Por: Juvenal Dias
Engraçado, penúltimo dia de competições e você pensa:
"o que teria de novidades hoje? Haverá alguns campeões, poderá ter alguns
recordes, uma participação brasileira, mas na história vão olhar como mais um
dia comum dos jogos". Na verdade, hoje foi dia de estreias e daquelas que
ficam guardadas para sempre, que você conta com sorriso no rosto por ter
presenciado tais fatos. Quem viveu esses acontecimentos então vai ostentar com
muito orgulho de terem sido os primeiros a passar por esses fatos. Bom, vamos a
estas estreias.
PyeongChang vai ficar marcado pela inauguração de diversas
provas. Entre elas, uma das mais interessantes e disputadas ocorreu no Esqui
Alpino. Trata-se da prova por equipes mistas na qual competem dois homens e
duas mulheres de cada país em confrontos diretos contra os respectivos de outra
nação. A Suíça vai poder dizer que foi a primeira campeã do evento e a primeira
a ser respeitada como tal para as próximas edições.
Situação semelhante vive o canadense Sebastien Toutant, que
pode se vangloriar de ser o mais "radical" a ter descido os 49m da
rampa do Big Air, no Snowboard. Ele atingiu o maior somatório de notas e
estipulou o primeiro recorde olímpico do evento. A modalidade vem da Mega Rampa
do Skate e deve ter vindo para ficar, uma vez que proporciona imagens
fantásticas e foi sucesso de audiência com público jovem, fato que o Comitê
Olímpico busca constantemente, sem contar que demanda estruturas mais simples
que Slopstyle, por exemplo.
Outra modalidade que incrementou uma prova e que, diga-se de
passagem, é uma loucura, foi a Patinação de Velocidade. A nova disputa trata-se
de uma corrida de 16 voltas com largada em massa, que soma pontos em sprints
intermediários, mas que valem mais para tentar uma vaga na final que qualquer
outra razão, na hora da medalha esses pontos não servem de nada que o pelotão
engole o atleta que liderava e faz mais pontos em uma única passagem. Por mais
que tenha sido emocionante, acho que precisa uns ajustes nesse sistema de
pontuação. Mesmo assim, a japonesa Nana Takagi foi a grande campeã no feminino,
enquanto o "prata-da-casa" oriundo da pista curta, Seung-Hoon Lee,
foi condecorado com o primeiro ouro no masculino, para alegria geral coreana.
A primeira vez também pode ser a respeito de uma medalha,
principalmente, se for dourada. Iivo Niskanen pode dizer que foi o primeiro
campeão da Finlândia nesta edição da Olimpíada. Por mais que seja um país
gelado e com estrutura para todas as competições que envolvem neve, sempre está
aparecendo nas principais disputas, acumulava até hoje apenas quatro bronzes,
convenhamos que não é tanto, principalmente pensando nos vizinhos Noruega e
Suécia. Então, Iivo foi um salvador da honra.
Já os Estados Unidos devem ter acabado com as piadas
canadenses de nunca terem ganho no Curling. O time masculino fez história,
depois de ter ido à final mais uma vez após 40 anos, superou a Suécia com uma
jogada espetacular no oitavo end, que lhe gerou não só a exclusão das pedras
adversárias como também cinco pontos de uma vez. No placar que, até então,
estava 5 a 5, dobrar sua pontuação foi determinante para a vitória inédita.
Ainda no Curling, o Japão entrou para o hall de medalhistas
do esporte, ao vencer a tradicional equipe britânica por 5 a 3 e levar o
valorizado bronze para casa. Antes, apenas a China havia conseguido tal feito
entre os asiáticos.
Mas a melhor estreia eu deixei para o final. O Snowboard
teve mais dois campeões, Nevin Galmarini, suíço que conquistou seu primeiro
ouro depois de três Olimpíadas e a versátil Ester Ledecka, da Rep. Tcheca. A
jovem de 22 anos colocou seu nome como a primeira mulher a subir no lugar mais
alto do pódio em dois esportes distintos. Já tinha conquistado o ouro no Esqui
Alpino Super-G de forma tão improvável quanto a própria expressão dela sugeria.
Hoje, na prova que era considerada favorita, o Snowboard Slalom Gigante
Paralelo, confirmou a fama e levou a glória. Foi uma vitória incontestável e a
coloca como um dos únicos três atletas de todos os tempos a conseguir tal
feito. O que torna ainda maior esse fato é que os outros dois a conseguir isso,
Thorleif Haug e Johan Grottumsbraten, em 1924 e 1928, respectivamente, fizeram
no Esqui Cross-Country e Combinado Nórdico, que têm na sua segunda parte o
mesmo estilo de esqui, então são modalidades "semelhantes", por assim
dizer. O de Ester não, um com esquis que vai de frente, outro com uma prancha e
vai de lado. É realmente a maior personagem de PyeongChang. E guardada para o
final. Assim que gostamos.
Foto: AFP/Getty Images
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