Japão foi o ajuste no cardápio das refeições servidas no hotel da delegação. No café da manhã, além das opções da culinária local que também é apreciada por alguns atletas e membros da comissão técnica, por exemplo, há opções mais brasileiras, como pães, queijo branco, mel e granola. No almoço e no jantar, o cheirinho de feijão temperado na hora, a farofa e um cardápio todo adaptado à cultura brasileira trazem um pouquinho de Brasil para os pratos dos judocas mais saudosos do tempero de casa.

"Nós ensinamos o chefe do restaurante do hotel a fazer feijão e farofa. Apesar de alguns atletas estarem muito habituados à culinária japonesa, temos também aqueles que não comem de jeito nenhum. Como é um período longo de concentração é importante trazermos um pouco do Brasil para a dieta dos atletas", pondera a nutriocinista da CBJ, Roberta Lima, que também acompanha a equipe no Japão.

Mas, o maior vilão da aclimatação é, sem dúvida, o "jet lag", a descompensação horária causada pela enorme diferença de fuso horário, uma vez que Tóquio está 12 horas à frente do horário de Brasília. Logo, 10h30 da manhã em Hamamatsu, horário de início do primeiro treino do dia, equivale à 22h30 no Brasil.

Para não sofrer e não dormir no tatame é importante seguir algumas orientações: evitar bebidas estimulantes, como café e chá verde; resistir à soneca da tarde e ingerir alimentos como banana, rica em triptofano que melhora a qualidade do sono; ovo, rico em vitamina B12 que tem papel na regulação do ritmo circadiano; e frutas oleaginosas, que favorecem o relaxamento muscular.

Seguindo essas orientações e tomando os cuidados necessários para uma boa adaptação os atletas chegarão à Tóquio prontos para o combate. São detalhes pequenos como esses, portanto, que, no final de todo o processo de preparação de um atleta de alta performance podem fazer a diferença na busca pela medalha em um Mundial.  

Foto: CBJ/Lara Monsores

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