Cega do olho esquerdo e com parte da visão do direito devido a uma
toxoplasmose congênita desde que nasceu, Maria Núbea Lins, 28, começou a
praticar o judô paralímpico há três anos, e nesse tempo chegou à
seleção brasileira e já conquistou um título internacional, o ouro no Aberto da Alemanha, no último dia 10, na Alemanha.
A judoca da cidade Italva, município do Rio de Janeiro, chamou a
atenção dos técnicos da seleção brasileira durante a etapa do Grand Prix
Internacional Infraero, em 2017, e logo ganhou uma oportunidade entre
os convocados para uma das fases de treinamento. O desempenho nos
treinos lhe rendeu a primeira chance em uma competição internacional.
Maria Núbea Lins viajou com a equipe para a Copa do Mundo na cidade de
Tashkent, Uzbequistão, e por pouco não voltou com uma medalha no peito,
com o quinto lugar conquistado.
Quatro meses depois de debutar em eventos fora do Brasil, Núbea foi
uma das sete escolhidas dos técnicos Alexandre Garcia e Jaime Bragança
para compor a seleção que participou do German Open – competição
preparatória para os principais eventos –, e conquistou a sua primeira
medalha de ouro ao vencer seis lutas, contra judocas da Alemanha,
Estados Unidos, Rússia e Bielorrússia.
“Foi minha segunda experiência em competições fora do Brasil. Senti
uma evolução na preparação técnica, física e emocional. Fiquei muito
feliz com o resultado final. Precisei me superar a cada luta. Essa
conquista representa pra mim que estou no caminho certo e a ambição de
querer ir cada vez mais longe”, vibrou a atleta.
O desempenho também foi comemorado pelo técnico Alexandre Garcia. O
ex-juduca olímpico acredita no potencial da atleta, mas fez questão de
frisar sobre a importância dos treinamentos, que contribuirão para o
crescimento técnico.
“É uma atleta que está evoluindo e que realizou uma boa competição.
Tem potencial, porém, é necessário que tenha continuidade aos seus
treinamentos em busca de um aperfeiçoamento técnico”, analisou Garcia.
Núbea Lins segue a mesma linha de pensamento do sensei e, mesmo com
a conquista, garante que não vai se acomodar, e a motivação conquistada
na Alemanha servirá para corrigir as falhas e crescer na modalidade que
pratica há apenas três anos.
“Volto da Alemanha mais motivada, porém com os pés no chão sabendo
que preciso corrigir falhas e evoluir tecnicamente”, disse a atleta.
Mesmo com os pés no chão, a atleta não foge da responsabilidade e
acredita no seu potencial. Núbea Lins não esconde que começou a praticar
o judô com o pensamento ser campeã paralímpica. Uma ambição que a
atleta sabe que não vai ser fácil de conquistar, mas que pretende
avançar uma etapa de cada vez para alcançar o topo dos seus objetivos.
“Quando entrei no judô foi pensando em ser campeã paralímpica, mas
sei da importância de avançar cada etapa que vai ajudar a alcançar os
meus objetivos. Dessa forma, preciso pensar em cada competição
individualmente. Para este ano tenho como objetivo alcançar o lugar mais
alto do pódio em todas as competições que participarei com especial
atenção ao Campeonato das Américas, no Canadá, e no Mundial no final do
ano, em Portugal”, almeja a judoca.
Além da conquista do ouro da categoria -57kg de Maria Núbea Lins, o
Brasil subiu no ponto mais alto do pódio com Alana Maldonado (-70kg) e
Lucia Araújo (-63kg), além da prata de Wilians Araújo (+100kg) e o
bronze de Arthur Silva (-90kg). O próximo desafio dos judocas da seleção
será na Copa do Mundo na cidade de Antalya, Turquia, de 19 a 26 de
abril.
Foto: CBDV
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