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Surto Entrevista - Douglas Brose

Por Gustavo Cardoso, Regys Silva, Bruno Guedes e Marcos Antônio

O 'Surto Entrevista' volta com um nome muito especial. Douglas Brose, um dos principais caratecas brasileiros e esperança de medalhas. E ele diz que muito motivado com a sua estreia olímpica e avisa que ninguém quer mais uma medalha olímpica para coroar a sua já vitoriosa carreira- ele é bicampeão mundial e atual líder do ranking do 60 Kg- do que ele. Ele falou da expectativa da manutenção do Caratê nos jogos olímpicos, analisou seus adversários e contou como os filmes de ação que assistiu quando criança o inspiraram a ser um carateca. confira abaixo nossa entrevista:



- Como você reagiu à notícia de que o caratê se tornou esporte olímpico?

Eu estava no Rio, foi realmente um sonho sendo realizado de ter o caratê nas olimpíadas, pois nós sabíamos que era a única coisa que faltava para que a gente conseguisse mais reconhecimento e mais apoio. A notícia veio como a realização de um sonho, não só para mim, mas para todos os caretecas do mundo.

- Apenas 10 atletas por peso estarão em Tóquio 2020! Você já sabe como vai ser esse sistema de classificação? Como será a preparação para se manter no auge até 2020?

Além dos dez caratecas, as categorias foram diminuídas e apenas três categorias vão para os jogos. (normalmente temos cinco). O sistema de classificação será por ranqueamento mundial. No caso da categoria 67 Kg, que será olímpica, eles darão duas vagas para o ranking mundial para as categorias 67kg e 60kg. Três vagas serão dadas em um pré-olímpico mundial que será em 2020 em Paris; Uma vaga será do Japão; E as duas restantes são um pouco mais complexas de se explicar, deverão definidas por representatividade continental, mas as primeiras vagas mais importantes que já citei são as que eu penso em me classificar que é para me garantir nos jogos olímpicos o mais cedo possível.


- Você que é da categoria até 60 kg, terá que participar da categoria até 67 kg nos jogos olímpicos. Quais desvantagens e vantagens você acredita que terá na competição olímpica?

Acredito que não vou ter muito problema na categoria até 67 Kg. Talvez a maior desvantagem que eu teria seria a possibilidade de lutar com caratecas mais altos, o que muda um pouco minha noção de distância. Mas isso é muito fácil de ser ajustado e treinado, pois eu já luto em competições por equipes, ou na categoria open, onde não tem limite de peso, então não acredito que isso será um grande obstáculo.


- Sem o bolsa atleta, Qual a maior dificuldade que os caratecas vão encontrar para se preparar para às Olimpíadas?

A maior dificuldade dos atletas que estão na seleção brasileira hoje, é viajar. Estar presente nos eventos internacionais, são onze etapas de liga mundial, mais campeonato pan-americano, mais campeonato mundial, logicamente o bolsa atleta servia até para pagar treinos, mas quem está na seleção brasileira, eu sei que sem o bolsa atleta, a dificuldade maior será em viajar. O que já era difícil com o bolsa atleta, agora será mais difícil participar de todos os eventos, tendo em vista que a confederação não banca nada, o comitê olímpico não banca para todos os atletas, e isso acaba dificultando para os atletas do caratê.

- Presente em Tóquio, não está no programa definitivo e por isso dependerá das escolhas de Paris e Los Angeles para estar em 2024 e 2028. Acredita que o esporte ficará no programa olímpico nas próximas edições?

O Caratê não está definido, mas eu tenho muita esperança de que ele fique, pois em 2024 as olimpíadas serão em Paris, um dos países mais fortes do mundo no esporte e que a confederação já está trabalhando com comitê de Paris-2024 para manter o esporte. E mesmo não estando definido, tem grandes possibilidades do caratê se manter nas próximas edições.


- Você é considerado por muitos especialistas um dos melhores caratecas brasileiros da história e por isso acaba-se depositando uma expectativa muito grande para que você conquiste uma medalha olímpica em Tóquio. Como você lida com a afirmação de que é um dos melhores da história e  com essa essa expectativa por medalhas?

Eu sei que muitos depositam essa expectativa em mim, mas quem deposita muito mais essa expectativa sou eu mesmo. Eu tento fazer que isso não seja uma pressão negativa, e que isso me motive, como está acontecendo comigo agora. Eu estou muito motivado, e procuro pensar que "Não preciso dar satisfação para os outros", a realidade do Caratê é muito difícil dentro do esporte e tudo que eu consegui na carreira, eu não consigo juntar uma mão de pessoas que me apoiaram. São apenas para essas pessoas que me ajudaram que eu devo uma explicação. E essas pessoas que me ajudam até hoje são a que menos me cobram e querem que eu vença tanto quanto eu.

E lidar com essa afirmação (De Ser um dos melhores caratecas brasileiros da história) é algo muito bom, e uma coisa até lógica por conta dos resultados que tive até hoje. Mas a intenção é continuar, pois esse sonho não é dos outros, esse sonho é meu, e ninguém quer mais do eu conquistar uma medalha olímpica e se Deus quiser, uma de ouro.


- Que atletas você acredita que serão os seus maiores adversários nesse ciclo olímpico?

A categoria 60 Kg atualmente está bem complicada. Tem dez, quinze caras bem complicados, mas se eu tivesse que eleger, eu elegeria o segundo e o terceiro do ranking mundial (Douglas é o primeiro do Ranking mundial) o atleta do Ubzequistão (Saddridin Saymatov) e o atleta do Irã (Amir Mehdizadeh). Todos os adversários vou ter que fazer bastante força, mas creio que com esses dois terei que fazer um pouquinho a mais para manter uma boa posição no ranking mundial. São atletas muito bons e nada melhor para mim, do que disputar títulos contra atletas muito bons.


- Dentre todas os títulos que você conquistou, tem algum que você considera especial?

Meu primeiro campeonato mundial em 2010. Acho que não teve algo mais especial do que esse. Essa foi uma quebra de tabu e uma história que eu comecei a construir, e a partir desse momento, eu passei a ver que o carate brasileiro, que tava até certo ponto desacreditado e os atletas também, olharam para mim e pensaram "Se esse cara aí consegue eu também consigo". Acho que isso motivou muito aos outros atletas brasileiros do caratê a irem atrás dos seus sonhos


- É verdade que você virou carateca por conta dos filmes 'Karate Kid' e ' O Grande Dragão Branco' ?

Sim. Eu Sempre gostei muito dos filmes de luta, eles foram filmes que sempre assisti e toda vez que via esses filmes, eu ia para rua, eu brincava de luta, e esses filmes me motivaram, treinar e a motivar fazer uma arte marcial e querer ser um lutador.

- Deixe um recado para os leitores do Surto Olímpico

Quero agradecer a todos pela torcida. hoje eu tenho feito um trabalho muito legal para conseguir ficar entre os melhores caratecas do mundo e graças a esses apoiadores, essas pessoas que acreditam no meu trabalho e principalmente minha família, eu tenho conseguido me manter entre os melhores. E também agradeço ao apoio dos meus fãs, das inúmeras mensagens que recebo, isso me deixa cada vez mais motivado para conseguir o meu objetivo.
 

fotos: Reuters e WKF

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