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Com alteração de última hora sobre participação de atletas, COB aprova novo estatuto

E m uma Assembleia Extraordinária na sede do Comitê Olímpico do Brasil (COB) na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, foram votadas e aprovadas as propostas para o novo estatuto da entidade apresentadas pela Comissão Estatuinte após 42 dias de trabalho. Dentre as principais novidades estão: aumento do controle interno com um Conselho Fiscal desvinculado da presidência; a criação de um Conselho de Ética; novos critérios para se candidatar à presidência; e ainda um Conselho Administrativo. Mas o que mais chamou a atenção foi em relação à participação dos atletas nas votações da Assembleia, que gerou discordâncias, acabou tendo a proposta da constituinte negada e uma outra, de última hora, aprovada.

A Comissão Estatuinte colocava no novo estatuto que o número de atletas participantes na Assembleia seria igual a um terço dos possíveis votantes de um total de 36, ou seja, 12 votos, o que aumentaria consideravelmente a participação deles nas decisões, levando em consideração que o antigo estatuto só dava aos esportistas um voto, o do presidente da Comissão de Atletas. Essa proposta desagradou parte dos presidentes que estiveram no encontro da entidade nesta quarta-feira, que consideraram que o número ficava muito alto.

Foi aberta então uma votação para decidir se a proposta de um terço da Comissão Estatuinte seria aceita. Após os votos, o placar ficou empatado em 15 a 15 (confira todos os votos destrinchados no fim da reportagem). Presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), Alaor Azevedo sugeriu pela anulação do voto do presidente da Confederação Brasileira de Rugby (CBRu), Eduardo Mufarej, que precisou sair mais cedo por conta de um compromisso. Houve discussão sobre o assunto e, sem a presença de Mufarej, a anulação acabou passando.

O presidente da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo, Durval Balen, então, propôs uma alteração de um terço sugerida pela Comissão Estatuinte para cinco atletas votantes (todos membros da Comissão de Atletas). No fim das contas, isso foi o que ficou valendo para o novo estatuto. A decisão gerou polêmica, porque o presidente da Confederação Brasileira de Rugby, ao deixar a reunião, declarou seu voto a favor do um terço proposto pela Comissão Estatuinte.

Presidente da Comissão dos Atletas, Tiago Camilo lamentou também o ocorrido, já que o aumento para 12 era uma reivindicação dos esportistas.
"Eles, na verdade, foram contra a nossa maior participação. Acharam que seria muito. Por esse lado foi uma perda grande para a nossa classe. Até então a proposta tinha sido muito bem aceita pela Estatuinte, e aí quando foi para votação, foram contrários. Eu tenho um voto, não tenho poder aqui. Fui a favor de um terço. Eles foram contra um terço. É importante pontuar que vim aqui, sou presidente da Comissão de Atletas e defendo o interesse dos atletas. Votei 1/3 da participação na Assembléia" reclamou o judoca.

Presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Paulo Wanderley teria o voto de minerva. Ou seja, caso o placar terminasse 15 a 15, contando o voto do dirigente do rugby, ele decidiria. Como não foi o que ocorreu, o mandatário do COB preferiu não assinalar qual seria sua opção. Ele não descartou que podem haver tentativas de cancelar a votação na Justiça, mas espera que esse fato não aconteça.

"É uma questão legal, não vale opinião minha ou de quem quer que seja. São coisas que acontecem em processos como esse. Eu só poderia dar o voto de desempate. Eu daria, mas não falo (risos). Não participei de reunião, não interferi, não dei opinião anteriormente. E o trabalho da Comissão foi muito bom mesmo. Pode (haver ação judicial). Tanto um lado quanto o outro podem se sentir prejudicados e contestar. Estava dando tudo tão certinho que não se pensou nisso" comentou Paulo Wanderley.

Além da mudança na questão da participação dos atletas, um dos destaques do novo estatuto é a criação de um Conselho Administrativo. A função desse conselho será gerir o dia a dia do Comitê Olímpico do Brasil. Formado por 15 representantes, oito dirigentes, pelo presidente e vice (que será escolhido em março), um representando do Comitê Olímpico Internacional (COI), dois atletas e duas pessoas independentes escolhidas pela Assembleia, o grupo vai passar a tomar as decisões por meio de votação. Se antes as definições eram centralizadas pelo presidente, com a atuação do Conselho os acordos serão realizados de fomar democrática. Por exemplo, será de responsabilidade do Conselho Administrativo gerir as verbas provenientes da Lei Agnelo/Piva.

Com a votação desta quarta-feira, qualquer brasileiro maior de 18 anos que tenha ficha limpa e três indicações da Assembleia pode se candidatar à presidência do COB se apresentar sua chapa a um mês da eleição. Antes da reformulação do Estatuto, era preciso ser membro do COB há pelo menos cinco anos, ter 10 indicações da Assembleia e apresentar a chapa a pelo menos oito meses do pleito presidencial.

Além dessas mudanças, foram votados e aprovados um aumento no controle interno com um Conselho Fiscal desvinculado da presidência do COB e a criação de um Conselho de Ética na entidade máxima do desporto brasileiro.

A reformulação do Estatuto do COB começou depois que Paulo Wanderley assumiu a presidência. O dirigente era vice de Carlos Arthur Nuzman, que foi preso no dia 11 de outubro por suposta ligação com um esquema fraudulento de compra de votos para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016 na cidade do Rio de Janeiro.

No mesmo dia em que assumiu o cargo, o novo presidente montou o grupo designado para apresentar as propostas de mudança, formado pelo presidente da Confederação Brasileira de Vela, Marco Aurélio de Sá Ribeiro; Confederação Brasileira de Esgrima, Ricardo Machado; e o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, José Antônio Martins Fernandes; e o presidente da Comissão de Atletas, Tiago Camilo.

Nesta quarta-feira, estiveram presentes representantes de 28 confederações (não necessariamente os presidentes. Alguns enviaram outras pessoas para representá-los), além de Bernard Rajzman, representante do Comitê Olímpico Internacional (COI), e Tiago Camilo, presidente da Comissão dos Atletas. Futebol e gelo não mandaram representantes para a Assembleia.


foto:globoesporte.com
Com informações de globoesporte.com

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