Por Juvenal Dias
Quem visse o cronograma do dia 10 de competições de
PyeongChang antes poderia ficar um tanto quanto desanimado, pensar que ter
apenas três eventos com medalhas não teríamos grandes histórias, que seria mais
monótono, até porque é uma segunda-feira que a maioria das pessoas trabalha,
inclusive na Coreia. Mas não foi isso que aconteceu. Até podemos dizer que foi
bem ao contrário, já que muita coisa chamou a atenção do público.
Começando pelos vencedores do dia, quatro ouros em três
provas, graças a um empate histórico no Bobsled 2-man. Depois de quatro
descidas somadas, Canadá e Alemanha marcaram exatamente o mesmo tempo e
dividiram o lugar mais alto do pódio, era algo que não acontecia há 20 anos. Em
Nagano-98 tivemos essa situação com Itália e Canadá. E foi uma prova de tirar o
fôlego mesmo. Ainda na terceira descida, tivemos a participação brasileira com
Edson Bindilatti e Edson Martins tentando um lugar entre os 20 que fariam a
última descida. A torcida foi grande, ontem eles tinham terminado na 27ª
colocação. Mas infelizmente não conseguiram melhorar suas marcas e não
avançaram. De qualquer forma, vale enaltecer o esforço de já terem conseguido
se classificar e terminar em 27º de 30 duplas não é ruim, considerando que foi
a primeira participação brasileira na modalidade. Eles ainda voltarão na
disputa de quartetos. A prova foi tão apertada que o time da Letônia, que ficou
em terceiro e se tornou o 27º país a figurar no quadro de medalhas (recorde
histórico), chegou há apenas 5 centésimos de diferença.
A liderança no quadro de medalhas ficou de forma isolada
para a Noruega graças aos outros dois eventos que tinham finais. Na Patinação
de Velocidade prova de 500m masculino, Harvard Lorentzen não só ganhou o ouro
como bateu o recorde olímpico da distância, marca alcançada em Salt Lake-2002.
Um norueguês não vencia no esporte há 70 anos! O tamanho do feito do atleta de
25 anos é enorme. Ainda tivemos aquele momento de superação e presença de
espírito olímpico, com o polonês Artur Nogal, que tropeçou na largada, caiu,
mas não desistiu. Levantou-se e completou a prova, mais de 24 segundos depois
do melhor tempo. Mas foi aplaudido por quem o acompanhava da plateia. Um grande
momento para um atleta que, provavelmente, ficaria no meio da tabela e seria
mais um. Ainda nesta prova, vale destacar a presença do colombiano Pedro Causil,
que foi muito bem e terminou em 20 dentre 36 competidores. Grande resultado
para ele, que deve encher de orgulho a América Latina.
A outra conquista norueguesa foi no Salto de Esqui por
equipes e a importância para o país, além de ter campeões inéditos na prova,
ainda foi confronto direto contra os alemães. Quem vencesse ficaria com sua 11ª
medalha de ouro, contra 10 do outro país. Os germânicos tiveram que se
contentar com a prata.
Como se não bastasse essas histórias fantásticas, tivemos
uma forte presença brasileira na Patinação Artística. Não competindo, mas
nossas músicas foram temas de diversas apresentações das danças dos casais de
programa curto. Carlinhos Brown e Jorge Bem Jor foram alguns dos compositores
que mais agitaram o público e embalaram os patinadores.
A história triste do dia fica por conta de um caso de
suspeita de doping. O atleta russo Alexander Khusheknitskiy, bronze no Curling
duplas mistas ao lado da esposa, pode ser o segundo caso de atleta que tenha
usado substâncias proibidas pouco tempo antes dos Jogos. Todo o caso está um
tanto quanto nebuloso ainda, o presidente da Federação Russa de Curling alega
sabotagem na bebida do atleta, resultados da contraprova não foram ainda
divulgados. O fato é que a relação já estremecida do país com Comitê Olímpico
Internacional, tem mais um episódio de abalo e que mancha ainda mais a imagem
russa perante toda comunidade esportiva. Se eles pretendiam começar a construir
uma relação de confiança novamente, não poderia haver sequer suspeita. Se o
caso for confirmado, poderemos ter uma crise institucional no país e quem tem
dúvidas se a exclusão da nação é justa ou não, passará a ter cada vez mais
certeza da decisão.
Amanhã teremos cinco disputas por medalhas, já voltando ao
“ritmo normal”, mas os grandes causos não param, nem numa segunda-feira que
parecia preguiçosa.
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