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Conselho de Ética do COB absolve CBG e Marcos Goto de omissão em caso de abusos

O Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (COB) anunciou nesta sexta-feira (31) a decisão sobre a acusação de omissão envolvendo o coordenador técnico Marcos Goto e a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). Após a investigação, o Conselho afirmou que há uma "total inexistência de provas" de que o treinador ou a entidade máxima da modalidade no país tivessem conhecimento dos abusos sexuais relatados por ginastas contra o técnico Fernando de Carvalho Lopes, que teve passagem pela seleção brasileira entre 2014 e 2016. O escândalo divulgado pelo programa Fantástico, da TV Globo, no fim de abril.

O processo contra Marcos Goto e a CBG foi aberto em maio a pedido da Comissão de Atletas do COB, na figura de seu presidente, o ex-judoca Tiago Camilo. O relator do caso é o conselheiro presidente Alberto Murray Neto. As partes foram chamadas para prestar esclarecimentos, e as vítimas de Fernando de Carvalho Lopes deram seus depoimentos de forma sigilosa.

Por não ter vínculo com o COB ou a CBG desde a instalação do Conselho de Ética, no dia 23 de março de 2018, Fernando de Carvalho Lopes não pode ser julgado. Ele, porém, responde na Justiça por seus crimes em investigação que corre sob sigilo para proteger as vítimas.

O Conselho de Ética aceitou a linha de defesa de que os abusos atribuídos a Fernando de Carvalho Lopes são anteriores à instalação do próprio Conselho de Ética. No entanto, o caso foi aceito - e o primeiro apurado pelo Conselho - por causa das possíveis consequências no atual papel de Marcos Goto como coordenador técnico da seleção. Foi analisado se Goto teria condições éticas de ser neste momento funcionário do COB e integrante do corpo técnico da CBG.

Na época técnico apenas do Serc Santa Maria, de São Caetano do Sul, Goto era acusado de fazer piadas com os rumores dos abusos de Fernando no clube MESC (Movimento de Expansão Social Católica de São Bernardo do Campo). Pesou a favor de Goto o fato de todas as testemunhas terem negado qualquer conhecimento direto por parte do hoje coordenador técnico dos abusos sexuais atribuídos a Fernando de Carvalho Lopes. As testemunhas afirmaram não haver qualquer ato que possa desabonar a conduta do coordenador técnico. Sobre a vítima que acusou Marcos Goto de omissão através da mídia, o relatório de decisão do Conselho de Ética afirma que ela ou negou ou omitiu o fato em seu depoimento, ou está entre os que se recusaram a depor. O documento também ressalta o papel do campeão olímpico Arthur Zanetti na defesa de Marcos Goto, "negando categoricamente qualquer desvio de conduta".

Entre os que não aceitaram falar com Conselho de Ética está o medalhista olímpico Diego Hypolito, citado no relatório como o responsável pela escolha individual e pessoal de levar Fernando de Carvalho Lopes à seleção brasileira, apontando-o como seu técnico pessoal. Prata na Rio-2016, Diego foi duramente atacado no relatório. 

"Não obstante tenha dado entrevista em veículos de imprensa amplos e conhecidos, deliberadamente recusou-se a ser ouvido pelo Conselho de Ética, injustificadamente deixando de colaborar com procedimento ético. O que é, no todo, deplorável e condenável, até porque a inclusão de Fernando Carvalho na equipe olímpica deu-se por exclusiva escolha do atleta, conforme depoimentos gravados. " diz um trecho da decisão do conselho

Com relação à CBG, o Conselho de Ética considerou que houve "omissão e cegueira deliberada" quanto a conhecer as atividades do técnico Fernando de Carvalho Lopes e permitir que ele fizesse parte de uma equipe olímpica. Os treinadores da seleção eram escolhidos de acordo com a convocação dos atletas. Até ser afastado poucos meses antes da Olimpíada de 2016, Fernando trenava Diego Hypolito e Caio Souza, dois integrantes da seleção. O relatório ainda aponta uma dispersão de responsabilidade quanto ao cuidado dos atletas na CBG.

No entanto, tais posturas da CBG foram identificadas no período anterior à instalação do Conselho de Ética do COB. O relatório ressalta as ações da entidade máxima da modalidade para combater todo tipo de abuso, como a elaboração de cartilhas, programas de conscientização e propagandas de boas práticas. Apesar de destacar que as medidas da CBG só foram implementadas após a divulgação do caso na mídia, o Conselho de Ética julgou que não houve omissão desde a instalação do órgão e determinou a construção de recomendação de conduta na forma de regimento interno, aprimorando assim a rede de proteção dos atletas.

"A CBG continuará com seus esforços para aprimorar ainda mais seus programas, tornar-se um exemplo no combate ao assédio e ao abuso no esporte, garantir um ambiente sempre saudável para nossos atletas e influenciar positivamente a sociedade" afirmou Luciene Resende, presidente da CBG, em nota oficial.


foto: Ricardo Bufolin/ CBG
com informações de globoesporte.com e blog olhar olímpico

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