Últimas Notícias

“Nossa sexualidade não deveria ser um tabu”, diz Babi Arenhart sobre o combate à homofobia no esporte


Por Artur Rodrigues 

A homossexualidade no esporte ainda é um tabu a ser quebrado. Não são todos os atletas que têm coragem de se assumir e a maioria dos que o fazem sofre com o preconceito diariamente. Recentemente, Diego Hypolito assumiu sua homossexualidade publicamente depois de 17 anos de angústia e medo do que poderia vir contra ele pelo simples fato de ser gay. Isso levantou uma questão se os atletas devem realmente assumir suas orientações. Se sim, a partir de quando? A resposta é não, caso não queiram. E sim, se o atleta se sentir à vontade. É o caso de Babi Arenhart, goleira titular da Seleção Brasileira Feminina de Handebol, que trata essa situação com total naturalidade. 

"Eu nunca escondi. As pessoas me conhecem pela minha personalidade, por quem eu sou. Não foi uma questão de me assumir e sim de viver a vida da maneira que eu acredito que devo viver, e as pessoas próximas de mim também me aceitaram de uma forma natural", disse a goleira campeã mundial com o Brasil em 2013. 

Na Europa há quase 12 anos, Babi conta que nunca sofreu preconceito por conta de sua orientação sexual. Ela também não costuma levantar bandeira para a causa. Sempre se expressando de forma discreta, a arqueira do Váci NKSE, da Hungria, vive sua vida de forma tranquila e trata seus sentimentos de uma forma natural. Mas, é claro que isso não a impossibilita de enxergar o que outros(as) atletas homossexuais enfrentam mundo a fora. 

"Eu acho que posso me sentir privilegiada, sei que muitos colegas de profissão sofrem muito com isso, inclusive companheiras minhas. Eu, graças a Deus, nunca sofri nenhum tipo de preconceito”, falou. 

Dentro do elenco, o impacto é inexistente, de acordo com o contato afetivo observado pela goleira com as demais atletas. Para ela, o seu jeito discreto de se abrir e tratar as coisas com naturalidade a ajudam a não enfrentar preconceitos por onde passa. “Eu respeito todos e todos me respeitam. Se alguém me pergunta eu digo sem problema algum que tenho uma namorada e tudo bem. Isso é normal e não deveria ser tratado como se não fosse”, defendeu. 

Babi não vê problema em se expressar abertamente sobre sua homossexualidade. Na verdade, isso a ajuda a ter um bom desempenho dentro de quadra, como ela mesma diz. "Eu acho que para mim seria muito difícil esconder quem eu sou de verdade. Ninguém deveria se esconder por nenhuma escolha que faz na vida.” 

Dessa forma, ela diz que as pessoas são livres em suas escolhas e defende que outros(as) atletas homossexuais tenham a liberdade de se assumirem quando e se quiserem. “Não deveria ser um privilégio falar abertamente sobre nossa sexualidade”, enfatizou. 

Eleita a melhor goleira do Mundial de Handebol Feminino de 2013, ela reforça o discurso de combate à sexualização no esporte e diz que isso faz parte da cultura do Brasil. "As pessoas enxergam sexualidade em todo lugar, não só no esporte. São coisas que acontecem dentro de um escritório ou dentro de quadra, sempre tem alguém que fala coisas abusivas. As pessoas precisam olhar para o que a gente faz na quadra e não relacionar com algo de fora." 

A Seleção Brasileira Feminina de Handebol se prepara para a disputa dos Jogos Pan Americanos, que acontecem em Lima, no Peru. Em meio à preparação feita em São Bernardo do Campo, a delegação realizou um treino aberto ao público. Entre os presentes, havia muitos jovens, entre crianças e adolescentes. Para Babi, essas pessoas veem as jogadoras como exemplos e se vê na obrigação de tratar sua sexualidade como algo natural, assim como todos tratam os relacionamentos entre heterossexuais. Assim, ela se torna um espelho aos mais jovens. 

"Muitas crianças e adolescentes já me perguntaram sobre isso. E eu tento sempre passar a eles uma visão bem natural. Como atleta, meu dever é plantar valores às crianças. Eu tento plantar a semente do amor, sem olhar gênero, cor da pele ou classe social. Sou uma pessoa muito aberta e totalmente livre de preconceitos." 

Ela ainda diz que boa parte do preconceito existente hoje na sociedade vem das pessoas mais velhas e faz uma ressalta. "Muitos adultos também deveriam aprender a lição. As crianças de hoje em dia são mais livres desse preconceito dos que os adultos", finalizou.

foto: Divulgação/CBHb

0 Comentários

.

APOIE O SURTO OLÍMPICO EM PARIS 2024

Sabia que você pode ajudar a enviar duas correspondentes do Surto Olímpico para cobrir os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Faça um pix para surtoolimpico@gmail.com ou contribua com a nossa vaquinha pelo link : https://www.kickante.com.br/crowdfunding/ajude-o-surto-olimpico-a-ir-para-os-jogos-de-paris e nos ajude a levar as jornalistas Natália Oliveira e Laura Leme para cobrir os Jogos in loco!

Composto por cinco editores e sete colaboradores, o Surto Olímpico trabalha desde 2011 para ser uma referência ao público dos esportes olímpicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Apoie nosso trabalho! Contribua para a cobertura jornalística esportiva independente!

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar