Nos últimos meses o comitê organizador dos Jogos Olímpicos
de Tóquio 2020 vem tentando cortar os gastos do evento, mas apesar disso, o
valor segue aumentando. Ao longo do
último ano, o comitê deslocou vários locais do centro de Tóquio para cidades
vizinhas e procuraram revitalizar as instalações já existentes ao invés de
construir novas. Apesar dos esforços, na última semana a governadora de Tóquio,
Yuriko Koike, explicou que a cidade precisará de mais do que o dobro dos
bilhões que já estão no orçamentando para organizar os jogos.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) e os organizadores de
Tóquio contestam os números, dizendo que os custos adicionais da cidade são
para muitos projetos que seriam sido feitos com ou sem as Olimpíadas.
No final de dezembro passado os organizadores de Tóquio
disseram que os jogos custariam cerca de 12,4 bilhões de dólares. Mas em uma
coletiva de imprensa na sexta-feira passada, Koike disse que a cidade gastaria
mais de 7,5 bilhões, trazendo o total de gastos relacionados aos jogos para 20
bilhões de dólares.
O comitê de Tóquio e o COI conversaram abertamente sobre a
necessidade de cortar os custos crescentes, que atormentaram as Olimpíadas
recentes e afastaram cidades da candidatura aso Jogos de 2024 e de jogos
futuros. Em e-mails para a Associated Press, o COI e os organizadores disseram
que os novos gastos não devem ser vistos como parte dos custos olímpicos. O COI
chamou as despesas de "custos administrativos regulares" para a
cidade o que está "fora do orçamento geral dos jogos". Os organizadores
locais disseram o mesmo.
Já Koike disse que os novos custos eram para "projetos
direta e indiretamente relacionados aos jogos". Ela incluiu a construção
de instalações livres de obstáculos para atletas paraolímpicos, programas de
treinamento para voluntários e planos de publicidade e turismo. A governadora
ainda afirmou que os números do orçamento ainda precisavam ser estudados, e a
legislatura da cidade ainda precisava aprovar os gastos.
"Nós acabamos de
apresentar a escala aproximada dos custos. Tóquio será o único a cobri-lo, então
eu apresentei porque queria que os moradores de Tóquio estivessem cientes
disso", disse Koike. Perguntada sobre o corte de custos buscado pelo COI,
Koike disse que "não é tarefa apenas para Tóquio, mas o esforço deve ser
feito como um todo".
Ela também ressaltou o impacto de décadas em Tóquio fruto
das Olimpíadas de 1964, que mostraram ao mundo um país moderno, de rápido
movimento e reconstruído após a Segunda Guerra Mundial. "Pense no que
ainda permanece como legado das Olimpíadas de Tóquio de 1964. A via expressa
metropolitana e o sistema do trem-bala, por exemplo", disse ela.
As Olimpíadas de Tóquio estão sendo financiadas
principalmente pelo dinheiro público. As Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016
foram feitas através de parcerias público-privadas. O preço final foi de cerca
de 13 bilhões de dólares, e algumas estimativas colocam em até 20 bilhões.
De acordo com o plano de Koike, o governo da cidade de
Tóquio vai investir 13 bilhões de dólares e o governo nacional gastará 1,4
bilhão. Isso representa 72% dos gastos para preparar as Olimpíadas. A parte
restante vem do comitê organizador local, que irá adicionar 5,5 bilhões em
dinheiro privado.
Bent Flyvberg, em um estudo de 2016 na Universidade de
Oxford, descobriu que as Olimpíadas "têm a maior taxa de custo médio de
qualquer tipo de megaprojeto. Além disso, o aumento de custos é encontrado em
todos os jogos, sem exceção".
Flyvberg acrescentou em seu estudo que quando uma cidade e
uma nação decidem organizar os Jogos Olímpicos, eles decidem “assumir um dos
megaprojetos mais caros e financeiramente mais arriscados que existe, algo que
muitas cidades e nações aprenderam com seus perigos."
Foto: Noriko Kawamura/Kyodo News via AP
0 Comentários