Você não leu errado, caro leitor do Surto Olímpico. Para a esteria dos fãs da Saga Star Wars, os duelos de sabres de luz foram reconhecidos como um esporte pela federação de esgrima da França, antes da Olimpíada de Paris 2024.
O reconhecimento pela Fédération Française d'Escrime (FFE) concede à arma famosa da saga o mesmo status que o florete, a espada e o sabre.
As réplicas de raio de luz de policarbonato rígidas, iluminadas por LED's, parecem com as lâminas prateadas que Yoda e outros personagens usavam nos filmes blockbuster de George Lucas. Os sabres mais caros, inclusive, reproduzem o famoso som eternizado pela série.
Como virtuosos cavaleiros Jedi, com a medida adotada pela federação francesa, ela se vê combatendo o contemporâneo lado negro da força: os hábitos sedentários da vida do século 21 que estão afetando a saúde de um número cada vez maior de adultos e crianças.
"Com os jovens de hoje, é um problema real de saúde pública. Eles não praticam esportes e só se exercitam com os polegares", disse Serge Aubailly, secretário geral da federação.
"Está se tornando difícil (persuadi-los a) fazer um esporte que não tem nenhuma conexão com sair do sofá e brincar com os polegares. É por isso que estamos tentando criar um vínculo entre nossa disciplina e as tecnologias modernas, participando de um esporte que saiu das telas para a vida real".
No passado, filmes como Zorro, Robin Hood e Os Três Mosqueteiros ajudaram a atrair novos praticantes para a esgrima. Agora, juntando-se e até mesmo superando aqueles são Luke Skywalker, Obi-Wan Kenobi e Darth Vader.
"Os filmes de cabo e espada sempre tiveram um grande impacto em nossa federação e em seu crescimento", disse Aubailly. "Os filmes de sabres de luz têm o mesmo impacto. Os jovens querem experimentar".
O policial Philippe Bondi, de 49 anos, praticou esgrima por 20 anos antes de mudar para o sabre de luz.
Quando um clube começou a oferecer aulas em Metz, a cidade no leste da França, o policial afirma que foi imediatamente atraído pela perspectiva de viver o amor que ele tem pelo universo Star Wars.
Bondi gastou cerca de 350 euros nos equipamentos necessários (luvas resistentes, peito, ombros e caneleiras) e em seu sabre de luz, aprovado pela federação, optando pelo verde luminoso "porque são as cores Jedi e o Yoda é meu mestre ". O policial afirmou: "Eu tive que estar do lado bom, dado que meu trabalho é defender a lei".
E, pasmem, já ocorrem até competições de sabre de luz. A multidão era pequena, as os fãs estavam vestidos como personagens da Guerra nas Estrelas.
Na construção de seu esporte a partir do zero, os organizadores franceses produziram regras de competição destinadas a tornar o sabre de luz competitivo e simples. "Queríamos que fosse seguro, queríamos que fosse simples e, acima de tudo, queríamos produzir algo visual parecido com o cinema, porque é isso que as pessoas esperam", disse Michel Ortiz, o organizador do torneio.
Combatentes lutam dentro de um círculo marcado em fita no chão. Golpes na cabeça ou no corpo valem cinco pontos; para os braços ou pernas, três pontos; nas mãos, um ponto. O primeiro a 15 pontos ganha ou, se não chegar rapidamente, o maior pontuador após três minutos de competição é o vencedor.
Se ambos os lutadores atingirem 10 pontos, a luta entra em "morte súbita", onde o primeiro a conseguir um golpe na cabeça ou no corpo vence, uma regra para encorajar os lutadores conservadores.
Golpes só contam se os lutadores apontarem a ponta de seu sabre para trás. Essa regra evita os ataques rápidos de ponta, vistos na esgrima. Em vez disso, a regra encoraja golpes mais pesados que são mais fáceis de serem vistos e aproveitados pelo público, e que são mais evocativos dos duelos em Guerra nas Estrelas.
Os praticantes ainda são poucos, mas os amantes do filme são milhões ao redor do mundo. Será que a moda, ou melhor, o esporte pega?
Foto: Divulgação
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