A polêmica
envolvendo a participação de transgêneros no esporte deve ganhar mais um
capítulo nos Jogos da Comunidade Britância (Commonwealth Games), que acontecerão
este ano na cidade australiana de Gold Coast. A levantadora de peso da Nova
Zelândia, a transexual Laurel Hubbard, foi liberada pela Federação da Commonwealth Games para
disputar os jogos, mas a Austrália vêm pedindo a proibição da atleta.
Hubbard, de 39
anos, recebeu permissão para competir no evento feminino de levantamento de
peso, mas Michael Keelan, presidente-executivo da Federação Australiana de
Halterofilismo, escreveu uma carta contestando a decisão de deixar Hubbard
competir.
Keelan afirmou
que existe uma desvantagem significativa para as levantadoras de peso quando
comparadas à Hubbard. "É nossa visão forte de que o levantamento de peso
sempre foi um esporte específico para homens e mulheres, não uma competição
entre indivíduos de vários níveis de testosterona", escreveu ele em uma
carta enviada ao Comitê Olímpico Internacional (COI), à Federação da Commonwealth
Games e o Comitê Olímpico Australiano e que foi obtido pelo The Daily
Telegraph.
"Em nossa
visão respeitosa, os critérios atuais e sua aplicação têm o potencial de
desvalorizar o levantamento de peso feminino e desencorajar as atletas nascidas
do sexo feminino de perseguir o esporte no nível de elite no futuro. A
Federação Internacional de Halterofilismo deve esclarecer por que os critérios
atuais são considerados adequados e justos, caso contrário, uma alternativa ao
status quo deve ser considerada urgentemente", afirmou o dirigente.
Keelan tem sido
um crítico consistente da decisão de deixar Hubbard, nascido como Gavin e que
viveu como homem por 35 anos, competir desde que foi selecionada pelo Comitê
Olímpico da Nova Zelândia em novembro passado.
Hubbard está
liberada para competir em Gold Coast 2018 porque passou pelos critérios do COI
para atletas transgêneros depois de provar que seus níveis de testosterona
ficaram abaixo de certos níveis nos 12 meses que antecederam o evento.
Ela conquistou
uma medalha de prata na categoria até 90 kg no Campeonato Mundial da Federação
Internacional de Halterofilismo em Anaheim em dezembro, o melhor desempenho de
uma levantadora da Nova Zelândia.
O New Zealand
Herald informou que Hubbard também registrou recentemente níveis baixos de
testosterona em seus testes. Níveis comprovadamente consistentes com as atletas
nascidas com o sexo feminino.
Garry Marshall,
presidente da Federação de Levantamento de Peso da Nova Zelândia, rebateu as
críticas de Keelan e afirmou que o dirigente está tentando impedir Hubbard de
competir para aumentar as chances de Deborah Acason, da Austrália, de
conquistar o ouro em Gold Coast 2018, que se realizará entre os dias 4 e 15 de
abril. "Eu não acho que Mike esteja fazendo algo além de tentar aumentar
as chances de uma levantadora australiana e tentar nos negar um pouco",
disse Marshall à New Zealand Herald.
"Michael
está jogando o jogo, ele está querendo ajudar seus próprios levantadores
fazendo esse comentário porque a Austrália tem uma levantadora na mesma
categoria que Laurel Hubbard. Ele está tentando ajudá-las, e ele já fez isso
antes, ele quer pressionar-nos, eu acho, e nos preocupar", concluiu.
Foto: Facebook
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