Dez anos depois de receber os Jogos de 2008, Pequim, a capital chinesa, apresenta uma herança olímpica bastante comprometida. Instalações construídas para receber as Olimpíadas e turbinar o desenvolvimento do esporte no país estão mergulhadas em completo esquecimento.
Embora o Ninho de Pássaro e o Cubo D'água continuem sendo aproveitados, instalações secundárias como a arena do vôlei de praia, a pista de BMX e o Parque Olímpico Shunyi - casa da canoagem naquela edição olímpica - sofrem com falta de manutenção por parte das autoridades chinesas. Nesses locais de competição, pictogramas que apresentam as modalidades estão tomados pela ferrugem, assim como a maior parte das estruturas internas.
Em uma área nas imediações da vila olímpica, esculturas dos mascotes estão esquecidas em meio a um matagal que cresce sem controle algum. Fruto da falta de planejamento, esse cenário assustador não é exclusividade chinesa. Após 2004, Atenas vivencia realidade semelhante, assim como o Parque Olímpico do Rio de Janeiro meses depois de abrir as portas para o mundo em 2016.
A Arena Chao Yang Park, casa do vôlei de praia naquela edição olímpica, apresenta estruturas comprometidas pela ferrugem. Um grande volume de madeira podre se acumula sobre parte das arquibancadas.
No local onde foram disputadas as provas do ciclismo BMX, o cenário chega a ser ainda pior. Um matagal sem controle já toma a maior parte da instalação. Em julho, agricultores foram flagrados cultivando vegetais na altura da linha de chegada da pista.
o Parque Olímpico Shunyi, que recebeu as provas de canoagem e caiaque, apresenta um completo estado de abandono. No lugar das corredeiras, muita água suja e parada.
As duas grandes estrelas dos Jogos Olímpicos de Pequim, apesar do triste cenário encontrado nas zonas secundárias, se mantêm firmes e imunes ao esquecimento. Na região central da capital chinesa, o Estádio Nacional de Pequim, conhecido como "Ninho de Pássaro" e erguido ao custo de US$ 471 milhões, tem recebido poucas competições se comparado ao Maracanã ou ao Estádio Olímpico de Londres. No entanto, o local se sustenta por ser atração turística e palco de shows e espetáculos. E nos jogos de inverno de 2022, será palco das cerimônias de abertura e de encerramento.
Chamado de "Cubo d'Água", o Centro Aquático Nacional de Pequim, por sua vez, também se mostra atraente aos olhos dos turistas, além de ocasionalmente receber competições de natação e saltos ornamentais. Em 2008, nada menos que 25 recordes mundiais foram quebrados na instalação. Um ano depois, o Cubo D'Água foi fechado para uma reforma parcial, em que um trecho transformou-se em parque aquático aberto ao público. Durante os Jogos de Inverno de 2022, o Cubo abrigará as competições de curling.
Mas o cenário desolador de diversas arenas de Pequim mostra que o problema do legado não é exclusivo de país algum e precisa ser revisto e estudado para que isso seja evitado.
Com informações de Daily Mail e globoesporte.com
fotos: Greg Baker/ AFP
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