A participação da Coreia do Norte nas Olimpíadas de
PyeongChang 2018 e a concordância entre as duas Coreias em desfilarem
conjuntamente na Cerimônia de Abertura pode representar uma mensagem de paz
importante para o mundo. Esta é a visão do preside do Comitê Olímpico
Internacional (COI), Thomas Bach, expressada na última terça-feira.
"Estamos em uma situação histórica, temos dois estados
divididos, que estão tecnicamente em guerra porque não há tratado de paz. Os
atletas desses dois estados estão tecnicamente em guerra. Eles participarão da
cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos (9 de fevereiro) e enviarão a
mensagem de paz. Eu sei o quão poderoso essa mensagem pode ser, sobre o
poderoso sinal do desejo de paz", disse Bach, referindo-se à história da
Alemanha de ter sido dividida em Alemanha Oriental e Ocidental durante a Guerra
Fria.
As Coreias chegaram a um acordo de desfilarem de forma conjunta
na quarta-feira da semana passada, e Bach presidiu uma reunião envolvendo representantes
de ambos os países no último sábado e aprovou o pedido das Coreias para sua
primeira marcha conjunta em uma Olimpíada desde 2006.
A participação da Coreia do Norte nos Jogos de PyeongChang era
dúvida até o ano passado, com uma série de provocações militares entre a Coreia
do Norte e a Coreia do Sul, incluindo testes nucleares por parte dos
norte-coreanos, que levou a uma tensão na região. Entretanto, o líder
norte-coreano, Kim Jong-um, em uma mensagem de ano novo se disse disposto a
enviar uma delegação de atletas para PyeongChang. A Coreia do Sul mostrou-se
satisfeita com a abertura e os dois lados alcançaram um acordo histórico no dia
17 de janeiro de 2018.
Bach disse que o COI ofereceu um convite à Coréia do Norte,
um regime que sofreu importantes sanções internacionais devido ao contínuo
desenvolvimento de armas nucleares, porque o COI trata igualmente todos os
comitês olímpicos nacionais. "A Coréia do Norte, como qualquer comitê
olímpico nacional, tem o direito e até obrigação de participar dos Jogos
Olímpicos. É a missão dos Jogos Olímpicos e do COI tratar todos iguais e ser
politicamente neutros e tentar unir pessoas", afirmou Bach.
No total, 22 atletas norte-coreanos competirão em
PyeongChang. Eles estarão divididos no hóquei no gelo feminino, na patinação
artística, na patinação de velocidade em pista curta, no esqui cross-country e
no esqui alpino. No hóquei feminino o país enviará 12 jogadoras que se juntarão
a equipe sul-coreana, de 23 jogadoras, para a primeira equipe olímpica coreana
unificada em qualquer esporte.
A treinadora principal da Coréia do Sul, Sarah Murray, terá
que incluir pelo menos três atletas norte-coreanos em sua lista final de 22
jogadoras (20 de linha e 2 goleiros). A decisão do COI e o empenho do governo
sul-coreano para reunir a equipe conjunta tão perto das Olimpíadas, foram
tomados em Seul após uma reunião entre as partes.
Os críticos apontaram que algumas jogadoras sul-coreanas
perderão injustamente suas oportunidades de jogarem uma Olimpíadas e terão sido
vítimas da iniciativa política do governo. Mas Bach, que disse ter ouvido
críticas, defendeu a decisão como "uma situação historicamente
excepcional". "Nenhum jogador perderá a oportunidade na equipe
olímpica. Todos terão uma experiência olímpica, ninguém está excluído”, afirmou.
Para Bach, os Jogos representam a união entre pessoas e
atletas e a decisão de integrar as equipes dos dois países representa uma
importante mensagem ao mundo. “Os Jogos Olímpicos devem, sempre que possível,
contribuir para o desenvolvimento pacífico através do esporte. A mensagem que
pode passar de PyeongChang ao mundo é que, em primeiro lugar, as pessoas querem
paz e os atletas querem a paz e, em segundo lugar, é possível viver juntos em
paz e unidos, mesmo se você estiver em competição" disse Bach.
Foto: Yonhapnews
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