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Dia Internacional contra a Discriminação Racial: brasileiros que venceram o preconceito e fizeram história nas Olimpíadas


"Todas as pessoas nascem livres, iguais em dignidade e direitos". Assim diz o artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Infelizmente, ainda falta muito para tirarmos do papel e transformarmos essas bonitas palavras em uma sólida realidade. A luta é diária e o Dia Internacional contra a Discriminação Racial é celebrado anualmente no dia 21 de março justamente para fortalecer essa luta contra o preconceito racial ao redor do mundo. 

Infelizmente, ainda é comum presenciarmos episódios racistas. Lembram-se do caso de Rafaela Silva, ouro na Rio/2016? Após ser eliminada das Olimpíadas de Londres/2012, a judoca foi alvo de inúmeras manifestações racistas em redes sociais. Tais ofensas quase as fizeram DESISTIR do esporte. O resto da história nós sabemos, sendo Rafaela é uma das mais importantes judocas brasileiras em atividade e atual campeã olímpica. 

Algo similar aconteceu com Fabiana Claudino, do vôlei, chamada de "macaca" em pleno jogo da Super Liga Feminina de Vôlei. E a história se repete muitas e muitas vezes.

Esse caminho de lutas e batalhas travadas pelas pessoas negras é longa e ainda há muito pela frente. Contudo, histórias de força e coragem como a de Rafaela Silva ou de Fabiana Claudino são transformadoras e ajudam a inúmeras pessoas a se reerguerem e seguirem em frente. A representatividade dos negros no esporte olímpico é inspiradora e nos mostra que todos podem realizar seus sonhos e vencer o preconceito.

O Surto Olímpico, neste dia de reflexão, traz para vocês, de modo sucinto, dez negros que fizeram história em Jogos Olímpicos e no esporte mundial levando o nome do Brasil, como forma de representar tantos que cravaram seu lugar no olimpo e são inspirações para os mais jovens.

RAFAELA SILVA


Vamos continuar falando dela. Rafaela Silva. Você acha que a atleta, depois de se sagrar campeã olímpica e mundial venceu de vez o preconceito? Há um ano, em fevereiro de 2018, a judoca contou em seu perfil no Twitter que o táxi em que estava havia sido parado por uma blitz, momento em que o taxista avisou aos policiais que estava levando a campeã olímpica, enquanto os agentes exclamaram: "Ah, tá... Achei que tinha pego lá na favela". Esteriótipos são outro desafio enfrentado todos os dias. Enquanto a luta persiste, Rafaela continua fazendo um belo papel e é, atualmente, a nº 3 no ranking olímpico, encaminhando-se para mais uma olimpíada. Você tem coragem de duvidar dela ainda? 

MELÂNIA LUZ


Se a paridade de gênero é um sonho que aos poucos começa a se concretizar em nível de Jogos Olímpicos, a caminhada para uma igualdade étnico-racial parece ainda mais longo. Porém, se muito avançou nos últimos jogos, não podemos esquecer da pioneira: Melânia Luz. Foi em 1948, em Londres, que a atleta marcava seu nome na história olímpica brasileira, ao ser a primeira negra a disputar uma Olimpíada representando o país. A atleta representou o país nas provas dos 100m rasos e correu o revezamento 4x100. Não chegou às finais, mas marcou a história contra o preconceito. Ao longo da carreira conquistou vários títulos, entre os quais se destacam o bronze nos 100m e as medalhas de prata dos 200m e no revezamento 4x100m no Campeonato Sul-americano do Rio de Janeiro, em 1947; e o ouro no revezamento 4x100m e a prata nos 200m rasos no Campeonato Sul-americano, disputado em Lima (Peru), em 1949.

ADHEMAR FERREIRA DA SILVA


Precisa de apresentação? Adhemar Ferreira, negro, foi o nosso primeiro bicampeão olímpico (Helsinque/1952 e Melbourne/1956). Seu feito é até hoje lembrando pelo São Paulo Futebol Clube, a quem era vinculado, em cujo escudo as medalhas de ouro de Adhemar estão representadas pelas duas estrelas douradas. O atleta competiu, ainda, em Londres/1948, mas ficou apenas na 14ª posição. Para muitos, é o nosso melhor atleta olímpico. Além disso, foi tricampeão Pan-Americano (1951, 1955 e 1959) e dez vezes campeão brasileiro. 

SÉRGIO DUTRA SANTOS (SERGINHO) 


Outro bicampeão. Não só. Além das duas medalhas de ouro, Serginho ainda conseguiu outras duas de prata. São quatro finais consecutivas em olimpíadas: Atenas/2004 (ouro), Pequim/2008 (prata), Londres/2012 (prata), Rio/2016 (ouro). Aliás, encerrou sua carreira na seleção com o título olímpico e condecorado como MVP dos Jogos. O atleta é um dos melhores líberos da história do vôlei mundial. Acrescente a essa lista um bicampeonato mundial, vários títulos da Liga Mundial (hoje Liga das Nações), entre outros feitos.

JANETH ARCAIN


A terceira maior pontuadora da seleção brasileira na história e a segunda maior cestinha das olimpíadas merecia um lugarzinho aqui. Janeth foi, por muitos anos, o pilar da seleção brasileira. Teve papel crucial nas conquistas das medalhas de prata (Atlanta/1996) e bronze (Sidney/2000) da seleção. Como se não bastasse, não podemos esquecer que Janeth integrou a fantástica seleção campeã mundial em 1994, na Austrália. A atleta ainda foi tetracampeã da liga norte-americana de basquete. Em 2014, tornou-se membro do Hall da Fama do basquete feminino.

KETLEYN QUADROS


A primeira medalha em esportes individuais das mulheres brasileiras foi conquistado por uma negra: o bronze em Pequim/2008. A judoca Ketleyn Quadros gravou seu nome na história e marcou o início de uma nova era para as mulheres no esporte olímpico. Está na corrida olímpica para tentar uma vaga em Tóquio/2020.

HÉLIA ROGÉRIA DE SOUZA PINTO (FOFÃO)


A única mulher brasileira a trazer no peito 3 medalhas olímpicas. Esta é Fofão. Um ícone do esporte nacional. Os bronzes de Atlanta/1996 e Sidney/2000, além do ouro em Pequim/2008. A atleta era extremamente técnica e considerada uma das melhores de sua geração, tanto que foi condecorada com seu nome do Hall da Fama da modalidade.

AÍDA DOS SANTOS


Por 44 anos, Aída ficou marcada como o melhor resultado de uma atleta brasileira em esportes individuais. A atleta do salto em altura foi a única mulher a representar o país em Tóquio/1964 e saiu de lá com a honrosa 4ª colocação. Se não bastasse, ainda deu a luz a Valeska, atleta do vôlei campeã olímpica em Pequim/2008.

JOAQUIM CRUZ


Campeão olímpico em Los Angeles/1984, nos 800m, Joaquim Cruz ainda pode se orgulhar de outra medalha olímpica: a prata em Seul/1988. Além do ouro em 1984, naquela oportunidade Joaquim quebrou o recorde olímpico, completando o percurso em 1:43:00. Foi a primeira medalha de ouro do país no atletismo desde Adhemar Ferreira. Pelos grandes feitos na carreira, em 2007 foi convidado a acender a pira dos Jogos Pan-Americanos, no qual foi bicampeão (Indianápolis/1987 e Mar del Plata/1995).

FABIANA CLAUDINO


O vôlei está repleto de atletas, mas Fabiana não poderia ficar de fora. Bicampeã Olímpica em Pequim/2008 e Londres/2012, ela foi escolhida para ser a primeira condutora do revezamento nacional da tocha olímpica. Na época, Fabiana declarou: "Como mulher e como negra, esse momento representa muito para mim". É considerada uma das melhores centrais do mundo. Mesmo assim, sua trajetória não foi nada fácil. Teve de enfrentar o ódio alheio. Em uma partida de Super Liga foi chamada de "macaca" por alguns torcedores e a resposta dela vem na quadra: Fabiana é atual campeã da Super Liga com o Praia Clube 2017/2018.

RESPEITO

Sem dúvida nenhuma, existem diversos outros atletas brasileiros negros que fizeram história em olimpíadas e o fazem no esporte mundial como um todo, dando orgulho ao Brasil e ajudando a quebrar paradigmas. Que todos se sintam representados na figura dos atletas acima mencionados. O esforço, dedicação e amor desses esportistas têm de ser ainda maior que o necessário para superar as correntes do preconceito e do ódio. 

Terminamos com uma conhecida frase de Nelson Mandela. E que ela se perpetue em nossos corações e pensamentos: "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar".

Fotos: Divulgação 

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