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Surto História - Sonja Henie, a primeira estrela do gelo

O norueguês Wilhelm Henie, comerciante de peles em Oslo (NOR) e fã de esportes, resolveu incentivar seus filhos a praticarem esporte. Sua filha Sonja, que após se arriscar no esqui, estava começando a se destacar na patinação artística ainda criança. Como uma visão premonitória, Wilhelm resolveu apostar nela, tirando-a do colégio,  pagando professores particulares e buscando os melhores treinadores para que sua filha brilhasse e virasse uma estrela da patinação artística. Até a famosa bailarina russa Tamara Karsavina foi contratada para que Sonja se tornasse a mais graciosa possível no gelo.


E o treinamento surtiu resultado. Aos 10 anos de idade, Sonja já vencia o campeonato norueguês adulto de patinação. Com 11 anos, já estava na novíssima olimpíada de inverno de 1924, onde ela surpreendeu o mundo da patinação ao participar. Terminou em último, sempre perguntando ao seu treinador qual seria seu próximo movimento, mas todos viam ali que a menina iria brilhar em breve.

E a curva de evolução de Sonja cresceu assustadoramente quando ela venceu o mundial de patinação pela primeira vez aos 14 anos, em 1927. Nascia ali, uma das maiores dominações da história da patinação artística. Em 1928, Henie levaria  ouro aos 15 anos, sendo a mais jovem a conquistar o ouro na história dos jogos de inverno. Feito só quebrado em 2002, 74 anos depois. 

Henie venceu o campeonato mundial por dez vezes seguidas (1927 a 1936) - ninguém igualou esse recorde até hoje- , seis vezes campeã europeia e tricampeã olímpica.Seu último ouro, foi o mais difícil de todas as competições que disputou, pois jovens patinadoras que começaram inspiradas em Sonja, queriam derrotá-la e se tornar a nova rainha do gelo. Em uma decisão controversa na época, já que muitos consideravam que a britânica Cecilia Colledge tinha sido melhor, mas os juízes escolheram Henie como vencedora por uma pequena margem. Pairou uma dúvida sobre Adolf Hitler ter tido alguma influência entre juízes, já que o ditador alemão era assumidamente fã de Sonja, que fez a saudação nazista no pódio e inclusive chegou a almoçar com o Fuhrer após os jogos de Garmisch-Partenkirchen. 


Sonja encerrou a carreira logo após os jogos de 1936 e assinou com um contrato com Hollywood para se tornar atriz, devido a sua grande popularidade. Além de atuar em filmes, Sonja passou a participar de shows em ringues de gelo pelos Estados Unidos. Seu primeiro filme A Rainha dos Patins (1936) foi um sucesso estrondoso e ela se tornou nos filmes seguintes uma das atrizes mais bem pagas de Hollywood.

Com os filmes e os shows que atraiam multidões, Sonja ajudou a popularizar a patinação artística nos Estados Unidos e formar uma geração de patinadoras americanas vencedoras. E nos anos 40, Sonja Henie era a mulher mais rica do mundo devido a dezenas de patrocinadores que queriam estar com o nome atrelado a estrela da patinação.

Nos anos 50, devido a problemas financeiros causados por más decisões e pelo uso constante do álcool, ela resolveu se aposentar definitivamente da patinação. Hennje morreu em 1969, com complicações causadas pela leucemia em um voo entre Oslo e Paris. Seu enterro causou comoção na Noruega, e contou com a presença da família real norueguesa. Ela foi enterrada no topo de uma colina, que dá vista ao centro Henie-Ostad de arte, criado por ela e seu último marido.

Sonja Henie é uma das maiores patinadoras da história por ter revolucionado o esporte. Foi a primeira a usar saias curtas para se apresentar, assim como foi a primeira a usar botas brancas e usar coreografia de dança em suas apresentações. Suas técnicas inovadoras de patinação e comportamento glamouroso transformaram o esporte permanentemente e confirmaram sua aceitação como esporte legítimo nas Olimpíadas de Inverno. 



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