Por Bruno Guedes
Considerada
a categoria de base das Olimpíadas, os Jogos Olímpicos da Juventude
terminaram no último dia 18 deixando muitas respostas e algumas dúvidas.
Faltando menos de dois anos para Tóquio 2020, eles serviram para traçar
alguns panoramas desse ciclo de preparação que vive seu auge.
A
geração que brilhou em Buenos Aires pode estar nos Jogos do Japão, em
2020, porém pela idade e preparação todo o potencial esportivo está
guardado para os Jogos de Paris, em 2024. Será lá que estes postulantes a
ídolos estarão em alto nível competitivo. Entretanto, os resultados são
parâmetros importantes para compreender a movimentação do esporte no
mundo e como as grandes potências estão tratando a sua renovação.
O
Comitê Olímpico Internacional (COI) trata os Jogos da Juventude com
carinho por ser uma forma de popularizar o esporte. Pela primeira vez
tivemos todos os 206 filiados ao COI competindo. No total, 93 países
subiram ao pódio, considerada uma evolução em relação a 2014 onde foram
87 nações, porém retração em relação a 2010, quando foram 98. Para
efeito de comparação, nas Olimpíadas do Rio, 87 delegações tiveram ao
menos uma conquista.
O
grande destaque é a Rússia no topo do quadro de medalhas, com 59
totais, sendo 29 de ouro, 18 de prata e 12 de bronze. Após o escândalo
de doping que arruinou todo o seu grupo olímpico na Rio 2016, os russos
mostraram força no evento que reúne jovens de 15 a 18 anos. Não é apenas
o desempenho em si que precisa ser observado com atenção, mas o
trabalho de base. Tal feito apresenta ao mundo que os problemas e as
denúncias não afetaram sua máquina de atletas.
Anfitrião
daqui a dois anos, o Japão apresentou novamente suas credenciais.
Vice-campeã do quadro geral, os orientais terminaram com 39 medalhas,
sendo 15 de ouro, 12 de prata e 12 de bronze. O que tiramos desses
resultados é que o investimento para fazer bonito em casa parece que deu
resultado. Se em 2016, no Brasil, houve grande impacto a posição da
delegação (6ª lugar com 41 medalhas), os japoneses assustaram as
potências que já focam em Tóquio 2020.
Entre
as assustadas está a China, que ficou apenas em 4ª. Campeã da edição de
Nanjing 2014, quando recebeu o evento, desta vez não repetiu o
desempenho. Mas há que se lembrar que, por não ser anfitriã, também não
participou de todas as modalidades envolvidas e o que impacta no total
de medalhas. Os chineses, como escrevemos sobre há algumas semanas, tem
um amplo e organizado projeto esportivo.
Delegação
adulta que mais sobe aos pódios nas Olimpíadas de Verão, na Juventude
os Estados Unidos tiveram desempenho pior que as duas últimas edições de
2014 e 2010, quando levou na bagagem 22 e 21 medalhas, respectivamente.
Desta vez foram 18. Estes números parecem inexpressivos se compararmos
com os atletas olímpicos americanos, mas há uma explicação.
O
grande carro chefe formador de ídolos vem do esporte universitário.
Pela idade dos competidores, muitos dos jovens que vão aos Jogos da
Juventude são das chamadas High School, equivalente ao Ensino Médio no
Brasil. Nesta faixa etária, os futuros atletas ainda se dividem entre
diversas modalidades sem uma ainda definida. Quem se destaca prefere
focar em treinar e conquistar bolsas para as Universidades e o
desenvolvimento ainda em ascensão.
Futura
sede em 2024, os franceses também tiveram expressivas conquistas. Com
um total de 27 medalhas, a França aposta bastante nessa geração. Afinal
de conta, como falamos acima, será ela quem ditará os rumos esportivos
do país nas Olimpíadas em casa.
Argentina se destaca e ganha bagagem política para 2032
Buenos
Aires conseguiu receber o evento de forma não só satisfatória, como
arrancando elogios até mesmo do presidente do COI, Thomas Bach.
Postulante às Olimpíadas de 2032, Bach afirmou ao jornal argentino La
Nación que "seria uma candidatura muito forte". Esta declaração soou
como música aos ouvidos dos hermanos.
Como
dissemos em 2017, uma das intenções dos Jogos da Juventude era que o
seu sucesso servisse como demonstração de preparo para a de Verão. O
sonho da Argentina é repetir o feito do Brasil, que após a ótima
impressão do Pan-americano de 2007, virou favorito em sua candidatura
para 2016.
Não
sendo suficiente, os sul-americanos ainda conseguiram ficar entre os 10
primeiros no quadro de medalhas. Um feito gigantesco se levarmos em
conta que o país vive uma profunda crise econômica que vem afetando
diversos setores - incluindo o esporte - e teve um desempenho
considerado tímido na Rio 2016. Há dois foram apenas quatro medalhas,
sendo três de ouro e uma de prata. Bem diferente do que fez em casa, com
26 no total, como 11 de ouro, 6 de prata e 9 de bronze.
Agora
as Olimpíadas da Juventude atravessa o Oceano Atlântico e desembarca no
Senegal, onde será disputada durante maio e junho de 2022. O que fica é
a ansiedade por Tóquio 2020 e a descoberta dos futuros ídolos
olímpicos.
foto: Getty Images
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