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Coluna Surto Mundo Afora #8

Por Bruno Guedes
Olimpíada de Inverno 
Ao contrário de outros países socialistas num passado recente, a Coreia do Norte tem pouco destaque esportivo e não utiliza os grandes eventos, como as Olimpíadas, para demonstração de poderio também nos esportes. Apesar de ganhar pelo menos quatro medalhas em cada edição dos Jogos de Verão desde o boicote de 1988, o país não teve atletas classificados para os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi 2014 e apenas dois em Vancouver 2010. Mas por quê? A explicação é simples: o mundo é outro e as prioridades mudaram.


Na época da União Soviética o esporte se tornou uma grande ferramenta de promoção e projeção de sucesso na guerra entre capitalistas versus socialistas. De um lado o bloco liderado por Estados Unidos e nações aliadas, do outro a ex-URSS com seus conglomerados. Assim como na Corrida Espacial, as medalhas eram também uma forma de "ganhar" do rival em termos de repercussão e força. E uma pequena ilha, tamanho semelhante a da Coreia do Norte, se destacava ali do ladinho dos americanos: Cuba.

Cuba contava com grande aporte financeiro dos soviéticos. Além de ser uma das nações que mais investiam em pesquisa científica e educacional, certos nomes eram usados como propaganda do regime comunista para o mundo e exaltação ao patriotismo interno. Casos do Javier Sotomayor, maior nome desse período de grandes resultados da ilha de Fidel Castro e que levou milhares ao atletismo, chegando, nos anos 90, a rivalizar com o beisebol como paixão nacional. Com o fim da URSS e a quebra na parceria cubana, os esportistas entraram em declínio e também sucateamento das praças de desenvolvimento, como ocorre desde 1959 em Havana.

Já no caso da Coreia do Norte, ainda que caiba comparação em tamanho, não faz mais sentido ter uma prática publicitária no esporte. A principal razão é financeira. Sua exclusiva aliada está ali do lado, a China. É ela quem dá o aporte econômico possível para que a ditadura coreana ainda esteja de pé, ainda que cada vez mais contrária às atitudes tomadas por Kim Jong Un. Porém, ao contrário da União Soviética e sua zona de influência comunista, o Leste Europeu, há um distanciamento maior entre os dois vizinhos e uma cooperação pouco clara sobre até onde vai este suporte em termos de cifras. Se na URSS a sede em Moscou liderava uma forte expansão esportiva através de práticas e conhecimentos, agora pouco existe em Beijing com Pyongyang.

Recentemente a China também começou a usar o esporte como propaganda e promoção de super potência. Em casa, nas Olimpíadas de 2008, ganhou dos EUA no quadro de medalhas em total de ouro, o que levou os americanos a mudarem o formato para a soma de todas elas, ao contrário da somente as douradas como referência. E aí entra a outra razão para os coreanos não levarem à frente os atletas: os chineses contam com mais de um bilhão de pessoas, a maior população mundial. Junto a ele, um grande apoio financeiro para custear a busca e manutenção dos programas esportivos. A Coreia não.

Para a ditadura norte-coreana importa mais a sua imposição como potência militar, principalmente num momento de instabilidade mundial, que o uso do esporte. Com pouca verba e a necessidade de implementações complexas, faltam receitas para fomento de símbolos nas modalidades e com atletas. Junta-se a isso o fato de as próximas Olimpíadas de Inverno terem como sede PyeongChang, na grande inimiga Coreia do Sul, alvo de boicotes e ameaças. Em 2000, nos Jogos de Sydney, os dois países disputaram juntos, sob uma bandeira e unificada. Uma das maiores demonstrações de valor ao esporte como acontecia na Grécia Antiga.

Desta vez, ao que parece, nem mesmo vão pisar em solo sul-coreano. Os tempos são outros. O espírito esportivo não tem relevância para o regime de Kim Jong Un e o esporte é apenas uma efeméride sem prioridade.

Hóquei na Grama
A Holanda não deu chance ao azar (e as adversárias) e venceu a Liga Mundial de Hóquei na Grama. Fazendo valer seu favoritismo, bateu na final a dona da casa Nova Zelândia por 3 a 0. A Oranje demonstrou um crescimento coletivo muito grande, com jovens valores em busca de espaço após tantos nomes de peso deixarem a Seleção. Ao todo foram 18 gols marcados e nenhum sofrido, algo que surpreendeu até mesmo a imprensa holandesa. De quebra ainda tiveram uma das artilheiras da competição, já mostrando a força da sua renovação, Maartje Krekelaar, de apenas 22 anos. Ela ficou empatada com cinco tentos ao lado da argentina Delfina Merino.


Por falar nos hermanos, mais uma vez as Leonas decepcionaram em uma grande competição, a exemplo da Rio 2016, e ficaram apenas em quinto. Apesar de um time jovem e com treinador que assumiu há seis meses, a Argentina começou a competição arrasadora, provando ser favorita, e com volume intenso de jogadas. Mas perdeu justamente para a finalista Nova Zelândia de forma até inesperada.

Há um grande debate do lado de lá do Rio da Prata sobre se as atletas sentiram o peso do favoritismo. Talvez, mas fica o destaque da Delfina, já citada. Foi a melhor jogadora do time e uma das melhores do mundo. Fato comprovado com sua indicação para o troféu de Melhor do Mundo, que acontece mês que vem. A holandesa Welten, outro destaque da competição, é sua principal rival pelo troféu.

Campeã olímpica, a Inglaterra novamente oscilou com seu problemas já vividos em outros eventos: falta de gols nas horas decisivas. A estreia, contra a Alemanha, mostrou isso, após dominar amplamente e perder por 2 a 0. Nem mesmo com o bronze ficaram, perdendo para a Coreia do Sul na disputa do 3ª lugar. Já há uma grande preocupação entre os ingleses, haja vista que em 2018 o país será sede do Mundial da modalidade e chega com o favoritismo ao lado das duas anteriormente citadas.

No geral, foi um torneio de nível técnico mediano e um pouco superior o da Olimpíada, que foi fraco. Mas sem grandes nomes em particular. Porém a campanha da anfitriã surpreendeu muita gente que apostava que fosse dar Argentina, Holanda ou Inglaterra na final. Como falamos há duas semanas: é um novo momento para o hóquei!

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