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Delator do doping, Rodchenkov diz esperar punição para a Rússia, mas quer que atletas limpos estejam em Pyeongchang

 Na próxima terça-feira, 5 de dezembro, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidirá se os atletas da Rússia poderão participar ou não da próxima Olimpíadas de Inverno, que será disputada em fevereiro do ano que vem, na cidade sul-coreana de PyeongChang. A decisão será uma resposta sobre as investigações levadas pela entidade após a descoberta de um suposto esquema de dopagem patrocinado pelo governo russo com foco na participação dos atletas locais nas Olimpíadas de Sochi 2014.

Em comunicados enviados à ESPN, Grigory Rodchenkov, ex-presidente do laboratório antidopagem de Moscou e que denunciou o esquema, disse que uma punição "séria" deveria ser imposta, mas deixando a porta aberta para que alguns atletas, comprovadamente limpos, pudessem participar dos Jogos PyeongChang 2018. Segundo ele, os atletas "inocentes" devem "ser capazes de competir pelo menos sob uma bandeira neutra". Mas, acrescentou Rodchenkov, a Rússia precisa tomar "um primeiro passo sério para a reforma (do sistema antidopagem) e a redenção". "Gostaria que a terça-feira começasse com uma confissão e desculpas da Rússia, o que daria ao mundo a confiança de que poderiam abraçar a verdade e a reforma. Este não é o caminho russo. Se eles não são disciplinados a sério, eles estarão rindo do COI atrás de portas fechadas e planejando sua próxima travessura", disse Rodchenkov se referindo ao encontro do Conselho Executivo do COI de terça-feira que definirá o futuro russo em Lausanne, na Suíça.

Rodchenkov mora atualmente nos Estados Unidos e está sob a proteção das autoridades federais. O ex-diretor russo foi o principal arquiteto de um esquema para ajudar os atletas russos a se doparem, adulterando resultados e destruindo amostras positivos durante as Olimpíadas de Sochi 2014. Ele fugiu da Rússia no final de 2015 depois de ter sido demitido da presidência do laboratório em meio a intensa investigação sobre corrupção revelada por denunciantes, relatos da mídia e uma investigação da Agência Mundial Antidopagem (WADA), conduzida por Richard McLaren, e após a morte súbita de um amigo e colega que anteriormente dirigia a Agência Antidopagem Russa (RUSADA).

Em entrevista ao The New York Times, ao lado de investigadores, incluindo o professor de direito canadense Richard McLaren, autor do relatório da WADA, Rodchenkov acusou diretamente os funcionários do Ministério dos Esportes e da RUSADA de estarem envolvidos na conspiração. Segundo ele, toda a trama foi facilitada pela FSB, Agência de Segurança da Rússia.

A credibilidade de Rodchenkov como testemunha legitima do caso foi recentemente reforçada por uma decisão escrita emitida pela Comissão Oswald do COI, montada pela entidade para investigar os casos de doping. Como resultado das investigações da comissão, o COI retirou nos últimos dias várias medalhas de atletas russos conquistadas em Sochi 2014, entre elas a do esquiador Alexander Legkov. Além disso, o COI proibiu que os atletas punidos possam disputar futuras edições olímpicas. "Qualquer erro que tenha cometido no passado, o Dr. Rodchenkov dizia a verdade quando forneceu explicações sobre o esquema de encobrimento que ele gerenciou", concluiu a comissão.

Rodchenkov disse à ESPN querer que a Rússia "admita a verdade do relatório da McLaren e dê acesso à WADA às amostras armazenadas e aos dados de backups do laboratório. Isto é o que requer o roteiro (da AMA)".


A WADA decidiu recentemente continuar com a suspensão da RUSADA, o que desencadeou uma suspensão contínua da Federação Internacional de Atletismo (IAAF). Um dos pontos exigidos pela entidade máxima do atletismo para readmitir a federação de atletismo russo é o recredenciamento da agência antidopagem do país. O Comitê Paralímpico Internacional (IPC) disse que vai proibir a participação da equipe russa nos Jogos Paralímpicos de Inverno, marcados para o mês de março.

Foto: EPA


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