A comissão de direitos humanos da Coréia do Sul planeja entrevistar milhares de atletas adultos e crianças sobre uma cultura de abuso nos esportes depois que uma onda de atletas do sexo feminino se apresentou para dizer que havia sido estuprada ou agredida por seus treinadores.
A investigação, que durará um ano, cobrirá 50 esportes e incluirá crianças que competem em escolas de ensino fundamental, médio e superior, afirmou na quarta-feira Park Hong-geun, autoridade da Comissão Nacional de Direitos Humanos.
Ele disse que a comissão pretende entrevistar todos os atletas menores e adultos competindo por times escolares e ligas corporativas em patinação de velocidade e judô, que foram prejudicados por alegações de abuso sexual. A investigação, impulsionada por dezenas de funcionários do governo e especialistas civis, pode começar já na próxima semana e pode ir além de um ano, se necessário.
A comissão planeja emitir diretrizes quando concluir sua maior investigação sobre esportes, mas também pode encaminhar provas para a polícia para investigações posteriores e possível processo criminal.
"Os processos de educação serão uma parte fundamental da investigação, porque há situações em que os atletas acham difícil divulgar o que passaram ou até mesmo reconhecer que foram abusados ou assediados sexualmente", disse Park. "Teremos que discutir com as escolas e equipes para descobrir como proceder com a investigação em cada esporte, mas planejamos construí-lo principalmente em torno de entrevistas cara a cara".
Os esportes competitivos sul-coreanos nas últimas semanas foram atingidos por um movimento #MeToo crescente, que destaca problemas profundamente arraigados por causa de uma cultura de treinamento brutal e de relações altamente hierárquicas entre técnicos e atletas.
Especialistas dizem que o tratamento abusivo de atletas do sexo feminino tem sido um problema nos esportes de elite da Coreia do Sul, que são predominantemente executados por homens.
Foto:Getty Images
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