Por Juvenal Dias
O judoca Rogério Sampaio e mesatenista Hugo Hoyama são de esportes diferentes, mas fizeram uma tabelinha afinada com o Juvenal Dias para falar dos Jogos Pan-americanos antigos e da preparação para o atual, já que Hugo é técnico da seleção feminina de tênis de Mesa e Rogério é o diretor geral do COB. Confira:
- Quais suas melhores lembranças dos Jogos Pan-Americanos?
Hugo Hoyama: Foi minha primeira grande competição. Você chegar em uma Vila (Pan-Americana) e ver todos os atletas, não só do Brasil como de outros países. É lógico que quando cheguei no Pan-Americano tinha por objetivo lutar pela medalha de ouro, meu técnico era doido, mas a minha preocupação era como eu iria me sentir dentro da Vila. Fiz vários amigos também, acho que essa é uma lembrança boa, fora os pódios e as medalhas. Você ir em uma competição dessas e ver a alegria de todos os atletas de estarem lá, sempre vai ficar marcado.
Rogério Sampaio: Eu me lembro de, quando era garoto, (eu sou de Santos) e dois mesatenistas santistas foram campeões dos Jogos Pan-Americanos (Acassio Vito da Cunha e Aristides Nascimento). Os dois retornaram depois dos Jogos Pan-Americanos de 1979, eu tinha 12 anos, e me lembro deles dando entrevista na televisão. Depois, eu lembro de participar de diversos treinamentos preparatórios da equipe de judô para o Pan de 87. Em 91, que era a edição que eu deveria participar, eu estava na movimento de atletas contra a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), fiquei afastado das competições durante dois anos e meio e perdi a chance de representar o Brasil nesse evento grandioso e que marca carreira dos atletas. Em 2011, como comentarista, fui à Guadalajara e assisti ao Hugo vencendo algumas mais partidas. Então tira essa vivência ainda garoto, depois como atleta e ainda como torcedor.
- Como vocês estão vendo a preparação do Time Brasil para esses Jogos e também já visando a Olimpíada?
Rogério: Os atletas brasileiros de hoje têm uma estrutura muito maior do que na minha época ou na época do Hugo. Hoje o atleta pode ter certeza de que não falta nada na sua preparação tanto para o Pan quanto para os Jogos Olímpicos. Esperamos, com isso, que eles possam conquistar títulos e é o que nós desejamos. Entendo que na competição pode acontecer derrotas, mas o esforço máximo do atleta é o que a gente espera e torce para que isso aconteça.
Hugo: Toda essa ajuda é muito importante para que os atletas fiquem somente focados nos seus treinamentos, na sua competição. É como o Rogério falou, na nossa época não tinha muito disso. Nós tínhamos nossos “PAItrocinadores”, tínhamos que correr atrás de ajuda. Hoje, a equipe feminina (de tênis de mesa) é pensar em ir lá e botar a mão na medalha de ouro. Em Toronto, chegamos para brigar por uma final, o objetivo agora é lutar pelo alto do pódio. É uma pressão que colocamos nas meninas, mas atleta que não sente pressão...
Rogério: O grande atleta se destaca nesses momentos.
Hugo: São atletas muito fortes, muito concentradas. Tenho certeza que vão fazer o melhor para trazer essa medalha de ouro.
- Já que trouxe o panorama do tênis de mesa feminino, o que esperar especificamente de cada modalidade em que são especialistas: judô buscando recuperar bons resultados, tênis de mesa em grande ascensão?
Rogério: Jogos Pan-Americanos são muito importantes para o judô. Já tivemos grandes atletas medalhistas, vencedores. Pela proximidade dessa competição com as Olimpíadas, também serve para melhorar a confiança do atleta, a autoestima. Acredito que o judô brasileiro possa fazer uma bela competição, são 14 categorias em disputa, esperamos ganhar medalhas em todas. Sabemos que não é tão simples ou fácil, mas é a torcida para que isso aconteça.
Hugo: No tênis de mesa, esse ano vai ser legal, porque cada atleta vai voltar a poder disputar quatro categorias. Qual atleta não quer disputar e trazer quatro medalhas? É uma chance maior, vai ser um desgaste maior também. Elas fisicamente e tecnicamente estão bem, o que precisamos trabalhar bastante é a parte mental, para poder participar de cada categoria, chegando às finais. Como já passei por isso, vou poder ajudar nesse aspecto para caminhar passo a passo.
- Quando chegava esse período próximo de alguma competição grande desse porte, o que passava na cabeça quando eram atletas?
Rogério: É aquele momento que toda sua vida começa girar em torno daquele objetivo que foi traçado lá atrás. São três meses que faltam. Você passa a ter uma alimentação mais regrada, seu sono passa a ser melhor programado, para ter um descanso ideal para suportar os treinamentos. Estes também mudam, começa a aumentar o ritmo, fortalecimento maior. Isso tudo faz com que você chegue com uma concentração maior para a competição. E esquecer todo o restante.
Hugo: O que o Rogério falou é o que acontece. Ele passou por Olimpíadas, eu também e por Pan-Americanos. Com os treinamentos, o atleta tem que pensar em um descanso maior. Se pensar que tem que treinar em maior quantidade, pode chegar mais cansado do que deveria. É por isso que é difícil ser atleta. Ter isso na sua cabeça.
Rogério: A programação de treinos nem sempre é mais horas de treinos. Às vezes é um treino mais intenso em menor tempo. Agora, alimentação e descanso são duas coisas fundamentais para o atleta.
Hugo: O atleta que tiver melhor fisicamente no final da competição é o que vai levar vantagem. Aquele que quiser dar tudo logo no começo, chega no final não vai aguentar. Sem deixar de lado a parte mental, pensar no que pode fazer e em seus adversários.
- Qual mensagem vocês podem deixar com relação aos atletas e tudo o que foi feito até agora?
Rogério: Que aproveitem ao máximo a competição, entreguem-se ao máximo pela vitória. Jogos Pan-Americanos marcam a carreira do atleta. Se eu fosse atleta ainda hoje, pode ter certeza que o foco estaria 100% na competição. Um bom resultado coloca o atleta na história do esporte brasileiro.
Hugo: Chegar com a maior concentração, maior confiança possível, não pensando na vitória, pensando em como jogar. Sempre que fizeram isso, conquistaram grandes resultados. É uma competição longa, com jogos cansativos. Mas é desfrutar da melhor forma possível. Aproveitar quando não estiver competindo, ficar na Vila, conversando com outros atletas, sentindo a alegria deles, para quando entrar na competição, entrar bem.
foto: Montagem sobre imagens retiradas do site do cob
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