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Patinação Artística: adolescentes são destaques nos Campeonatos do Canadá e EUA ; na Austrália, Brendan Kerry vence pela 6a. vez

Nos principais campeonatos das Américas de Patinação Artística—Canadá e EUA—os grandes destaques além de intensas disputas nas categorias Pares e Dança no Gelo foi a presença de adolescentes de 14 e 13 anos executando saltos complexos ganhando medalhas e liderando programas ante patinadores mais experientes: Stephen Gogolev (na foto, acima) ficou com a prata no individual masculino do Canadá e Alysa Liu com o ouro no feminino individual dos EUA. Na Austrália, Brendan Kerry ganhou seu 6o. título nacional consecutivo.


Canadá:

O Campeonato Nacional do Canadá teve momentos de drama, jogos estratégicos brilhantes e na categoria masculina um garoto de 14 anos recém completos disputando de igual para igual com veteranos. Stephen Gogolev, que treina no Toronto Cricket Club esbanjou saltos quádruplos e dinamismo, liderou o programa curto e apenas por um erro em um salto quádruplo lutz—ironicamente sua maior especialidade—perdeu a medalha de ouro para Nam Nguyen. 

Nguyen, treinado por Robert Burke, já ganhou o título canadense em 2015 e fez a experiência valer. Ele não usou saltos quádruplos na competição, apostou na estratégia de fazer um programa curto consistente que não deixasse  os adversários disparar à frente nos pontos e investiu pesado na interpretação artística e componentes do programa livre, fazendo uma apresentação emotiva e memorável que valeu a vitória.  

O bronze ficou com Keegan Messing, patinador canadense nascido nos EUA. Messing representou o Canadá nas Olimpíadas de PyeongChang junto de Patrick Chan, e é considerado detentor de um dos melhores pacotes artísticos da patinação atual, além de ser um saltador poderoso—ao lado de Yuzuru Hanyu e Artur Dmitriev Jr. é um dos poucos que tem treinado a execução de um salto quádruplo Axel. Na competição, Messing teve problemas de aterrisagem e quedas em ambos os programas, mas ainda assim conseguiu 247.44 pontos na somatória final. 

Outro destaque do dia ficou por conta de Nicolas Nadeau, que após um frustrante programa curto onde não conseguiu mais que 70.16 pontos, fez um programa livre ao som de hits dos anos 80  que levantou a plateia do Harbour Station Hall, saiu aplaudido de pé e liderou a competição por muito tempo. No final, 6o. lugar e boas chances de representar o Canadá em eventos internacionais. Nadeau é um nome elegível e o único já atuando em categorias senior disponível para competições o Grand Prix e as etapas do ISU Challenger Series além do campeão Nam Nguyen e do terceiro colocado Keegan Messing. Joseph Phan e Conrad Orzel, 4o. e 5o. colocados respectivamente, não tem qualquer experiência como senior e o 2o. colocado, Stephen Gogolev só atinge a idade mínima limite para a categoria em 2021.

A competição feminina teve a vitória de Alaine Chartrand, que executou programas limpos e de boa qualidade artística, além de grandes momentos de drama. A favorita Gabrielle Daleman, medalha de ouro por equipes nas Olimpíadas de PyeongChang-2018 voltou às competições após meses afastada em tratamento para controle de depressão, transtornos alimentares e ansiedade. Daleman liderou o programa curto, mas acabou se perdendo após erros severos no início do programa longo, que prejudicaram sua concentração e se multiplicaram sem controle ao longo da performance. Bastante abalada, a patinadora foi amparada por seus técnicos, Lee Barkell e Brian Orser, terminou no 8o. lugar no dia, e em 5o. na classificação final. A prata ficou com Aurora Cotop e o bronze com Véronik Mallet, numa volta triunfal após um ano afastada por lesões. Em quarto lugar ficou Larkyn Austman, uma das integrantes da equipe que representou o Canadá nas Olimpíadas de PyeongChang-2018.

Ainda assim, Gabrielle Daleman—que tem sido uma voz importante na visibilidade e aceitação dos tratamentos de doenças mentais no mundo—teve os esforços elogiados, muito apoio do público e tem ainda chances de fazer parte das equipes do Canadá que vão disputar as principais competições internacionais. 

Tanto Aurora Cotop quanto Larkyn Austman não tem índices suficientes de resultados em provas internacionais para participar dos eventos principais de Patinação Artística, e devem disputar algumas competições menores na tentativa de obter marcas válidas. A boa performance do país no ano de 2018, quando Katelyn Osmond sagrou-se campeã do mundo, garante três vagas no Campeonato Mundial e na Copa dos 4 Continentes. Duas dessas vagas serão preenchidas pela vencedora Alaine Chartrand e pela terceira colocada, Véronik Mallet. Uma das vagas segue sem definição, e se nem Austman e nem Cotop conseguirem índices a tempo, Daleman pode ganhar uma nova oportunidade de mostrar seus programas em grandes provas internacionais. 

A Dança no Gelo mostrou a volta de Kaetlyn Weaver e Andrew Poje, que se afastaram das competições após as Olimpíadas de PyeongChang-2018 para recuperação de lesões múltiplas acumulativas. A dupla, conhecida pelos programas intensos e liftings ousados era considerada favorita, mas teve adversários à altura: Piper Gilles e Paul Poirier vieram com rotinas fortes e muito complexas, terminaram a Dança Rítmica-Tango menos de 2,5 pontos atrás, o que levou a um dos duelos mais emocionantes da competição durante a Dança Livre. 

Gilles e Poirier apresentaram "Vincent-Starry Starry Night", considerado um dos melhores programas de Dança no Gelo da temporada 2018-2019 enquanto Weaver e Poje apresentaram o inédito "S.O.S. D'Un Terrien en Detrésse"—música que foi o último programa livre da carreira do medalhista olímpico Denis Ten, adaptada e coreografada pelo próprio Ten para a dupla canadense pouco antes de seu assassinato em maio de 2018. No final da competição e de duas apresentações ovacionadas pelo público, vitória de Gilles e Poirier na dança livre, mas vitória de Weaver e Poje na somatória final, por 1,47 ponto. O bronze ficou com a dupla Laurence Fournier Beaudry e Nikolaj Sorensen, que antes disputava competições representando a Dinamarca. 

Em pares vitória folgada de Kirsten Moore-Towers e Michael Marinaro sobre os segundos colocados, Evelyn Walsh e Trennt Michaud. Camille Ruest e Drew Wolfe completaram o pódio. As três duplas com as melhores colocações em Pares e em Dança no Gelo devem ser as representantes do Canadá nas principais competições internacionais.


Estados Unidos:

Uma adolescente de 13 anos fez história no Campeonato Nacional dos EUA: Alysa Liu venceu a competição feminina e se tornou a mais jovem vencedora do torneio em todos os tempos. Liu fechou seus dois programas com uma somatória de 217.51 pontos e se tornou a terceira mulher a realizar saltos triplo axel na competição: três, um no programa curto e mais dois no programa livre, todos realizados com grau de execução positivo. A campeã de 2018, Bradie Tennell liderou o programa curto mas teve diversas falhas no programa livre e na somatória ficou com a medalha de prata. O bronze foi para Mariah Bell. O quarto lugar ficou com outra estreante em competições conjuntas com o nível senior, Hannah Harrell.

A competição definiu as equipes que devem participar das principais competições internacionais, como a Copa dos Quatro Continentes e o Campeonato Mundial. Com 13 anos, a campeã Alysa Liu é inelegível para as principais competições, assim como a quarta colocada, Hannah Harrel, também abaixo do limite mínimo de idade. As duas vagas do Campeonato Mundial ficaram para Bradie Tennell e Mariah Bell, que também seguem para a Copa dos Quatro Continentes ao lado da quinta colocada do torneio, Ting Cui.

Na competição masculina, Nathan Chen fez dois programas perfeitos, um total de seis saltos quádruplos sem erros, liderou com folgas em ambos os programas e na soma final ficou com quase 60 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, Vincent Zhou. O bronze ficou com Jason Brown, após duas boas performances no programa curto e no livre: sem executar um único salto quádruplo, Brown ficou à frente de diversos competidores com arsenal téncico mais pesado graças à execuções limpas, boas avaliações artísticas e uma sensível melhora na qualidade dos saltos no último ano. O quarto lugar ficou com Tomoki Hiwatashi.

Jason Brown e Vincent Zhou foram confirmados como integrantes da equipe dos EUA que disputa a Copa dos Quatro Continentes e o Campeonato Mundial. Nathan Chen segue para o Campeonato Mundial, mas não vai estar presente na Copa dos Quatro Continentes devido à compromissos acadêmicos na Universidade de Yale, que frequenta como aluno desde 2018. Tomoki Hiwatashi completa a equipe que disputa a competição em casa: a Copa dos Quatro Continentes vai ser realizada em Anaheim, California, no próximo final de semana.

Em Pares, vitória de Ashley Cain e Timothy LeDuc, que voltaram a competir após o grave acidente sofrido por Cain durante o Golden Spin de Zagreb,em Dezembro, quando caiu de um lifting e sofreu concussão e lesões no pescoço. Com duas performances quase limpas—o único erro foi uma sub-rotação no salto triplo loop lado a lado no programa curto—Cain e LeDuc ficaram mais de 10 pontos à frente dos segundos colocados na somatórua final, Haven Denney e Brandon Frazier. O terceiro lugar ficou com Deanna Stelatto-Dudek e Nathan Bartholomay e os líderes do programa curto, Tarah kayne e Danny O'Shea ficaram com a quatya posição. 

Os campeões de 2018, Alexa e Chris Knierim não tiveram boas atuações nos dois programas, e com um sétimo lugar estão praticamente fora das equipes nacionais que disputam as principais competições do mundo. Ashley Cain e Timothy LeDuc representam os EUA no Campeonato Mundial. Na Copa dosQuatro Continentes, além de Cain e LeDuc, seguem Haven Denney e Brandon Frazier, mais Tarah Kayne e Danny O'Shea

Na Dança no Gelo, confirmação do favoritismo dos campeões do Grand Prix Madison Hubbel e Zachary Donohue, que lideraram a Dança Rítmica-Tango e a Dança Livre com programas sem falhas e de execução complexa e veloz. Em segundo lugar, Madison Chock e Evan Bates foram muito aplaudidos pelo público: a dupla fez sua volta às competições após Chock enfrentar um ano de reabilitação após extensas cirurgias no tornozelo para o conserto de danos causados por condromalácia articular. O terceiro lugar ficou com Kaitlin Hawayek e Jean-Luc Baker e o quarto lugar com Lorraine McNamara e Quinn Carpenter. As três duplas primeiras colocadas representam os EUA nas principais competições internacionais.


Austrália:

A diferença técnica pesou nas competições individuais, onde os favoritos dominaram. No feminino, Kailaini Craine, que representou a Austrália nas Olimpíadas de PyeongCheng fez bom uso de saltos triplos Flip e Lutz, e na soma final superou a veterana Brooklee Han. A terceira colocada foi a coreana naturalizada australiana Lucy Sori Yun.

No masculino, Brendan Kerry, detentor de duas participações em Olimpíadas e único homem australiano que executa saltos quádruplos venceu o torneio pela sexta vez consecutiva com uma vantagem de quase 35 pontos. Em segundo ficou James Min, que se recuperou de um erro com queda no programa curto, com uma boa performance no programa livre.

Andrew Dodds conquistou a medalha de bronze no individual masculino, e fazendo dupla com Chantelle Kerry, irmã de Brendan Kerry, conquistou a medalha de ouro na Dança no Gelo, com prata para Matilda Friend e Will Badaoui e bronze para India Nette e Eron Westwood, em uma competição apenas com três duplas. Em Pares, Ekaterina Alexandrovskaya e Harley Windsor se apresentaram sozinhos, sem outros competidores na categoria.



Fotos: Skate Canada e AOL

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