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Coluna Lógos Olympikus #7 - A grande final, os tombos e a juventude

Por Juvenal Dias 

Não dá para começar a coluna de hoje sem falar no assunto que tanto repercutiu nas redes sociais, a tão aguardada final do Curling de duplas mistas. É impressionante como este esporte agrada aos brasileiros. É uma febre nessa época de Jogos Olímpicos. Os espectadores reclamam quando não está sendo transmitidas as partidas ao vivo, postam fotos com panelas e vassouras e palpitam sobre jogadas e favoritismos.


No começo do dia 4 de disputas por medalhas, tivemos o embate entre Noruega e Atletas Olímpicos da Rússia para saber quem ficaria com o bronze. Os russos levaram a melhor por 8 a 4 e conquistaram a primeira láurea da modalidade. O casal Anastasia Bryzgalova/Aleksandr Krushelnitckii jogou melhor e não cometeu erros, dando poucas oportunidades ao casal nórdico. Além disso, eles já são alguns dos personagens mais marcantes de PyeongChang. Ele, por ser carrancudo, parece estar sempre de mal-humor. Ela, pela beleza estonteante, candidata à musa da Olimpíada (tem sempre essa matéria de cunho machista em todas as edições). Até pode ser ao contrário, se as mulheres acharem ele bonito e pela forma como ela é ríspida com ele após seus lançamentos. O que realmente interessa é que deveriam ser lembrados por conquistarem a primeira medalha de seu país na modalidade. Deveriam, mas não serão. Na história, a Rússia vai ter passado 2018 sem nenhuma medalha, graças ao escândalo de doping de seus atletas. Espero que o casal não seja pego em um exame pós-Jogos Olímpicos e percam a medalha.

Já na manhã do Brasil, noite coreana, veio a grande final entre Suíça, que nunca tinha perdido um campeonato mundial, contra Canadá, que tinha uma dupla formada meia hora antes da seletiva do país para saber quem iria representá-lo. Kaitlyn Lawes e John Morris já tinham medalhas de ouro com as respectivas equipes de cada gênero: ela, em 2014, e ele, em 2010, jogando em casa. Nada como fazer história, tornando-se os primeiros campeões de duplas mistas, consagrando o Canadá maior país do esporte mais uma vez. A vitória foi um acachapante 10 a 3, com direito a desistência suíça faltando dois end. A dupla europeia cometeu muitos erros nos momentos cruciais e toda vez que tinha oportunidade de descontar no placar, acabava ampliando ainda mais a vantagem canadense. Foi fantástica toda a celebração no gelo. O bom que ainda tem as competições masculinas e femininas por vir.

Mudando um pouco de assunto, esta edição dos Jogos tem sido marcada por acidentes que variam de inusitados a extremamente perigosos. Em uma das primeiras rodadas do Curling mesmo, o atleta coreano sofreu uma “rasteira” de uma pedra lançada por uma jogadora da Noruega. Na disputa de terceiro lugar, a atleta russa estava voltando para o ponto de lançamento de costas e não viu uma pedra, também sofreu um capote, mas nada que comprometesse sua atuação. No entanto, tivemos outros acidentes bem feios que tiraram atletas de competição. 

Emilly Arthur caiu de cara na neve na final do Snowboard feminino-Halfpipe e saiu sangrando. Assim como o russo Pavel Trikhichev, do Esqui Alpino. No caso dele, a queda foi ainda mais espetacular no pior sentido da palavra. Ele foi o terceiro a descer na prova de Combinado Downhill. As condições climáticas eram bem ruins, ele errou a passagem pela bandeira e foi projetado contra as telas de proteção, a imagem do acidente assusta e a prova foi interrompida por alguns momentos, mas depois teve sua conclusão. Outra modalidade que teve de ser paralisada para atendimento médico foi o Luge feminino, após a atleta americana Emily Sweeney se chocar nas paredes superior, com os pés, e inferior, com a cabeça. Felizmente, nada de mais grave aconteceu. Mas deixou todos que acompanhavam a prova bastante apreensivos, afinal ela estava a mais de 110km/h. Dá para ouvir o grito dela no vídeo, assim que para no meio da pista. Ainda teve a queda de Elise Christie na Patinação de Velocidade em Pista Curta. Não foi feio como os demais, mas chamou a atenção pelo fato de que a britânica era favorita na prova dos 500m e repetiu o tombo de quatro anos atrás. 

Tudo isso é normal em esportes de alto risco e não devem ser os últimos dessa Olimpíada. São atletas de elite que estão buscando o máximo de seu desempenho e levam a sério o quesito competitividade. Hoje foi uma coincidência infeliz de tantos acidentes juntos. Realmente torço para que não tenham fatalidades graves, pois além de dar muita aflição, queremos ver o melhor dos atletas competindo e conseguindo os resultados para os quais tanto treinaram.


Por fim, se o Comitê Olímpico Internacional é preocupado em atrair jovens para os Jogos de Verão, mostram que, ao inserir as modalidades radicais, acertaram em cheio nesse objetivo na edição de inverno. Um porque vemos muitos atletas com 21, 18 ou até 15 anos competindo. E dois que esses atletas estão ligados nas redes sociais e interagem efetivamente com seus seguidores. Um exemplo que chamou a atenção hoje foi a americana Chloe Kim, de 17 anos, campeã no Snowboard Halfpipe. Enquanto acontecia a última volta da final, Chloe postou que deveria ter terminado seu café da manhã e que estava faminta. Isso que ela ainda iria se apresentar momentos a seguir. Isso enlouqueceu a Internet, os fãs se deleitaram. Logo depois, ela desceu já sabendo que não seria alcançada e ainda atingiu a nota 98.25, de 100 pontos possíveis. É isso que os Jogos precisam para continuar atrativos e fenômenos de audiência mundial, precisam que seus atletas interajam mais e mostrem descontração, mesmo enquanto estão competindo, ídolos mais próximos, mais humanos.

fotos: Reuters

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